30 junho 2008

SINOPSES DE JORNAIS

Radiobrás

O Globo

Lei seca já muda rotina de cariocas

A tolerância zero à mistura de álcool e direção fez com que motoristas boêmios do Rio buscassem alternativas à nova lei. Nas mesas dos bares, grupos estão elegendo uma pessoas para ficar sem beber. Cinco motoristas já foram presos por dirigirem embriagados no Rio. (págs. 1 e 11)

DEM lança Solange e Cesar vai ao ataque

O prefeito Cesar Maia deu o tom na convenção do DEM que lançou a candidatura Solange Amaral. Ele criticou o governador Sérgio Cabral e os rivais Eduardo Paes (PMDB) e Marcelo Crivella (PRB). No ato do PCdoB, Jandira Feghali atacou os partidos de esquerda pela falta de união. (págs. 1 e 3)

Governo pode reestatizar minas

Para aumentar a produção de fertilizantes no país e ajudar a combater a alta de alimentos, o governo estuda cassar as concessões de minas de matérias-primas para adubo que não forem exploradas e reduzir impostos. O Brasil importa cerca de 60% do total de adubo que utiliza. (págs. 1 e 14)

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Folha de S. Paulo


'Apagão' do gás freia expansão industrial

Um congelamento na oferta de gás natural na região Sudeste está forçando indústrias a paralisar projetos de investimento e cancelar expansões, informa Agnaldo Brito. A medida já afeta os setores químico, cerâmico, têxtil e de vidro. A Comgás, maior distribuidora do país, interrompeu todas as negociações para vender mais gás e disse que, até 2010, não há possibilidade de ampliar a oferta. Enquanto o governo paulista tenta mensurar o investimento abortado, a Secretaria de Energia, a Fiesp e a Comgás preparam uma estratégia para pressionar a Petrobras a assianr um pré-contrato de oferta de gás. No Rio, as concessionárias CEG e CEG-Rio, além de congelarem expansões, discutem novos contratos para substitutos, como gás liquefeito de petróleo ou óleo combustível. (págs. 1 e B1)

PT lança Marta para prefeitura e prioriza Lula na campanha

A convenção que lançou ontem a candidatura de Marta Suplicy (PT) à Prefeitura de São Paulo deixou claro que o presidente Lula será usado como principal cabo eleitoral da campanha. Fotos dos dois e músicas que remetiam a antigos jingles do presidente marcaram a coligação com PC do B (o vice será Aldo Rebelo), PSB, PDT, PRB e PTN. Em discurso, ela criticou o prefeito Gilberto Kassab e o governador José Serra. (págs. 1 e A4)

ProUni tem 47 mil vagas ociosas no 2º semestre

O ProUni (Programa Universidade para Todos), do governo ederal, registra sobra de 46.623 bolsas oferecidas para o segundo semestre, ou 39,2% do total. Estavam disponíveis 118.871 bolsas, mas só 72.248 estudantes foram pré-selecionados. Como eles terão de provar renda familiar per capita inferior a três mínimos, as vagas ociosas podem crescer. Para especialistas, a ociosidade se deve à dificuldade de achar alunos com as precondições (limite de renda e nota mínima no Enem). (págs. 1 e C1)

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O Estado de S. Paulo


EUA tentam barrar a especulação do petróleo

O Congresso dos Estados Unidos estuda a adoção de medidas para conter a especulação no mercado de petróleo. Uma das propostas, apresentada pelo senador Joe Lieberman, é proibir que alguns tipos de fundos de investimento atuem nesse mercado. Entre os alvos, estariam os fundos de pensão e os de hedge (especializados em apostas de risco). Até o ano 2000, os fundos investiam pouco mais de US$ 15 bilhões no mercado de matérias-primas. Hoje aplicam US$ 250 bilhões. É crescente a percepção de que a disparada do preço do petróleo não pode ser explicada apenas por fatores como o aumento do consumo na China e a redução da produção mundial. A cotação do barril já passou dos US$ 140 e especialistas avaliam que, se os especuladores fossem banidos do mercado, o preço poderia cair para US$ 60. Desde o início do ano, os congressistas americanos realizaram mais de 50 audiências para investigar a alta do petróleo. Só na semana passada, foram 16 audiências. (págs. 1 e B1)

Marta ataca Serra e Kassab

A ex-ministra Marta Suplicy oficializou ontem sua candidatura à Prefeitura de São Pualo, em cerimônia com a presença de milhares de partidários, mas poucas estrelas do PT. No discurso, a petista mostrou quem serão seus alvos: o governador José Serra (PSDB) e o prefeito da capital, Gilberto Kassab (DEM). A ambos, ela dirigiu duros ataques. O nome do tucano Geraldo Alckmin, seu concorrente nas pesquisas, foi citado uma única vez (págs. 1 e A4)

Começa bloqueio ao crédito na Amazônia

A partir de amanhã, donos de terras na Amazônia em situação ambiental irregular não terão crédito em bancos públicos e privados. A resolução incialmente valerá para fazendas maiores. Propriedades com menos de 400 hectares, cerca de dois terços das que estão em situação irregular, terão dois anos para se regularizar. A maior parte das irregulares está nos 36 municípios que mais desmataram em 2007. (págs. 1 e A13)

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Jornal do Brasil


Rio tem 10 candidatos a prefeito, 7 com chances

PP, PCdoB, DEM e PTB realizaram ontem suas convenções para as eleições municipais do Rio. O PSB deixou para hoje a decisão sobre qual coligação apoiar. Estão oficializados os nomes de 10 candidatos a prefeito, sendo sete com chances reais de vitória. Com isso, a campanha no Rio deverá ser uma das mais emboladas do país, diferentemente de São Paulo e de Belo Horizonte, por exemplo, onde há apenas dois ou três favoritos. O DEM deve entrar hoje na Justiça Eleitoral com pedido de impugnação do candidato do PMDB, Eduardo Paes, acusado de ter se afatado do cargo de secretário de Esportes depois do prazo limite. (págs. 1, A4 e A5)

80 mil menores estão em abrigos

Estima-se que 80 mil ciranças e adolescentes vivem em abrigos no Brasil, às vésperas de o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completar 18 anos de vigência. Quase 70% são instituições não-governamentais que dependem de doações. (pág. 1 e País, pág. A3)

Inflação diminui o consumo de roupas

As empresas varejistas de vestuário estão sofrendo um duplo impacto. Além da perspectiva de desaceleração de crédito e da inflação sobre os produtos que vendem, acabam penalizadas também pela alta de preço dos alimentos e queda de sua ações na bolsa. Afinal, o consumidor não deixará de se alimentar por conta de preço mais salgado, mas vai economizar no guarda-roupa. (pág. 1 e Economia, pág. a19)

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Correio Braziliense


Lei Seca flagra um motorista a cada cinco horas no DF

Em vigor há 11 dias, a lei que proíbe bebidas alcoólica a motoristas já enquadrou 55 brasilienses - 39 só de quinta até ontem à noite. O número supera o de flagrantes em blitzes feitas no Rio e em São Paulo. A nova norma se assemelha à de países como Suécia e Noruega, que lideram o ranking mundial do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Mas os padrões de fiscalização ainda são insuficientes para reduzir o número de tragédias. Na noite de sábado, um motorista de caminhão, alcoolizado, bateu de frente em um Santana e matou dois adultos e duas crianças, na DF-190. (págs. 1 e Tema do Dia, págs. 17 e 18)

O que faz a diferença na escola

Uma hora a mais em sala de auda, a criação de um biblioteca e melhorias na infra-estrutura são capazes de reduzir significativamente a defasagem escola, ou seja, a distorção entre a série e a idade do aluno. Foi o que revelou um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que mediu o desempenho de colégios de ensino fundamental entre 1998 e 2005. (págs. 1 e 8)

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Valor Econômico


Reajuste salarial continua acima da inflação em 2008

As negociações salariais concluídas no primeiro semestre continuaram a garantir ganhos reais aos trabalhadores, apesar da aceleração da inflação no segundo trimestre. No entanto, os reajustes foram menores do que no ano passado. De acordo com sindicatos que têm data-base entre abril e junho, os reajustes superaram os índices de inflação em todas as negociações. Mas os aumentos superiores a 2 pontos percentuais, comuns em 2007 e no início deste ano, tornaram-se raros, concentrando-se nas áreas que mantêm a atividade mais aquecida, como construção civil e metalurgia. (págs. 1 e A14)

Novo modelo traria riscos, diz Petrobras

O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, acha que o modelo de prestação de serviços indicado pelo ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, como solução para a mudança da regulamentação do setor petrolífero, depois da descoberta de reservas gigantescas, não é adequado para casos de grande produção e nem para a Petrobras. A prestação de serviços, segundo ele, é uma atividade muito importante, mas não promove o desenvolvimento de novas tecnologias, gera problemas de gestão e pode levar à redução de investimentos. Lobão defendeu a criação de uma nova estatal, que contrataria empresas para explorar os campos de pré-sal. Gabrielli salientou que falava apenas de forma genérica, sem comentar especificamente as sugestões do ministro, mas citou o Irã e o México como países onde o contrato de serviços é adotado - e por coincidência, os dois enfrentam problemas para elevar a produção de petróleo. (págs. 1 e A3)

