21 janeiro 2008

MINISTRA TORRA R$ 171 MIL COM CARTÃO CORPORATIVO

Josias de Souza

Pouca gente sabe, mas o governo Lula dispõe de uma ministra que se dedica à promoção da igualdade racial. Chama-se Matilde Ribeiro. Chegou ao primeiro escalão em março de 2003. E não saiu mais. A despeito do poder longevo, o trabalho da ministra continua obscuro. Porém, o uso que Matilde faz do cartão de crédito corporativo saltou da obscuridade para as páginas de Veja (só para assinantes).

A revista lanço um providencial facho de luz sobre as faturas do cartão da ministra relativas ao ano de 2007. Gastou notáveis R$ 171.500 –o equivalente a R$ 14.300 mensais (valor superior ao salário da ministra, de R$ 10.700). Os extratos anotam despesas curiosas, muito curiosas, curiosíssimas. Dispêndios que Matilde fez e –nunca é demasiado recordar— você pagou. Estão distribuídos assim:

R$ 126 000 reais aluguel de carros
R$ 35 700 reais hotéis e resorts
R$ 4 500 reais bares, restaurantes e até padaria
R$ 460 reais free shop
R$ 4 800 reais despesas diversas
R$ 171 500 reais total

Matilde informou à revista que só usou o cartão corporativo para custear despesas decorrentes de viagens oficiais. “De fato, ela viaja tanto que poderia assumir o Ministério do Turismo”, ironiza Veja. “No ano passado, pagou 67 contas em hotéis – média de 5,5 contas por mês. É rara a semana em que ela não se hospeda em algum estabelecimento. Seu favorito é o confortável Pestana, um cinco-estrelas que enfeita a Praia de Copacabana. Ela esteve por lá 22 vezes no ano passado, ao custo total de R$ 10.000 reais”.

Por vezes, as despesas da ministra foram realizadas em ambientes que destoam do caráter oficial: bares, choperias, quiosques, restaurantes, rotisseries e até padarias. A reportagem anota: “No Rio de Janeiro, ela adora o restaurante Nova Capela, conhecido reduto da boemia carioca, e o bar Amarelinho, que se orgulha de servir o chope mais gelado da cidade”.

Prossegue o texto: “Em São Paulo, Matilde é assídua na padaria Bella Paulista, que fica aberta 24 horas por dia e é freqüentada pelos notívagos paulistanos. Nas refeições, ninguém pode acusá-la de abandonar a bandeira da igualdade racial: ela usou seu cartão dez vezes em restaurantes italianos, nove em árabes e três em japoneses”.

E quanto aos R$ 460 gastos no free shop, aquelas lojinhas nas quais os viajantes satisfazem suas pulsões consumistas no retorno de viagens internacionais? Matilde diz que, neste caso, o cartão governamental foi usado por engano. “O valor já foi ressarcido à União", disse ela.

Os gastos com os cartões do primeiro escalão do governo são realizados com a transparência de um cristal cica. A julgar pelos extratos da ministra Matilde, passa da hora de aprovar uma lei obrigando ministros e funcionários graduados a exibir na internet, mês a mês, as contas bancadas com dinheiro alheio.


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Falar o quê?!

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