16 janeiro 2008

TRANSGÊNICO DOMINA 48% DA ÁREA DE SOJA DO PARANÁ

Folha de S. Paulo

Estimativa é da Federação da Agricultura; para secretaria, parcela é de 41%

Governo Requião se opõe ao uso de grãos geneticamente modificados; presidente de entidade defende liberdade de escolha dos agricultores

Produtores de soja do Paraná já registram crescimento no uso de grãos transgênicos na safra 2007/2008, que começa a ser colhida em fevereiro.
Entidades do agronegócio estimam que o plantio do produto geneticamente modificado atinja 48% das lavouras do Estado -segundo maior produtor de soja do país, que deve colher cerca de 12 milhões de toneladas nessa safra.
Em relação à safra passada, a presença de grãos transgênicos deve aumentar 2%, segundo as estimativas. O número é comemorado pelo setor, que enfrenta oposição do governo do Estado, contrário ao transgênicos.
"Queremos ter o direito e a liberdade de defender o que o produtor quer plantar. Não adianta querer impor goela abaixo", afirmou Ágide Meneguette, presidente da Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná).
Em 2003, a Faep e o DEM ingressaram com uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) no STF (Supremo Tribunal Federal) e conseguiram derrubar uma lei do governador Roberto Requião (PMDB) que proibia o plantio de transgênicos no Estado.
A lei foi considerada inconstitucional porque o assunto é de responsabilidade do governo federal.
Na mesma época, a União havia editado medida provisória liberando o cultivo da soja transgênica no país.
Para o secretário da Agricultura do Estado, Valter Bianchini, os números sobre o plantio de transgênicos no Paraná "podem ser interpretados de diferentes formas". Segundo ele, "não houve um crescimento expressivo dos transgênicos como se esperava". Ele estima, contudo, que ao menos 41% das lavouras do Estado (sete pontos percentuais abaixo do divulgado pela Faep) tenham grãos geneticamente alterados.
Bianchini diz que países como França e Japão impõem restrições aos transgênicos. "Nós estamos comemorando também. Ainda há uma boa vantagem da tecnologia convencional, que é mais democrática e menos oligopolizada", disse o secretário, em referência à obrigação de pagamento de royalties, pelos produtores, para empresas detentoras da patente dos grãos geneticamente modificados.
Pelo segundo ano consecutivo, o produtor rural Nelson Paludo, 51, investe no plantio de soja transgênica na propriedade de 250 hectares em Toledo (549 km de Curitiba). Paludo diz que não tem observado restrições de clientes ao produto. "Já está tudo vendido."
Segundo ele, o tratamento da lavoura com transgênicos gera menos custo. Ele afirma que gastava, por hectare, R$ 962 para o cultivo com grão convencional. Agora, desembolsa R$ 857. "Fazíamos até quatro aplicações de herbicida no convencional. Com o transgênico, basta uma passada do produto."


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Será que Requião perdeu esta batalha?

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