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Gazeta Mercantil


Supermercado regional barra grandes do setor

Paulistas em geral desconhecem as redes de supermercados Prezunic e Zona Sul, do Rio de Janeiro, assim como Yamada é nome estranho para catarinenses, que por sua vez sabem pouco das mineiras DMA e BH. Mas é exatamente por serem fortes regionalmente, com faturamentos que chegam a passar de R$ 1 bilhão, que essas redes têm barrado a expansão dos grandes - Carrefour, Pão de Açúcar e Wal-Mart. A exceção é o Nordeste, onde as locais foram vendidas. Esse cenário contribui para o setor estar longe da concentração. As grandes têm 39% do mercado. Na Inglaterra, por exemplo, o percentual é 80%. Por causas das dimensões do Brasil, a consolidação é lenta, diz Sussumo Honda, presidente da Abras. (págs. 1, CI, C2 e C3)

Itaú Corretora avança no mercado internacional

A Itaú Corretora está investindo US$ 125 milhões em novos pontos de atendimento no exterior. A empresa vai fincar bandeira neste ano em Tóquio, Pequim, Cingapura, Dubai, Abu Dahbi e Londres, como parte da estratégia de ser o maior especialista em Brasil para o investidor estrangeiro. Segundo Roberto Nishikawa, presidente da Itaú Corretora, esse público é responsável por 51% da receita e deve compensar uma leve fuga de investidores pessoa física da Bovespa, em 2008, para remunerações atreladas a taxas de juros, como CDI. Em 2007, a corretora registrou seu melhor desempenho histórico, com cresciemnto de 47% no patrimônio líquido, atingindo R$ 607 milhões. Este ano passou do terceiro para o primeiro lugar no ranking de corretagem em IPOs. (págs. 1 e B1)

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29 junho 2008

QUAIS SÃO AS RESPONSABILIDADES DO PREFEITO?

Carla Guedes


O Poder Executivo municipal é exercido pelo prefeito, que é o responsável pela administração do município. Isso inclui a realização de obras, a prestação de serviços públicos, tais como saúde, educação, abastecimento de água, limpeza das ruas.

Ele também é responsável pela execução de ações que beneficiem a comunidade, como programas de apoio ao agricultor, e pela fiscalização do cumprimento das leis aprovadas pelos vereadores. O prefeito deve prestar contas de seu trabalho à Câmara de Vereadores e aos cidadãos. O prefeito e o vice-prefeito são eleitos simultaneamente para um mandato de quatro anos.

O bom prefeito é aquele que está a serviço do município, conhece as necessidades de cada comunidade e resolve seus problemas. Não só administra com dedicação e seriedade, mas também presta contas de seu trabalho. Ele ajuda a criar as condições para que a comunidade se desenvolva. A melhor prova do trabalho de um bom prefeito são as melhorias que ele produz no município.

Por ser conduzido ao cargo por voto direto e secreto, com apoio de relevante eleitorado local, o prefeito se transforma em porta-voz dos interesses do povo.

As atribuições do prefeito não se restringem a negociar convênios e conseguir benefícios e auxílios para o município que administra.

Em Maringá, conforme a Lei Orgânica do Município, o prefeito tem que enviar mensalmente à Câmara um balanço financeiro relativo à receita e despesa do mês anterior, sancionar, promulgar, fazer publicar e vetar as leis. O prefeito é o representante legal do município perante a Justiça e em outros atos legais, administrativos e sociais.

O prefeito e o vice-prefeito eleitos tomarão posse no dia 1º de janeiro do ano subseqüente à eleição e prestarão o compromisso de cumprir a Constituição Federal, observar as leis e promover o bem geral da população. Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o prefeito não tiver assumido o cargo, o vice-prefeito deve substituí-lo.

Em Maringá, quatro candidatos a prefeito disputaram as primeiras eleições municipais, realizadas em 9 de novembro de 1952. O vitorioso foi Inocente Vilanova Júnior (PTB). Ele administrou a cidade entre 1953 e 1956. Vilanova Júnior teve 1.871 votos, 146 a mais que o segundo colocado, o candidato Valdemar Gomes da Cunha (UDN).

Ao todo, foram 5.606 votos válidos para prefeito. Até hoje, 15 prefeitos já assumiram a Prefeitura de Maringá, sendo que João Paulino Vieira Filho teve dois mandatos, o primeiro entre 1961 e 1964 e o segundo entre 1977 e 1982.

No Brasil, a primeira eleição para governanças locais foi realizada em 1532 para eleger o Conselho Municipal da Vila de São Vicente, em São Paulo.

A primeira mulher eleita para uma prefeitura no País foi Alzira Soriano, em 1928, na cidade de Lages (RN). No entanto, ela não exerceu o mandato, pois a Comissão de Poderes do Senado a impediu de tomar posse e anulou os votos de todas as mulheres do município. Alzira era fazendeira e quando disputou as eleições tinha 32 anos.

Nas eleições municipais deste ano, 5.564 postos de prefeito e vice-prefeito estarão em disputa. O pleito será realizado em 5 de outubro, um domingo.

O QUE ESPERAR DE UM BOM PREFEITO

Wilson Marini

No clima frio de junho e com o farfalhar das folhas secas de outono, os partidos tomam este mês decisões que vão esquentar a política municipal - do inverno à primavera em outubro. E quando chegar o verão, já terão sido escolhidos os prefeitos, vice-prefeitos e vereadores dos 5.562 municípios brasileiros.

Acompanhando o ciclo da natureza, que se renova e ao mesmo tempo se repete, cumpre-se também o ciclo democrático das eleições dos novos representantes.

Diz a Constituição, artigo 1º, parágrafo único: "Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente...".
Domingo, em matéria assinada por Carla Guedes, este jornal respondeu à pergunta "Quais são as responsabilidades do prefeito?". É uma contribuição à reflexão dos eleitores para a importante tomada de decisão nas urnas.

Destaco este trecho: "O bom prefeito é aquele que está a serviço do município, conhece as necessidades de cada comunidade e resolve seus problemas. Não só administra com dedicação e seriedade, mas também presta contas de seu trabalho".

Em artigo recente no Le Monde Diplomatique Brasil, Elói Pietá, prefeito de Guarulhos (SP) e vice-presidente da Frente Nacional de Prefeitos, comenta de forma objetiva o que esperar de um bom prefeito.

Em primeiro lugar, diz ele, espera-se fidelidade ao seu povo, expressa no cumprimento do programa de governo. Em segundo lugar, capacidade administrativa, liderança política, bom conhecimento dos assuntos da cidade, equilíbrio no enfrentamento de crises, postura de diálogo aliada à capacidade de decisão no tempo oportuno, paciência e disponibilidade para ouvir a população e os vereadores, tolerância quanto à diversidade de estilo das pessoas com quem trabalha, disponibilidade para ter presença contínua no município, hábito de trabalhar com planejamento e em equipe e coragem de dizer não.

Em terceiro lugar, o bom prefeito deve ter as qualidades necessárias para uma vida política sadia e honesta, com transparência nas atividades públicas, separação completa entre os recursos públicos e os interesses da família, dos amigos, de empresas e do partido. Por fim, pede-se a um bom prefeito que seja competente na arrecadação de recursos para dar conta das demandas populares.

O poder municipal é o que está mais próximo do contato direto com a população e o primeiro a ser questionado. Para muitos cidadãos, o prefeito é mais importante do que o presidente da República, pois é quem pode resolver o seu problema imediato. Promessas utópicas ou demagogas serão cobradas, mais tarde.

A democracia consagra os vencedores nas urnas. Embora seja o ápice do processo, aos olhos dos eleitores, não é esse o único momento importante. Os eleitores não escolhem nem interferem diretamente nos nomes que serão colocados na disputa. O amadurecimento político que tantos desejam pressupõe também a responsabilidade e a inteligência dos partidos na formação e indicação de seus candidatos, sem o que as expectativas populares podem se frustrar. Se isso ocorrer, que não seja, ao menos, por falta de boas opções.

