IGOR GIELOW
Depois da reforma ministerial de seis meses, o presidente Lula volta a inovar na gestão de sua equipe. Inventou a nomeação com quarentena prévia, modalidade feita sob medida para os confiabilíssimos aliados do PMDB.
Funciona assim: com medo de apanhar mais ainda no Senado, Lula aceita que o aliado indique alguém para um ministério lateral, de pouquíssima importância. No caso, Minas e Energia, que só lida com o motor do crescimento do país, coisa boba. O PMDB apresenta um senador ao gosto do manda-chuva José Sarney, Edison Lobão.
Em romaria, os cardeais vão ao papa e entregam Lobão para a unção, numa encenação de algo que já foi resolvido. O que faz Lula? Diz que tudo bem, mas só nomeia mesmo na semana que vem, quando voltar de uma volta pelo Caribe.
O pessoal da corte se apressa em dizer que isso tudo é para evitar vexames iguais ao da indicação de Odílio Balbinotti à pasta da Agricultura, no ano passado. Relembrando: o deputado foi anunciado pelo colégio cardinalício do PMDB e levado a Lula, que o empossaria alguns dias depois. Só que, antes disso, foram descobertas suspeitas sobre o sujeito, e o partido foi obrigado a indicar outro nome.
Ora, ora. Vale aqui a crítica feita à época. Para que serve a Abin? Se não consegue levantar a ficha de uma figura pública, como é há décadas Lobão, que tipo de "inteligência" está a serviço da Presidência?
Não se trata de defender a criação de uma KGB, até porque para isso já há um mercado negro de dossiês bem ativo. Mas Lula precisa trabalhar com informação confiável.
Como talvez isso seja demais, então ficamos assim. O PMDB indica, e os caçadores ganham uma semana para apresentar alguma presa -verdadeira ou não, importa pouco politicamente. Se nada colar, vamos em frente. E o Brasil ganha mais um "quadro rico e experiente" para seu time governante.
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Mais um ministro sem experiência...
Dá pra deixar de questionar?!
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