13 janeiro 2008

DITADURA DO HORROR

RUY CASTRO

Há alguns anos, os costureiros decretaram que as mulheres deveriam usar calças de cintura baixa. Instantaneamente, garotas sem um grama de gordura em excesso e nem sombra de uma barriguinha saíram pela rua ostentando os mais inesperados pneus, culotes, pelancas e outras adiposidades. Sem falar em que a calça muito baixa retificou - tornou retos - seus quadris, cintura e demais curvas.
Essa moda foi substituída há pouco pela das batinhas de falsa grávida, fazendo com que uma nação inteira de meninas de 13 anos parecesse estar às vésperas de se internar para uma cesariana. Curiosamente, as grávidas de verdade não aderiram a essa moda, preferindo desfilar com a barriga de fora pelos shoppings, cafés e praias em qualquer dia e hora.
E, agora, somos contemporâneos de outra novidade: as mulheres passaram a usar um misto de bombacha com baby-doll - uma mini-camisola que, ao chegar às pernas, é presa por um elástico que a deixa bufante e em forma de chuchu. Woody Allen usou algo parecido, para fins cômicos, em seu filme "O Dorminhoco", de 1973.
Oscar Wilde já disse que "a moda feminina é um derivado tão intolerável do horror que precisa ser mudada de seis em seis meses". Eu não chegaria a tanto, mas às vezes me pergunto sobre a origem de tal ou qual criação. Será obra de um estilista isolado, nas trevas de um atelier no Bronx, dando risotas enquanto maquina mais esse assalto à graça e à beleza femininas? Ou será produto de uma convenção clandestina em Tóquio, em que o prêmio e a glória irão para o costureiro que inventar a moda mais absurda?
Por sorte, nosso amor pelas mulheres nos permite fazer vista grossa à submissão delas a essa ditadura perversa e nos concentrar em suas outras qualidades, que também tanto admiramos.


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É, a moda, às vezes, é muito estranha.
Nem tudo fica bem pra todo mundo. E bom senso nunca é demais.

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