SINOPSES DE REVISTAS

VEJA

Petróleo - Por que o preço está tão alto

Corrupção - A empresa que subornava conselheiros e juízes

Entrevista: Gilberto Carvalho - A sombra de Lula - O chefe-de-gabinete fala dos bastidores do governo, das crises e do dia em que o presidente pensou em mudar a economia

A empresa que subornava conselheiros e juízes

Entrevista: Gilberto Carvalho - A sombra de Lula - O chefe-de-gabinete fala dos bastidores do governo, das crises e do dia em que o presidente pensou em mudar a economia. (págs. 11 a 15)

Ponto de vista - Claudio de Moura Castro - O Senai na mira do governo - "É um risco trocar um operador historicamente bem-sucedido pela ingerência de outro com folha corrida muito mais incerta. Arriscamo-nos a passar de cavalo para burro". (pág. 20)

Compraram o Tribunal- Documentos revelam que conselheiros do TCE do Rio de Janeiro vendiam decisões a prefeituras. (Capa e págs. 62 a 65)

Caça aos "Fichas-sujas" - O DEM decidiu rejeitar a candidatura de acusados de delitos graves. O que os outros partidos estão esperando? (págs. 66 e 67)

Entre bicadas e beijos - Depois de quatro meses de impasse, Alckmin consegue demover resistências e é sagrado candidato tucano à prefeitura de São Paulo. (págs. 68 e 69)

O misterioso RJ - Polícia suspeita de ligações do senador Romero Jucá com a quadrilha da Gautama. (págs. 70 e 71)

Mentira tem asas curtas - Sobram indícios de que o advogado Roberto Teixeira fez tráfico de influência. E agora ele admite, finalmente, ter recebido 5 milhões de dólares para atuar no caso Varig. E esse valor pode subir ainda mais. (págs. 72 a 74)

O petróleo nunca mais será barato - Uma conjunção de fatores empurra o preço do combustível par aum novo patamar. (Capa e págs. 76 a 78)

A revolucionária discreta - Ruth Cardoso deixa um legado precioso na política social brasileira. (pág. 88)

Diogo Mainardi - O flanelinha dos ares - "Em 22 de agosto de 2006, Roberto Teixeira foi recebido no Palácio do Planalto. Perguntei por que a Varig teria pago as suas despesas da viagem a Brasília. Ele respondeu candidamente que "aproveitava as idas aos tribunais e passava no Planalto' ". (pág 133)

Roberto Pompeu de Toledo - Primeira-dama - "Na morte, ficou claro que a admiração e o respeito por Ruth Cardoso eram uma unanimidade". (pág. 142)

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Época

Exclusivo: Ustra, o coronel que comandou o principal centro de torturas do regime militar, tenta se defender
Dá para perdoá-lo? - Em sua casa em Brasília, o coronel Brilhante Ustra, símbolo da violência da ditadura, tenta defender-se daqueles que querem levá-lo ao banco dos réus. (Capa e págs. 38 a 44)

Um "milagre" e três mortos - Como o projeto que favorece o ex-bispo Marcelo Crivella, no Rio, recebeu verba do Ministério das Cidades sem aprovação do Senado - e causou uma tragédia. (págs. 46 a 48)

Balcão de sentenças - O ex-ministro do Supremo Carlos Velloso é chamado para depor na polícia num caso de compra de decisões judiciais. (págs. 50 a 52)

A campeã da impopularidade - Por que o governo de Ana Júlica Carepa, no Pará, registra as piores taxas de aprovação do país. (págs. 54 e 55)

Cota para os amigos - O Ministério Público quer fechar um curso de Direito exclusivo para assentados rurais e pequenso produtores. (pág. 56)

Eles podem concorrer? - O movimento de veto a candidatos com ficha suja ganha força nos tribunais e na sociedade. (pág. 57)

O homem-bomba dos pampas - Quem é Paulo Feijó, o vice-governador do Rio Grande do Sul, um neófito em política e de idéias ultraliberais, que arrastou o governo de Yeda Crusius para sua maior crise. (págs. 60 e 61)

Nossa política - Ricardo Amaral - O lulismo está aí e desafia os partidos - "A liderança do presidente está associada a políticas sociais, diz uma pesquisa feita pelo PT". (pág. 62)

Entrevista - José Goldemberg - "O Brasil nã precisa de energia nuclear" - O físico que ganhou o Nobel do Meio Ambiente critica o governo por ampliar o programa atômico. (págs. 80 a 82)

A primeira-dama da República - No difícil papel de mulher do presidente, a professora Ruth Cardoso foi discreta, independente e repúblicana. Deixou um legado inovador nas políticas sociais. (págs. 150 a 152)

O avião brasileiro de Hugo Chávez - O projeto armamentista da Venezuela inclui um monomotor do Brasil e submarinos da Rússia. (págs. 156 a 158)

Nossa antena - Ruth de Aquino - Quando todos só cumprem ordens - "A evasão de responsabilidade reúne o coronel da tortura, os soldados no morro, senadores, delegados, ministros e o governador". (págs. 186)

Exclusivo: Ustra, o coronel que comandou o principal centro de torturas do regime militar, tenta se defender

Dá para perdoá-lo? - Em sua casa em Brasília, o coronel Brilhante Ustra, símbolo da violência da ditadura, tenta defender-se daqueles que querem levá-lo ao banco dos réus. (Capa e págs. 38 a 44)

Um "milagre" e três mortos - Com o projeto que favorece o ex-bispo Marcelo Crivella, no Rio, recebeu verba do Ministério das Cidades sem aprovação do Senado - e causou uma tragédia. (págs. 46 a 48)

Balcão de sentenças - O ex-ministro do Supremo Carlos Velloso e chamado para depor na polícia num caso de compra de decisões judiciais. (págs. 50 a 52)

A campeã da impopularidade - Por que o governo de Ana Júlia Carepa, no Pará, registra as piores taxas de aprovação do país. (págs. 54 e 55)

Cota para os amigos - O Ministério Público quer fechar um curso de Direito exclusivo para assentados rurais e pequenos produtores. (pág. 56)

Eles podem concorrer? O movimento de veto a candidatos com ficha suja ganha força nos tribunais ena sociedade. (pág. 57)

O homem-bomba dos pampas - Quem é Paulo Feijó, o vice-governador do Rio Grande do Sul, um neófito em política e de idéias ultraliberais, que arrastou o governo de Yeda Crusius para sua maior crise. (págs. 60 e 61)

Entrevista: Ricardo Amaral - O lulismo esta´aí e desafia os partidos - "A liderança do presidente está associada a políticas sociais, diz uma pesquisa feita pelo PT". (pág. 62)

Entrevista: José Goldemberg - "O Brasil não precisa de energia nuclear" - O físico que ganhou o Nobel do Meio Ambiente critica o governo por ampliar o programa atômico. (págs. 80 a 82)

A primeira-dama da República - No difícil papel de mulher do presidente, a professora Ruth Cardoso foi discreta, independente e republicana. Deixou um legado inovador nas políticas sociais. (págs. 150 a 152)

O avião brasileiro de Hugo Chávez - O projeto armamentista da Venezuela inclui um monomotor do Brasil e submarinos da Rússia. (págs. 156 a 158)

Nossa antena - Ruth de Aquino - Quando todos só cumprem ordens - "A evasão de responsabilidade reúne o coronel da tortura, os soldados no morro, senadores, delegados, ministros e governador". (pág. 186)

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ISTOÉ

Márcio Fortes diz que não tem como controlar verba

Inflação: o governo aciona o alerta vermelho contra o dragão

Beber e dirigir
A lei brasileira se torna uma das mais duras no mundo e exige completa mudança de hábitos. Até que ponto esse radicalismo vai resolver os abusos no trânsito?

Entrevista: Carlos Lessa - "O Brasil não vai escapar da inflação" - Ex-presidente do BNDES critica estratégia do governo para enfrentar alta do petróleo, mas elogia biocombustível. (págs. 4 a 7)

A campanha do telhado de vidro - Os problemas do trânsito inauguram a disputa eleitoral em São Paulo e os quatro principais candidatos têm de explicar por que pouco fizeram quando passaram pelo governo. (págs. 38 a 41)

O buraco do PAC - Ministério das Cidades é alvo de devassa pela PF por causa de projetos fraudulentos. E o ministro Márcio Fortes admite que não tem como controlar funcionários corruptos. (Capa e págs. 42 a 44)

Leonardo Attuch - A oportunidade do ano - "Dois filhos de Lula criaram uma consultoria num imóvel de Roberto Teixeira. O que será que pretendem vender?" (pág. 44)

Lindberg denunciado - Ministério Público acusa prefeito de Nova Iguaçu de fraude e ele pode perder o mandato. (pág. 45)

Adeus, dona Ruth - A antropóloga e ex-primeira-dama que criou o Comunidae Solidária morre de infarto. (págs. 47 a 48)

Pública ou oficial? - Seis meses depois de ir ao ar, TV Brasil tem pouca audiência e é acusada de chapa-branca. (pág. 50)

O último dos autênticos - Exemplo de conduta ética, o senador Pedro Simon é hoje um político isolado e diz que não deixa o PMDB porque não tem para onde ir. (págs. 52 e 53)

Internet rápida nas escolas - Governo faz acordo com telefônicas e banda larga já funciona nas salas de aula. (págs. 60 e 61)

Beber e dirigir agora dá cadeia - Nova lei que prevê até prisão para quem guiar após ingerir álcool, tenta mudar as alarmantes estatísticas de acidentes e causa polêmica por sua rigidez, resta saber se a fiscalização será eficiente. (Capa e págs. 76 a 81)

Bom para eles, ruim para nós? - Ligado ao lobby do etanol de milho, Barack Obama quer manter subsídios. John McCain prefere o etanol de cana brasileiro. (págs. 94 e 95)

Alerta vermelho - Índices de inflação sobem acima do previsto e colocam em xeque a idéia de que apenas o aumento de juros será suficiente para derrubá-la. (Capa e págs. 96 e 97)

Última Palavra - José Márcio Camargo - Bolsa Família, um investimento no futuro - a "porta de saída" do programa é melhorar a qualidade da pré-escola e da escola fundamental públicas". (pág. 114)

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ISTOÉ Dinheiro

Poderosos batalham pelo controle do setor
Entrevista/Paulo Castro - "Não bvasta dar um laptop para cada criança" - Formado em Ciências da Computação e pós-graduado em Negócios, o executivo Paulo Castro tem acompanahdo de perto os projetos de inclusão digital em andamento no Brasil. Diretor-geral do Terra Brasil e presidente do IAB Brasil, Interactive Advertising Bureau, Castro acredita que o governo está no caminho certo para proporcionar o acesso à internet às populações mais remotas do País. Mas avisa: a fonte de energia para o Brasil se tornar uma potência da internet está na popularização da banda larga. O executivo representou o Brasil no Festival Internacional de Publicidade, de 2008, em Cannes. Da França, falou à DINHEIRO. (págs. 10 a 12)

