09 janeiro 2008

PRA QUANDO O CARNAVAL CHEGAR

ELIANE CANTANHÊDE

Como bem registrou o "Painel", quando Mantega e Paulo Bernardo anunciaram o "pacote de janeiro", aumentando o IOF e a CSLL, a toda-poderosa Dilma Rousseff tinha acabado de sair de férias. Estava longe de Brasília.
O ex-ministro Rubens Ricúpero dizia que "o que é bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde". No atual governo, a frase lapidar foi adaptada para: "O que é bom a Dilma mostra e, quando é ruim, a gente esconde a Dilma".
Na hora de anunciar e comemorar que a Petrobras descobriu o megacampo de Tupi? Chame-se a Dilma! É para anunciar e chorar que dois impostos serão aumentados? Esconda-se a Dilma!
De férias, a ministra está livre do deus-nos-acuda de Brasília neste início de ano, em pleno recesso parlamentar. O governo perdeu R$ 38 bi sem a CPMF, espera recompor uns R$ 10 bi subindo os dois impostos e precisa passar a tesoura nos gastos para fechar a conta.
Mas ninguém quer saber de tesouradas. Nem os parlamentares, que seguram seus mandatos à custa de emendas ao Orçamento, nem os ministros, que, sem verbas, não são nada. Então, temos dois contra todos: Paulo Bernardo e José Múcio (da Articulação Política) contra a Esplanada dos Ministérios inteira e mais a Praça dos Três Poderes (incluindo o Judiciário).
Dilma? Não sabe, não viu. Só deve reaparecer lá pelo dia 22, para a festa de um ano do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) -se houver festa. A expectativa é que Lula vá livrar os programas sociais e o PAC, mas ele avisou ontem que será preciso "cortar na veia".
Não fazia sentido (como se viu depois) Lula negar o óbvio aumento de impostos, mas faz todo o sentido tentar preservar o Bolsa Família, que sustenta a popularidade do próprio Lula, e o PAC, que sacode a candidatura Dilma pra quando o Carnaval chegar. O Carnaval de 2010, evidentemente.

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