Brasileiro consome mais e país cresce
Com os bolsos reforçados pelo aumento da renda e da oferta de crédito, as famílias brasileiras consumiram, em 2007, cerca de R$ 1,5 trilhão - 6,5% a mais em relação ao ano anterior. A alta do consumo foi a principal responsável pelo aumento do Produto Interno Bruto (PIB), anunciado ontem pelo IBGE: a soma de todas as riquezas produzidas no país cresceu 5,4%, o melhor índice desde 2004. O presidente Lula festejou a notícia, mas pediu freio na euforia. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que deseja uma aceleração gradual. Analistas já prevêem um resultado menor em 2008. (págs. 1 e Economia A17)
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou ontem um pacote de medidas para tentar reduzir o fluxo de dólares para o país, limitar a valorização do real frente à moeda americana e reforçar as exportações. O pacote inclui a tributação das aplicações de investidores estrangeiros. Para especialistas, as ações são boas, mas insuficientes. (págs. 1 e Economia A18)
Relator da reforma tributária na Câmara, o deputado Leonardo Picciani incluiu no projeto o recolhimento de ICMS para operações com petróleo e energia nos Estados produtores. Uma vitória do Rio e de Minas Gerais contra São Paulo. (págs. 1 e Informe JB A4)
Pressionados por seus governadores, PSDB e DEM aprovaram ontem, no Congresso, o Orçamento da União para 2008, mas ameaçam não votar, a partir de hoje, qualquer medida provisória do governo. A oposição acusa os governistas de terem rompido acordos durante a votação da MP que criou a TV Pública. (págs. 1, País A3)
A Ordem dos Advogados do Brasil encaminhará representação ao presidente do Superior Tribunal Militar, brigadeiro Flávio de Oliveira Lencastre, pedindo a instauração de um Inquérito Policial Militar para investigar o extravio e a destruição de documentos oficiais da Guerrilha do Araguaia. (págs. 1, País e A5)
A confirmação de que 15.848 pessoas estão com dengue no Rio representa um aumento nos registros de 7,3% num só dia. Uma das causas é a dificuldade no combate: na Cidade de Deus, o tráfico barrou os bombeiros por suspeita e que ajudam a PM. (págs. 1 e Cidade A10)
PIB de 5,4% é o maior desde 2004
O Brasil cresceu 5,4% em 2007 e fechou o ano com o PIB (Produto Interno Bruto) "rodando" acima de 6%. Uma série de fatores positivos continuam sustentando a atual fase de expansão, embora analistas e o próprio governo prevejam um crescimento menor neste ano. O mercado interno está aquecido pelo forte aumento da massa salarial, e os investimentos produtivos batem recordes esperando uma demanda ainda maior no futuro. Para este ano, porém, a crise externa, principalmente nos EUA, deve reduzir o ritmo de crescimento. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), o crescimento de 5,4% no ano passado é o segundo maior da série pela atual metodologia, aferida desde 1996. O recorde anterior havia sido em 2004, com alta do PIB de 5,7%. Em valores, o PIB brasileiro atingiu R$ 2,55 trilhões em 2007. Já o PIB per capita cresceu 4% em termos reais (acima da inflação), chegando a R$ 13.515,00 no ano passado. (Página 1)
O ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) disse ontem que acertou com o governo da Espanha uma espécie de "trégua" na rigidez contra a entrada de brasileiros no país até o início de abril. No próximo mês, segundo o ministro, as chancelarias espanhola e brasileira se reunirão para discutir a possibilidade de adotar novos procedimentos de controle migratório entre os dois países. A "trégua" foi acertada em um telefonema entre Amorim e seu colega espanhol, Miguel Ángel Moratinos, ontem pela manhã. Representa uma primeira tentativa de entendimento desde o início da crise provocada pela expulsão de estudantes brasileiros que passariam por Madri a caminho de congressos em Portugal. "Não lembro se [Moratinos] usou especificamente a palavra trégua. Eu interpreto como uma trégua, como uma mitigação do que vem ocorrendo recentemente", disse Amorim na Comissão de Relações Exteriores do Senado ontem. Procurada pela Folha, a Embaixada da Espanha em Brasília confirmou o telefonema e o abrandamento das regras para os turistas brasileiros. Os dois chanceleres concordaram que é preciso avaliar a rigidez dos espanhóis em relação à entrada de turistas do Brasil -em fevereiro, a média diária de brasileiros "inadmitidos" na Espanha foi de 15, contra seis em 2006. (página 1)
O Ministério da Fazenda anunciou ontem medidas para conter o "derretimento do dólar" e tentar evitar uma deterioração do saldo da balança comercial. Segundo o ministro Guido Mantega, elas terão o mesmo efeito de uma redução da taxa de juros para o investidor externo no país, já que reduzirá o seu ganho. Acertadas com o presidente Lula na semana passada, as medidas visam reduzir a entrada de capital externo de curto prazo no país e aumentar a lucratividade dos exportadores. São elas: 1) cobrança de 1,5% de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) no ingresso de investimentos estrangeiros em renda fixa, como títulos públicos; 2) isentar de IOF as operações de câmbio dos exportadores e 3) autorizar que toda receita com vendas externas dos exportadores seja deixada fora do país. Além dessas medidas, Mantega anunciou ainda que o governo está reformulando sua política industrial, a ser divulgada em abril, para focar no incentivo às exportações. "Estamos redirecionando a política industrial para o setor exportador, dentro das nossas preocupações em evitar uma deterioração da nossa conta comercial", afirmou o ministro. (Página 1)