A guerra dos portos - Uma disputa bilionária no setor portuário mobilizou ministros, senadores e titãs do capitalismo nacional. Pela primeira vez, Eike Batista o homem mais rico do Brasil, saiu perdendo. (Capa e págs. 30 a 33)

PAC global - Com gastos trilionários, o mundo irá viver o maior ciclo de expansão da infra-estrutura da história, mas o Brasil, por ora, ainda é um coadjuvante. (págs. 34 e 35)

Como tirar US$ 4 bilhões dos EUA - O Brasil já pode retaliar os americanos e um dos alvos é a indústria farmacêutica. (págs. 36 e 37)

O que a Opep quer do Brasil - De olho no pré-sal, o cartel do petróleo estende o tapete vermelho ao País, mas pode ser mais interessante ficar de fora. (págs. 38 a 40)

Ensino em três dimensões - Um brasileiro com nome de gringo cria um programa educacional 3D inédito, que atrai professores e alunos de 12 países. (págs. 42 e 43)

Alto teor sexual - Empresa americana apela para a nudez para vender cachaça nos EUA e acende uma discussão sobre a imagem do Brasil no Exterior. (págs. 72 e 73)

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CartaCapital

A remarcação está de volta
Não só o petróleo e os alimentos são os vilões da inflação. Em resposta previsível, o BC promete levar o juro às alturas

Bolsa Família - Apesar dos preconceitos, atinge seus objetivos

Nossa fome cotidiana - Bolsa Família - Pequisa inédita mostra que, apesar dos preconceitos, o programa federal atinge seus objetivos. Embora sozinho, não seja suficiente contra a pobreza. (Capa e págs. 11 a 15)

Se correr, o dragão pega - Economia - A inflação é generalizada e gera um endurecimento do discurso do BC. (Capa e págs. 24 a 28)

Aos Target Lovers - Política monetária - O regime de metas de inflação parece ignorar a globalização. (Capa e págs. 28 a 30)

Sextante - Antonio Delfim Netto - O fantasma de 1998-2002 - "Semuma política fiscal razoável e sem um plano exportador sério, corremos riscos em 2008-2012". (pág. 32)

A torneira está aberta - Alstom - O vazamento de informações sigilosas prejudica a investigação no Brasil. (págs. 34 e 35)

Em defesa do Estado - Entrevista - Ex-presidente da Funai, o antropólogo Mércio Gomes afirma que as ONGs ocupam o vazio institucional da Amazônia. (págs. 36 a 38)

Rosa-dos-Ventos - Maurício Dias - O presidente Lula imita o rei Pelé. (págs. 40 e 41)

O entusiasmo decide - EUA - A quatro meses da eleição, Obama aparece nas pesquisas com vantagens quantitativas e qualitativas quase insuperáveis. (págs. 46 e 47)

Mais-valia - Contas externas - Fundo soberano para quê? (pág. 52)

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EXAME

Economia - A dura vida das empresas brasileiras em meio ao caos argentino
Cristina contra nós - As medidas que a presidente argentina adota contra a crise pioram o ambiente de negócios - e tornam torturante o dia-a-dia das empresas brasileiras que atuam no país. (Capa e págs. 34 a 38)

O barato pode sair caro? EXAME - foi ver de perto as obras na Fernão Dias, rodovia leiloada à iniciativa privada no ano passado pelo modelo de pedágio barato. Há sinais de melhoria - mas não a ponto de reverter os problemas estruturais da estrada. (págs. 44 a 46)

È preciso pôr o pé no freio - Nunca os brasileiros consumiram tanto - e isso ajuda a explicar o bom momento do país. Mas os indicadores mostram que é preciso arrefecer o consumo, sob pena de a inflação dar um novo salto. (págs. 52 a 54)

Vida Real - J.R. Guzzo - Ninguém mais quer conversa com a inflação - A recente alta dos preços no Brasil mostra o quanto o país mudou - hoje, o índice de 7% é considerado uma calamidade; no passado, era o que se tinha a cada semana. (págs. 58 e 59)

A Vale quer ser verde - A maior empresa privada do Brasil lança uma campanha com apelo ecológico - seu maior desafio será provar que sua preocupação vai além do marketing. (págs. 74 e 75)

A cruzada de Gerdau - Depois de passar o comando da siderúrgica da família para o filho André, Jorge Gerdau hoje se dedica obstinadamente a levar conceitos de boa gestão para a esfera pública. (págs. 82 a 85)

Sete Perguntas - Para Michael Charlton - "São Paulo ainda não é global" - Especialista explica por que a maior metrópole brasileira ainda não está na lista de cidades mais atraentes para os investidores estrangeiros. (pág. 154)

VOLTAMOS

Desculpe pela falta de postagem. Estou numa correria...

Sigamos em frente.

Um pedido: ore por mim.

15 junho 2008

JUSTIÇA SUSPENDE VERBA DE ENTIDADE LIGADA À FAMÍLIA ARNS

Editorial da Folha de S. Paulo

Advogado de Oscip dirigida por filha da fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns, nega que haja irregularidades nos gastos

Entidade recebeu R$ 3 mi em convênios com governo federal; de acordo com o Ministério Público, houve desvio de recursos da União

A Justiça Federal em Curitiba suspendeu o convênio da Oscip (organização da sociedade civil de interesse público) Gerar com o governo federal e bloqueou cerca de R$ 1,9 milhão das contas da entidade.
A Oscip já recebeu cerca de R$ 3 milhões para aplicar em projetos de capacitação de mão-de-obra e geração de empregos, mas, segundo denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal, houve desvio de recursos e não foi possível comprovar que os gastos obedeceram à proposta prevista em convênio.
Com sede em Curitiba, a Gerar (Geração de Emprego, Renda e Apoio ao Desenvolvimento da Região) é gerenciada por Heloísa Arns, filha da médica sanitarista Zilda Arns, presidente de honra da Oscip e fundadora da Pastoral da Criança. O sobrinho de Zilda, o senador Flávio Arns (PT-PR), também foi membro do conselho gestor da Oscip até o final de 2006.
A Gerar foi criada em 2003 e possui convênio com o governo federal para capacitar mão-de-obra e criar emprego entre beneficiários do Bolsa Família. O convênio atende a 57 municípios dos Estados do Acre, Bahia, Ceará e Pernambuco, além do Distrito Federal.
O procurador Sérgio Arenhart, autor da ação que pediu a suspensão provisória do convênio, diz que os representantes da Gerar usaram parte dos recursos (cerca de um terço) para custear viagens e promoção de palestras. Afirma ainda "que nenhum emprego foi criado" pela ação da Oscip.
O procurador questiona também o fato de a Gerar ter sede no Sul do país, mas atender a municípios de outras regiões.
Em agosto do ano passado, o TCU (Tribunal de Contas da União) chegou a suspender o convênio por causa de supostas irregularidades levantadas por técnicos do órgão no Paraná. Em dezembro, após julgamento dos ministros do tribunal, a suspensão foi revogada.
A Procuradoria, porém, entrou no caso com base na análise dos técnicos do TCU. Mas é o resultado do julgamento dos ministros que os advogados pretendem usar para recorrer.
A Folha procurou os integrantes da Oscip para se pronunciar, mas o advogado da Gerar, Luiz Fernando Casagrande, disse que ele se manifestaria sobre o caso.
Casagrande diz que o entendimento dos ministros do TCU é suficiente para demonstrar que os recursos estão sendo aplicados corretamente. "A etapa da geração de empregos é uma outra parte. Se o procurador tivesse lido o acórdão do tribunal, talvez não tivesse entrado com a ação."
Por causa da liminar (decisão provisória), diz ele, outros projetos sociais da Gerar sem ligação com o caso também foram suspensos. Ele nega que a Oscip tenha gasto os recursos de forma irregular ou que integrantes tenham embolsado parte das verbas. Segundo Casagrande, a Gerar tem uma coordenação em Curitiba, mas pessoas recrutadas e treinadas nas próprias comunidades é que desempenham funções para tocar os programas de geração de emprego e renda.

APOLOGIA DOS CARANGUEJOS

JOÃO PEREIRA COUTINHO


Quando a morte viesse, estaríamos sossegados no berço, como bebês com a chupeta na boca

Creio que era o jornalista H. L. Mencken quem escreveu no seu diário que a velhice era um estado irônico. Ele passara toda a juventude em busca de leitores. E quando finalmente tinha leitores, já não tinha a sua juventude.
Recordo a observação por motivos pessoais evidentes: vivo do que leio e escrevo. E não existe dia em que não recorde também um momento terrível da peça teatral de William Nicholson, "Shadowlands", em que o escritor C. S. Lewis pergunta a um colega de ofício se ele nunca sente a terrível sombra do desperdício. O outro diz que sim, baixa os olhos (envergonhado) e continua, solitariamente, a leitura. Em inglês, a palavra "waste" tem um peso e uma ressonância impossíveis de traduzir para português.
Mas a observação de Mencken (e de Lewis) pode ser alargada a qualquer profissão. Em escritórios ou fábricas, empresas ou lojas, as pessoas perdem a juventude em busca de segurança e conforto; e quando, finalmente, atingem segurança e conforto, a juventude já pertence ao passado. Velhas, cansadas. Provavelmente doentes. O pano desce.
Teria mesmo que ser assim? Acabo de ler na "Scientific American" um ensaio curioso sobre a "assimetria do tempo". Não vou cansar os leitores com terminologia técnica. Digamos apenas isto: é possível transformar um ovo em omelete, não é possível transformar uma omelete em ovo. Ou, se preferirem, somos capazes de lembrar o passado, mas é impossível recordar o futuro. O futuro existe "para a frente"; o passado, "para trás"; e essa realidade -avançamos do passado para o futuro, ou seja, envelhecemos- é uma constante cósmica desde o momento explosivo em que o Big Bang deu origem ao universo.
O encanto do artigo está na possibilidade, defendida pelo cientista Sean Carroll, de ter existido um tempo, anterior ao Big Bang, em que as coisas andavam ao contrário. Sean Carroll avisa que a hipótese não permite as fantasias esperadas: um tempo em que as pessoas, caso existissem, nasceriam velhas e ficariam jovens. Para o cientista, esse tempo pré-Big Bang permitiria um relacionamento distinto com o tempo: pessoas recordariam o "futuro" e avançariam para o "passado".
Respeito a ciência. Respeito o cientista. Mas é precisamente a fantasia que me interessa. E não posso deixar de pensar como é injusto que alguém termine com a festa no exato momento em que a festa começava a ficar interessante. No exato momento em que tínhamos tudo: dinheiro, experiência, sabedoria. Tempo livre. Tempo nosso.
Nada tenho contra o trabalho. Contra? Eu amo o que faço e acredito que sou correspondido pela donzela. Mas tudo seria mais justo se fosse possível caminhar para trás. Como caranguejos humanos dispostos a regredir até o berço.
Então imagino a existência humana iniciada aos 80 ou 90 anos: nós, espreguiçando o corpo, acabadinhos de sair da tumba. Seriamos como são os bebês: igualmente frágeis, igualmente desdentados, igualmente trôpegos na caminhada.
Mas o reumatismo entraria em regressão por volta dos 76. Abandono da bengala por volta dos 75. E, aos 74, a escola primária esperaria por nós. Aprender a ler, escrever, contar. Liceu aos 64. Fumar o primeiro cigarro aos 63. Namorar aos 62. Gravidez inesperada aos 61. Universidade aos 60.
E, depois da universidade, trabalho aos 55. Suor e dedicação no escritório, na empresa, na fábrica. Primeira promoção aos 50. Chefe de departamento aos 45. Ligeiro infarto aos 40 (opcional). Mas, sobretudo, seria possível acumular dinheiro. Experiência. E nenhum sentimento de culpa ou desperdício. O rosto seria a imagem da felicidade futura. Mais um dia, menos uma ruga. O cabelo a regressar. A barriga a encolher. As mãos a ganharem firmeza e agilidade. Sim, isso em que vocês estão a pensar, também. E, aos 30, era o adeus aos óculos: a miopia desaparecera da noite para o dia.
E quando os 20 anos finalmente chegassem, pediríamos a aposentadoria. Teríamos 20 anos pela frente, com pleno vigor físico e mental. Aposentados, saudáveis e jovens, mas sem a estupidez própria dos jovens, porque teríamos uma vida inteira de sabedoria por trás. Ou pela frente. Ou vice-versa.
Seria possível viajar pelo mundo em plena adolescência. Brincar na infância com os amigos da velhice.
E quando a morte finalmente viesse, nada haveria a temer ou a lamentar: estaríamos sossegadamente no berço, como bebês inocentes, prontos para enfrentar o sono eterno com a chupeta na boca.





A DEBILIDADE DAS FARC

Editorial da Folha de S. Paulo

A morte do líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Manuel Marulanda, cognominado Tirofijo, abre a perspectiva de uma solução para o conflito que, há mais de 40 anos, opõe a narcoguerrilha ao Estado colombiano.
As Farc nunca estiveram tão debilitadas. Surtiu efeitos a intensa ofensiva militar sustentada pelo governo do presidente Álvaro Uribe sobre o grupo rebelde desde 2002. Estima-se que o contingente de guerrilheiros, que chegou a 16.000 em 2001, tenha sido reduzido para no máximo 8.000. Só no ano passado, a milícia sofreu 2.400 defecções.
À exaustão militar sobrepõe-se uma crise de lideranças. As Farc perderam recentemente, além de Marulanda, dois de seus dirigentes: Raúl Reyes, morto numa incursão do Exército colombiano em território equatoriano, e Iván Ríos, assassinado por seus próprios homens.
A sucessão de Marulanda também inspira cauteloso otimismo. Foi designado para substituí-lo Alfonso Cano, da ala política do grupo, que se opõe à facção militarista, em princípio refratária a negociações com o governo.
Resta esperar que Uribe aproveite essa rara oportunidade. Até aqui seu governo fez o que tinha de fazer. Após o colapso das negociações de paz sob a gestão Andrés Pastrana (1998-2002), que fracassaram por culpa da guerrilha, o então recém-eleito Uribe colocou corretamente a ênfase na repressão.
A vitória militar foi impressionante. Em 2002, o grupo -que há muito tempo abandonou o golpismo marxista para tornar-se um cartel ligado ao narcotráfico e à indústria dos seqüestros- controlava 40% do território colombiano. Hoje seus membros refugiam-se nos grotões do país e em território estrangeiro.
A opção pelo confronto, adotada por Uribe, é aprovada pela esmagadora maioria dos colombianos, que o reelegeu para o cargo e sustenta sua popularidade em patamares elevados.
Se souber tirar proveito dessa conjuntura, o presidente da Colômbia poderá arrancar dos guerrilheiros uma rendição próxima de incondicional. Com isso, Uribe pouparia os colombianos de mais alguns anos de combates e passaria à história como o homem que pôs fim a mais de 40 anos de guerra civil.

O FUNDO FALSO DA EDUCAÇÃO

ARNALDO NISKIER

É louvável: o ministro da Educação quer ampliar as vagas no ensino profissional. Mas por que deseja evitar o sol com o chapéu alheio?

Quando contrabandistas de maior ou menor competência desejam driblar a alfândega -e nem sempre conseguem-, costumam utilizar malas de fundo falso, onde escondem o que o vulgo chama de "muamba". A comparação pode ser descabida, mas estamos diante da criação de um fundo que também é falso. Por quê?
O chamado Funtep (Fundo Nacional de Incentivo à Educação Profissional), que está sendo gerado por inseminação artificial nos laboratórios do governo, tem um pecado de origem: ele não contará com recursos oficiais, mas se valeria, se a idéia vingar, dos meios financeiros do Sistema S. Algo em torno de 8 bilhões de reais por ano.
O fundo é falso porque ele peca na base. Será uma apropriação indébita, o que nos parece inconstitucional, de um dinheiro que sai da contribuição de empresários, gravados por 2,5% das folhas de pagamento, com o objetivo de financiar as atividades sociais, culturais e educacionais de entidades de reconhecida credibilidade, como é o caso do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), do Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), do Sesi (Serviço Social da Indústria) e do Sesc (Serviço Social do Comércio).
São milhões de jovens assistidos, em geral gratuitamente, pelos cursos oferecidos no Brasil inteiro, sobretudo em matéria de profissionalização em nível intermediário.
Isso não é de hoje. Quando Getúlio Vargas, nos últimos anos da ditadura, percebeu que deveria industrializar o país, esbarrou num problema clássico: a falta de mão-de-obra especializada. Assim nasceu o Senai, nos idos de 1942, logo seguido pelo Senac.
Portanto, são instituições veteranas, com assinalados serviços prestados ao crescimento social e econômico brasileiro. Agora perpetra-se o que o presidente Lula chama, por outros motivos, de "sacanagem". Aliás, ele tem repetido a palavra chula em diversos pronunciamentos, esquecido de que, com exceção de algumas cidades de São Paulo, o resto do país considera o termo "nome feio".
Vale a pena recorrer aos dicionários dos acadêmicos Antonio Houaiss e Aurélio Buarque de Holanda para entender melhor o substantivo feminino. O primeiro deles explica o verbete como "procedimento próprio de sacana ("devasso", "espertalhão", "trocista')" ou "troça", "gozação". No mestre Aurélio, igualmente de saudosa memória, pode ser "devassidão", "bandalheira" ou "libertinagem", fora outras coisas piores.
Deixemos de lado a expressão do presidente da República, na sua última visita a São Bernardo do Campo (SP), quando condenou, sob aplausos, a "sacanagem das notas fiscais".
Voltemos ao que pretende o ministro Fernando Haddad (Educação), quando insiste na criação do malsinado Funtep. Pretende, o que é louvável, ampliar o número de vagas no ensino profissional para 300 mil. O que não se entende é por que ele deseja evitar o sol com o chapéu alheio.
Apesar da perda da CPMF, houve um grande aumento de arrecadação de tributos federais, resultado natural do absurdo que é manter a carga em 38% (das mais elevadas do mundo).
Como se isso não bastasse, existe o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), que sofre críticas ferozes pelos desvios em suas aplicações. Por que não consertar isso e concentrar uma parcela maior do fundo no treinamento de recursos humanos, naturalmente sem a interferência de ONGs suspeitas?
Se essas sugestões forem consideradas ainda insuficientes, pode-se lembrar o Fundo Nacional das Telecomunicações, cujo destino não é dos mais transparentes.
O governo, se tiver vontade política, pode perfeitamente dar prioridade a esse projeto de educação profissional valorizando os Cefets (centros altamente respeitáveis) e financiando sua expansão em quantidade e qualidade.
Uma última observação: hoje, cerca de 75% dos que se formam nas escolas técnicas federais ascendem ao nível superior. Não encontram o que fazer em nível intermediário. Isso também precisa ser corrigido, se houver essa verdadeira intenção.

DESEMPREGO ENTRE JOVENS É 3,5 VEZES O DOS ADULTOS

ANTÔNIO GÓIS e JANAÍNA LAGE

Entre dez países, Brasil é o que tem a maior proporção de jovens entre os desempregados

Estudo do Ipea mostra que melhora no mercado de trabalho nos últimos anos foi menor entre aqueles que têm entre 15 e 24 anos

A taxa de desemprego entre jovens de 15 a 24 anos é 3,5 vezes a dos adultos, revela estudo divulgado ontem pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). A publicação mostra que o Brasil lidera o ranking de maior proporção de jovens entre os desempregados em uma lista de dez países, que inclui Argentina, México, Alemanha, Espanha, Itália, França, Grã-Bretanha, Suécia e Estados Unidos.
Em 2005, os jovens representavam 46,6% do total de desempregados, um patamar superior ao de países como México (40,4%) e Argentina (39,6%). Segundo o estudo, não apenas a taxa de desemprego dos jovens no Brasil cresceu ao longo dos últimos 15 anos como ainda avançou mais do que a taxa de desemprego dos trabalhadores adultos.
"Os jovens representam uma proporção cada vez maior dos desempregados", diz o estudo.
De acordo com Roberto Gonzalez, pesquisador do Ipea, uma das hipóteses que justificam a maior dificuldade dos jovens para ingressar no mercado de trabalho é o preconceito das empresas em relação aos trabalhadores menos experientes. "O mercado de trabalho melhorou no Brasil nos últimos anos, mas a melhora foi menor entre os mais jovens, o que justifica a necessidade de políticas públicas para tentar assegurar o lugar desses trabalhadores no mercado", disse.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) corroboram a percepção de que, de fato, ficou mais difícil para o jovem de 15 a 24 anos encontrar trabalho.
Segundo Cimar Pereira, gerente da PME (Pesquisa Mensal de Emprego), a participação dos jovens no total de desempregados nas seis maiores regiões metropolitanas do país passou de 45,7% em março de 2002 para 46,8% em março deste ano. Em março de 2002, 22,9% da população em idade ativa tinha de 15 a 24 anos. Em março deste ano, esse patamar caiu para 19,4%. "Houve um aumento claro da desocupação nessa faixa etária", resume.
O desemprego entre jovens não é um problema restrito ao Brasil. Nos países europeus, a taxa de desemprego dos jovens começou a crescer nos anos 1980. Nos anos recentes tem havido uma pequena reversão desse fenômeno, motivada tanto pelo menor desemprego juvenil como pela redução da população economicamente ativa nestes países.
Para o Ipea, a demissão dos trabalhadores mais jovens é de menor custo em razão do valor das indenizações. Além disso, são normalmente menos experientes e considerados "menos essenciais" para as empresas. Há também aspectos como a alta rotatividade característica dessa etapa da carreira.
"Como o jovem, por definição, está tendo suas primeiras experiências no mundo do trabalho, seria "normal" que ele circulasse por vários empregos como forma de acumular conhecimentos e experiência, supondo-se que mais tarde isso contribuiria para ele estabilizar-se em uma ocupação determinada", afirma o estudo.
Para Lígia Cesar, da MCM Consultores, um dos fatores que dificultam a entrada dos jovens no mercado é a rigidez das leis. "Isso prejudica o acesso do trabalhador com menos experiência. Do ponto de vista do empregador, ele tem de arcar com um custo alto para contratar alguém com menos experiência do que os demais."
A taxa de desemprego entre os jovens no Brasil foi estimada pelo Ipea em 19% em 2005, um patamar superior ao de anos anteriores. Em 2000, o percentual era de 18% e, em 1995, de 11%. Segundo o Ipea, a alta taxa de desemprego mesmo na faixa abaixo de 17 anos indica que grande parte das famílias não tem meios de manter os jovens fora do mercado de trabalho até a conclusão do ensino médio.
"O que acontece para a maioria dos jovens de famílias trabalhadoras e de baixa renda é que eles ficam circulando entre ocupações de curta duração e baixa remuneração, muitas vezes no mercado informal. Além de não favorecer a conclusão da educação básica, essa experiência é, na maior parte das vezes, avaliada negativamente pelos empregadores."
O estudo conclui que políticas de emprego não devem apenas ser julgadas pela capacidade de colocar o jovem em um posto de trabalho, mas devem também avaliar até que ponto a experiência de trabalho permite adquirir novos conhecimentos. "É fundamental que políticas de emprego desenvolvam estratégias destinadas a romper, e não a reforçar, as barreiras sociais que se colocam frente a estes jovens", diz.

14 junho 2008

JOVENS SEM EMPREGO

Editorial da Folha de S. Paulo

Quase a metade dos desempregados (46,6%) têm entre 15 e 24 anos de idade; é preciso investir mais em ensino técnico

A economia brasileira caminha para completar cinco anos de crescimento ininterrupto. Esse crescimento, embora oscilante e de ritmo moderado, vem se traduzindo, conforme seria de esperar, numa melhora progressiva do mercado de trabalho em geral. Para a população jovem, no entanto, a melhora tem sido muito menos pronunciada.
Conforme recente estudo do IPEA apurou que o desemprego chega a 19% entre os jovens de 15 a 24 anos de idade. Essa proporção é 3,5 vezes aquela observada entre os adultos, e o descompasso vem aumentando (em 1995 a taxa de desocupação dos jovens não chegava ao triplo da dos adultos).
Como conseqüência, a participação dos jovens no universo dos desempregados eleva-se. O referido estudo (que se baseia em informações relativas a 2005) aponta que quase metade dos desempregados (46,6%) têm entre 15 e 24 anos de idade. Esta foi a proporção mais alta apurada num conjunto de dez países examinado pelo IPEA.
Preocupa constatar que, ademais, o aumento da participação dos jovens no contingente dos desempregados brasileiros não está ligado a um aumento do seu peso no universo dos brasileiros em idade de trabalhar (ou seja, com 10 ou mais anos de idade). De fato, a influência da demografia tem sido a oposta: a participação dos jovens na população em idade ativa (PIA) vem caindo rapidamente. Em março de 2002 as pessoas com 15 a 24 anos respondiam por 22,9% da PIA, proporção que recuou para 19,4% em março deste ano.
O problema reside mesmo, portanto, na grande dificuldade que os jovens ainda enfrentam para encontrar um emprego, assim como para preservá-lo. A necessidade de política públicas específicas voltadas a minorar o problema é evidente.
A criação de programas governamentais com esse propósito tem sido pródiga; já os resultados, pífios. O exemplo mais eloqüente foi o Primeiro Emprego, lançado com estardalhaço pelo governo federal em 2003 e abandonado em 2007, depois de redundar na criação de 15 mil postos de trabalho para jovens, o correspondente a irrisórios 3% de sua meta.
Dentre as várias causas do alto desemprego entre os jovens brasileiros, a falta de qualificação profissional é reconhecidamente uma das mais importantes. Mas os cursos públicos de educação profissional técnica, elogiados por sua qualidade, continuam a padecer de uma deficiência grave. Segundo estimativa do Ministério da Educação, citadas no estudo do IPEA, a oferta de vagas atende a apenas 11% da demanda potencial.

SOS SAÚDE

RAFAEL GUERRA

O Brasil oferece uma saúde pobre aos pobres. Em vez de políticas estruturantes, são ofertados paliativos para calar os mais humildes

Pesquisas de opinião revelam que a saúde é o principal problema que aflige a população brasileira. As endemias de Terceiro Mundo que assolam o país (hanseníase, tuberculose, malária, leishmaniose, febre amarela, doença de Chagas), as epidemias que teimam em não arrefecer, como a dengue, a deficiência crônica de leitos hospitalares, leitos de terapia intensiva, equipamentos para prevenção e diagnóstico precoce do câncer e outras doenças preveníveis e/ou controláveis e as filas de espera para tratamentos urgentes, transplantes e serviços de urgência/ emergência são reflexo da falta de respeito à dignidade e aos direitos individuais.
O Brasil oferece uma saúde pobre para os pobres. Em vez de políticas estruturantes que garantam a cidadania, são ofertados paliativos para calar os mais humildes.
A classe média é forçada a se escorar na saúde suplementar, custeada com muito sacrifício, enquanto aos mais pobres se oferece uma saúde nos moldes do Bolsa Família, assistencialista, paliativa, para calar as consciências de pessoas que se contentam com muito pouco, não são cidadãos.
A saúde não é prioridade política.
Não é possível estudar sem saúde, trabalhar sem saúde, viver sem saúde; no entanto, no Brasil, educação é investimento, geração de emprego é investimento, mas saúde é considerada gasto.
Um pacote de incentivo à indústria e à exportação, de R$ 21 bilhões, é investimento, assim como a desoneração da Cide dos combustíveis, de R$ 3 bilhões, o reajuste dos vencimentos de funcionários civis e militares, que irá custar R$ 10 bilhões, e um extemporâneo fundo soberano para financiar investimentos em infra-estrutura em outros países (não no Brasil?), para agradar o empresariado nacional que quer investir no exterior em tempos de real apreciado.
Enquanto isso, a saúde de 140 milhões de brasileiros -que dependem do SUS- fica para depois.
O Brasil, entre os países emergentes e as nações da América Latina, é um dos que menos investem em saúde. Para um gasto total de US$ 600 per capita/ano, apenas US$ 300 per capita/ano vêm do setor público.
Destes, apenas US$ 150 são investimento federal, ou seja, US$ 0,40/dia por cidadão brasileiro, para fazer promoção de saúde, prevenção, tratamento, recuperação e reabilitação de doenças (fonte: MS - Siops, IBGE -POF, dados de 2007).
Em relação ao percentual do PIB, novamente o Brasil fica nos últimos lugares: a aplicação em saúde fica em 7% do PIB, sendo o gasto público somente 3,5% do PIB, e o gasto federal, irrisórios 1,8% do PIB. Enquanto isso, os Estados Unidos aplicam 15,4% do PIB, ou US$ 6.000 per capita; o Canadá, 9,8%, ou US$ 3.000 per capita; a Argentina, 9,6%, ou US$ 383 per capita; o Uruguai, 8,2%, ou US$ 315 per capita (fonte: WHO - World Health Statistics - 2007).
Com esse percentual de participação pública no financiamento, acentua-se ainda mais a desigualdade social, pois 3,5% do PIB são gastos na saúde de 140 milhões de brasileiros, e os outros 3,5% ficam para os privilegiados que têm acesso à saúde suplementar e/ou privada (45 milhões). No momento em que se propõe a regulamentação da emenda constitucional nº 29, que traz no seu bojo um aumento de 50% no gasto federal em saúde no decorrer dos próximos quatro anos, surgem ameaças de veto presidencial caso não se providencie paralelamente a criação de novas fontes de recursos, com o conseqüente aumento da carga tributária. E, aí, surgem os maiores absurdos: imposto para a saúde oriundo da legalização do jogo ou aumento de impostos sobre cigarros e bebidas. Isto é, para termos mais saúde para os brasileiros, teríamos que financiá-la por meio do estímulo ao vício e aos viciados...
Outro absurdo é a ressurreição CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), com o argumento de que, sendo para a saúde, o povo aceitaria...
Por que não se fala em ressuscitar a CPMF para o fundo soberano investir no exterior ou para o pacote de incentivo à produção e à exportação?
A resposta é clara: é que, aos olhos do governo federal, essas são ações prioritárias, enquanto a saúde não é prioridade política.
Vamos tirar a máscara daqueles que se arvoram em defensores do social e dos pobres.
Não à ressurreição da CPMF e ao aumento da carga tributária.
Sim à regulamentação da emenda 29, em defesa da saúde digna e de qualidade para todos os brasileiros.

HONRAR PAI E MÃE

Lya Luft

"Pais bonzinhos são tão danosos quanto pais indiferentes: o amor não se compra com presentes, nem fingindo não saber, desviando o olhar quando ele devia estar vigilante"

Se as relações familiares não fossem intrinsecamente complicadas, não existiria o mandamento "Honrarás pai e mãe". Comentário de grande sabedoria. Assunto inesgotável. Como educar, como cuidar neste mundo maravilhoso e tresloucado, com tanta sedução e tanta informação – um mundo no qual, sobretudo na juventude, nem sempre há o necessário discernimento para escolher bem?

Saber distinguir o melhor do pior, ser capaz de observar e argumentar, são o melhor legado que família e escola podem dar. Na família, fica abaixo só do afeto e da segurança emocional. Na escola, importa mais do que o acúmulo de informações e o espaço das brincadeiras, num sistema que aprendeu erroneamente que se deve ensinar como se o aluno não tivesse de aprender. Fora disso, meus caros, não há salvação. Isso e professores supervalorizados e bem pagos, escola para todos – não mais milhões de crianças e jovens em casas cujo pátio é barro misturado a esgoto, ou na rua, com o crack e a prostituição. Um ensino que dê muito e exija bastante: ou caímos na farra e no despreparo para a vida, que inclui graves decisões pessoais e um mercado de trabalho cruel.

Bem antes da escola vem o fundamental, o ambiente em casa, que marca o indivíduo pelo resto de sua jornada. Se esse ambiente for positivo, amoroso, a criança acreditará que amor e harmonia são possíveis, que ela pode ter e construir isso, e fará nesse sentido suas futuras escolhas pessoais. Se o clima for de ressentimento, frieza, mágoas ocultas e desejos negativos, o chão por onde o indivíduo vai caminhar será esburacado. Mais irá tropeçar, mais irá quebrar a cara e escolher para si mesmo o pior.

Dificuldades familiares não têm a ver só com o natural conflito de gerações, mas também com a atitude geral dos pais. Eles têm entre si uma relação de lealdade, carinho, alegria? São realmente interessados, tentam assumir suas responsabilidades grandes e difíceis? Foi-se o patriarcado, em que havia regras rígidas. Eu não quereria estar na pele dos infratores de então, os filhos que ousavam discordar. Em lugar da anterior rigidez e distância, estabeleceu-se a alegre bagunça, com mais demonstrações de afeto, mais liberdade, mais respeito pelas individualidades – muitas vezes com resultados dramáticos. Lembro a frase que já escrevi nesta coluna, do psicólogo que me revelou: "A maior parte dos jovens perturbados que atendo não tem em casa pai e mãe, tem um gatão e uma gatinha". Talvez tenham uma mãe que não troca cabeleireiro e academia por horas de afeto com os filhos, ou um pai que corre atrás do dinheiro necessário para manter a família acima de suas possibilidades, por ilusão sua ou desejo de status de uma mulher frívola.

Crianças de 11 anos freqüentam festinhas em que rola o inenarrável: onde estão pai e mãe? Adolescentezinhos rodam de madrugada pelas ruas, dirigindo bêbados ou drogados: onde estão pai e mãe? Quase crianças passam fins de semana em casas de serra e praia reais ou fictícios, com adultos irresponsáveis ou só entre outras crianças, transando precocemente, drogando-se, engravidando, semeando infelicidade, culpa, desorientação pela vida afora. Onde estão os pais?

Ter filho é talvez a maior fonte de alegria, mas também é ser responsável, ah sim! Nisso sou rigorosa e pouco simpática, eu sei. Esse é o dilema fundamental numa sociedade que prega a liberalidade, o "divirta-se", o "cada um na sua", como num pré-apocalipse. Mais grave ainda num momento em que a honradez de figuras públicas (que deveriam ser nossos guias e modelos) é quase uma extravagância. Pais bonzinhos são tão danosos quanto pais indiferentes: o amor não se compra com presentes, nem permitindo tudo, nem fingindo não saber ou não querendo saber, muito menos desviando o olhar quando ele devia estar vigilante. Quem ama cuida: velho princípio inegável, incontornável e imortal, tantas vezes violado.

11 junho 2008

PERGUNTAR NÃO CONFUNDE

Cláudio Humberto

Se para Lula a lei eleitoral é o “o lado podre da hipocrisia brasileira”, qual será o lado bom da hipocrisia?

10 junho 2008

CHARGE

Foto

SINOPSES DE REVISTAS

Radiobrás

VEJA

- BARACK OBAMA - ELE PODE SER O HOMEM MAIS PODEROSO DO MUNDO

- A FALÁCIA DA DECADÊNCIA AMERICANA

Entrevista/Patrick Michaels - O grande cético - Climatologista americano não vê motivos para temer o aquecimento global e diz que é inútil tentar reduzir as emissões de gases do efeito estufa. (págs. 11 a 15)

A pergunta de 418 milhões de dólares - Por que a proposta de 738 milhões da TAM pela Varig foi recusada e a de 320 milhões da Gol foi aceita? (págs. 74 a 77)

De bolsos cheios - Petistas usam norma do Banco do Brasil para ganhar uma pomposa ajuda financeira. (pág. 78)

De caso com a máfia - Quadrilha ligada ao "Comendador Arcanjo" desviou meio bilhão de reais em Brasília. (pág. 80)

Muita retórica, pouca ação - O ministro faz show e desmatamento na Amazônia se aproxima do recorde. (pág. 81)

J.R.Guzzo - Milagre no Acre - "A verdade é que, quanto mais se fala na questão dos índios, mais difícil se torna ver uma tribo nativa que possa realmente ser descrita como uma tribo nativa - e que não esteja pedindo nada ao governo ou a quem quer que seja". (pág. 82)

Obama entra para a história - A escolha do primeiro negro para concorrer à Presidência dos Estados Unidos por um dos dois grandes partidos quebra um tabu de séculos e manda ao mundo uma mensagem de tolerância. Em cinco meses se saberá se o país lhe dará a chave da Casa Branca. (capa e págs. 92 a 101)

Os séculos americanos - Japão, nos anos 70, Europa, nos 90, e, agora, China. Eles desbancariam os Estados Unidos. A verdade é que a hegemonia dos EUA não tem data para terminar. (capa e págs. 102 a 105)

Todo o poder aos espiões de Chávez - Em sua marcha para criar um estado policial, o venezuelano decreta a delação obrigatória. (págs. 106 e 107)

Diogo Mainardi - Portas escancaradas - "A Varig tinha um buraco de 7,9 bilhões de reais. Alguns dos maiores escritórios de advocacia do Brasil responderam que a própria Varig teria de arcar com a dívida. Os empresários reunidos em torno de Roberto Teixeira sentiram-se amparados para apostar no contrário. Teixeira tinha o poder de escancarar as portas do governo. Ele fazia chover". (pág. 155)

Roberto Pompeu de Toledo - Obama: questões mais freqüentes - "As razões do triunfo e o que esperar da "mudança" anunciada pelo candidato democrata". (pág. 158)


VEJA (SÃO PAULO)

- MARTA SUPLICY - "Por que quero voltar a ser prefeita"

Entrevista/Marta Suplicy - "Sou ousada, criativa e inovadora" - Na primeira de uma série de entrevistas com os principais candidatos à prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, a atual líder nas pesquisas, fala de seus planos para a cidade, do que se arrepende em seu período à frente da administração municipal e por que se julga mais bem preparada que seus dois maiores adversários, o ex-governador Geraldo Alckmin e o prefeito Gilberto Kassab. (capa e págs. 24 a 34)


ÉPOCA

- O IMPACTO DO ESCÂNDALO DA VARIG NO FUTURO POLÍTICO DE DILMA ROUSSEFF

- O QUE A CANDIDATURA DE OBAMA SIGNIFICA PARA OS EUA, PARA O MUNDO - E PARA NÓS

Ela é tão durona quanto Dilma - O que as denúncias de Denise Abreu sobre a venda da Varig significam para o futuro político da candidata favorita de Lula à sua sucessão. (capa e págs. 40 a 44)

Só está faltando uma CPI - O caso das propinas da Alstom avança sobre nomes ligados ao PSDB - mas o partido tenta barrar mais investigações. (pág. 45)

O rebanho dos "bois piratas" - O governo anuncia que vai caçar o gado criado em áreas de desmatamento ilegal na Amazônia. É apenas um dos desafios para conciliar a pecuária com a floresta. (págs. 46 a 48)

Entrevista/Carlos Minc - "Vamos leiloar esse gado". (págs. 48 e 49)

Nossa Política - Fernando Abrucio - Por que a eleição para vereador é fundamental - A disputa pelas prefeituras começa a pegar fogo, principalmente nos grandes centros. Em São Paulo, o conflito interno no PSDB parece rumar para um destino trágico: qualquer que seja o desfecho, o partido sairá cindido. No Rio de Janeiro, Eduardo Paes ressurge como candidato, quebrando a inédita aliança entre PMDB e PT. Em Belo Horizonte, permanece a incógnita sobre a aliança entre tucanos e petistas. (pág. 50)

Entrevista/Luciano Coutinho - "A crítica liberal é desinformada" - O presidente do BNDES diz que o governo quer ser parceiro do empresariado, não seu tutor. (págs. 52 a 54)

Nossa Economia - Paulo Guedes - Quando os dois puxam a corda para o mesmo lado - De um lado, o Banco Central dispara em reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) uma nova elevação dos juros, prosseguindo em sua campanha em busca da meta de 4,5% para a inflação de 2008. De outro, o Ministério da Fazenda anuncia o aumento do superávit fiscal primário de 3,8% para 4,3% do PIB, de modo a reforçar o esforço de contenção da demanda pelo Banco Central. Essa tentativa de coordenação das políticas monetária e fiscal é extremamente desejável para o país. (pág. 66)

O que Obama significa para nós. Todos nós - Ele é o novo - na cor, na origem, nas idéias - e venceu o primeiro embate. Agora pode se tornar presidente dos EUA. O que muda com ele? (capa e págs. 100 a 106)

Militar, gay e agora detento - O Exército prende por deserção o sargento Laci de Araújo, que admitiu a Época ter um relacionamento com um colega de farda. O caso repercutiu no exterior. (págs. 110 e 111)


ISTOÉ

- A MINISTRA DOS GRANDES NEGÓCIOS - Após ser envolvida na fabricação de dossiê, a ministra Dilma Rousseff, preferida de Lula para sucedê-lo, é acusada de favorecer empresa privada. Ela sobrevive a mais essa?

- REPORTAGEM ESPECIAL - O poder das milícias no Rio

Problemas no horizonte - Nova denúncia acusa a ministra Dilma Rousseff de interferir com mão pesada em negócios privados, atropelando as agências reguladoras e até a legislação. (capa e págs. 28 a 33)

Leonardo Attuch - McLanche Feliz - "A corrupção prospera no Brasil porque seu método é tão banal como devorar um Big Mac e levar a lembrancinha". (pág. 33)

Do conflito ao crescimento sustentável - Governador Marcelo Miranda quer fazer do Tocantins o maior pólo de biocombustível do País. (pág. 36)

O preço da Justiça - O brasileiro descobre o dano moral, mas, sem critérios claros, as indenizações são uma verdadeira loteria. (págs. 68 e 69)

O laranja da Bancoop - Depoimento de ex-funcionário da cooperativa do Sindicato dos Bancários de São Paulo, acusada de desviar dinheiro de mutuários para campanhas políticas, complica a situação do presidente do PT, Ricardo Berzoini. (págs. 104 a 106)

O poder das mílicias - Como policiais criaram no Rio de Janeiro um verdadeiro Estado paralelo para cobrar por segurança privada contra o crime e acabaram por transformar a população em seus reféns. (capa e págs. 116 a 121)


DINHEIRO

- AS MARCAS MAIS VALIOSAS DO BRASIL - Ranking exclusivo Dinheiro/Brand Analytics mostra que as grandes grifes nacionais se valorizam em ritmo mais veloz do que a economia e juntas somam quase R$ 1,5 trilhão

Minc joga o laço - O ministro Carlos Minc promete caçar bois no pasto e reeditar uma das piores idéias econômicas da história recente do País. (págs. 28 a 30)

O discurso que o mundo ouviu - No auge da crise alimentar, Lula defendeu mais uma vez o etanol de cana e sua posição pode ser encampada pelo G-8. (págs. 32 e 33)

Quem liga para os juros? - O BC aperta a política monetária, mas o crédito continua em expansão no País. (pág. 33)

O grande salto nas marcas - A força do consumo popular e o bom momento da economia elevam o valor das principais grifes nacionais a quase R$ 1,5 trilhão. (capa e págs. 64 a 72)

Luiz Fernando Sá - Um Ibama para as cidades - "Cada pneu furado na Marginal Tietê pode se transformar em um grande acidente ecológico". (pág. 98)


CARTACAPITAL

- AS CLASSES C E D DÃO LUCRO - Empresas como a Nestlé criam produtos para a baixa renda. E colhem resultados animadores

- RIO GRANDE DO SUL - A oposição já fala no impeachment de Yeda

- GILBERTO GIL: Uma conversa sobre música, política, amigos e o medo da morte

O lucro vem de baixo - Consumo - Empresas como a Nestlé redescobrem um conceito primordial do "fordismo": produtos mais baratos para as grandes massas. (capa e págs. 10 a 16)

A semântica da classe C - Concorrência - Várias empresas querem atingir o mercado emergente, mas poucas sabem falar a língua do novo público-alvo. (capa e págs. 16 e 17)

Linha de Frente - Wálter Fanganiello Maierovitch - A capital do crime - "No Rio de Janeiro, o crime organizado confunde-se com o próprio Estado. Esse descalabro foi o caldo que deu força às milícias". (pág. 21)

Periscópio - Nouriel Roubini - Os BCs estão encurralados - "De um lado, a inflação não dá trégua, em razão do petróleo e alimentos. De outro, a recessão assusta". (pág. 22)

Mais perto de Yeda - Corrupção - Carta de lobista e gravações feitas pela PF indicam que a governadora gaúcha foi informada dos desvios no Detran. (capa e págs. 24 a 29)

De vento a furacão - Propina - Mesmo sem CPI na Assembléia, o caso Alstom traz dissabores aos tucanos. (págs. 31 e 32)

Quando a lei fica no papel - Ambiente - A legislação avançada perde força diante da precariedade do Poder Judiciário. (págs. 34 a 36)

Sextante - Antonio Delfim Netto - O Sistemas S - "As verbas do Senai, Sesc, Sebrae e Senac, entre outros, são alvo de discussão. Qual é o problema em supervisionar o uso dos recursos? Mas o governo não pode interferir no ensino dessas instituições". (pág. 37)

A flor e o espinho - Música - Com novo disco, Gilberto Gil fala do retorno à composição, do futuro no ministério e da morte. E nega estar com câncer. (capa e págs. 50 a 52)

Quem manda no dinheiro? - Política - O Minc quer mudar a Lei Rouanet. Pior para São Paulo e os megaprodutores. (págs. 54 a 56)