O ministro Gilmar Mendes assumirá a presidência do STF (Supremo Tribunal Federal) no dia 23 de abril, em substituição a Ellen Gracie, e permanecerá dois anos no cargo. O vice será Cezar Peluso. Eles foram eleitos ontem pelos colegas em um procedimento meramente formal, pois a escolha obedece ao critério de antigüidade. Após a eleição, Mendes afirmou que o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), o órgão de controle externo do Judiciário, não deve ser "muro de lamentações" para reclamações diversas. O conselho também será presidido por Mendes, que precisará ter o seu nome aprovado pelo plenário do Senado, após sabatina na Comissão de Constituição e Justiça. (página 1)
Com sete anos de atraso, Maria da Penha Maia Fernandes, 63 -que deu o nome à lei que pune com mais rigidez os agressores de mulheres-, receberá uma indenização de R$ 60 mil do governo do Ceará. O anúncio foi feito ontem. Em 2001, a cearense conseguiu uma vitória na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos), que determinou que o Estado do Ceará pagasse uma indenização de US$ 20 mil por não ter punido judicialmente o homem que a agredia e que até tentou matá-la: seu ex-marido. Após postergar o pagamento, o Estado decidiu finalmente pagá-la, em valores corrigidos. A lei Maria da Penha, aprovada em 2006, tornou o processo de punição aos agressores de mulheres mais célere e com penas mais duras. Ela virou símbolo da luta contra a violência à mulher depois de sofrer agressões do então marido Marco Antônio Heredia Viveros durante seis anos. Foram ainda duas tentativas de homicídio praticadas por ele, em 1983. Em uma delas, com um tiro pelas costas, Viveros a deixou paraplégica. (Página 1)
Em tumultuada sessão na madrugada de ontem, a base de sustentação do governo no Senado aprovou a medida provisória que cria a Empresa Brasil de Comunicação -a TV Brasil. O líder do governo, Romero Jucá (PMDB), recorreu a uma manobra para liberar a pauta de votação e aprovar a MP por voto simbólico, o que surpreendeu a oposição. Sem alternativa, oposicionistas abandonaram o plenário para tentar impedir a votação, mas não tiveram sucesso. A MP seguirá para sanção do presidente Lula. (Página 1)
Cédulas e moedas são o principal meio usado no Brasil para o pagamento de compras e contas e ganham, de longe, dos cartões de crédito e de débito. É o que mostra pesquisa feita pelo Datafolha a pedido do Banco Central. Pelo levantamento, 77% do gasto médio mensal da população é feito com dinheiro em espécie. Esse comportamento é puxado pelas pessoas de renda mais alta e que tenham mais anos de estudo. Entre as classes A e B, os pagamentos em dinheiro representam 45% dos gastos totais. Entre as pessoas que concluíram um curso superior, essa proporção sobe para 51%. Uma possível razão para essa preferência, segundo o BC, é o alto número de pessoas que recebem salário em dinheiro, e não por meio de depósito bancário. Pela pesquisa, 55% dos entrevistados em todo o país são pagos em espécie, contra 37% dos que recebem via instituição financeira. No Nordeste, a parcela da população que recebe salários em dinheiro é maior, chegando a 70%. (página 1)
A Secretaria da Saúde do Paraná confirmou ontem dois casos de febre amarela autóctone (contraídos no próprio Estado). Uma pessoa morreu. É o primeiro registro de um caso (e morte) em razão da doença no Paraná desde 1966. Naquele ano, foram 32 mortes, segundo o governo. De acordo com o secretário estadual de Saúde, Gilberto Martin, os dois pacientes -que contraíram a forma silvestre da doença- foram infectados em Laranjal (423 km de Curitiba). Um homem, de 35 anos, morreu no último dia 29 de fevereiro. O outro, de 27 anos, está internado em Ivaiporã (392 km da capital) e não corre risco de morte. Os dois infectados eram irmãos e trabalhavam na zona rural de Laranjal na exploração da atividade madeireira. (Página 1)
PIB cresce 5,4% mas carga tributária avança mais ainda
O consumo interno, principalmente das famílias, impulsionou a economia em 2007. A melhora na renda e a ampliação do crédito ajudaram o Produto Interno Bruto (PIB) a crescer 4,5% no ano passado, maior índice desde 2004. Com taxa de natalidade em queda, a renda per capita já se aproxima da verificada no milagre econômico. Em 2007, a expansão foi de 4%, em termos reais. Mas a carga tributária avançou mais. Estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário mostra que cada brasileiro pagou, em média, R$ 4.943 em impostos, tributos e contribuições para as três esferas de governo. No ano anterior, o valor era de R$ 4.379,39 - um aumento de 12,87%. Descontada a inflação, ficou em 7,2% sobre 2006. Apesar da expansão do PIB, o Brasil continua como a 10ª economia mundial, com US$ 1,24 trilhão, podendo perder o posto para a Rússia em breve. De todos os Brics (emergentes), o Brasil foi o que teve menor percentual de crescimento, atrás da China, Índia e Rússia, além de Argentina, Coréia e Venezuela. Bancos, seguradoras e previdência privada elevaram o PIB em quase um ponto percentual em 2007. (págs. 1, 25 a 33, Merval Pereira, Miriam Leitão, Flávia Oliveira e editorial "Dado animador")
Aprovado horas após o presidente do Senado ameaçar renunciar, o Orçamento da União terá contigenciamento de R$ 12 bilhões nas despesas previstas para este ano. Reestimativa de receita permitiu acordo com a oposição. (págs. 1 e 3)
A Receita Federal investiga 12 empresas que conseguiram importar da Europa cerca de 200 mil pneus usados, que oferecem risco ambiental. Há suspeitas de que tenham burlado a legislação para revender o produto no Rio e em estados vizinhos, o que é proibido. (págs. 1 e 14)
As aplicações estrangeiras em títulos públicos pagarão 1,5% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e os exportadores deixam de ter a obrigação de trazer para o Brasil os dólares obtidos com suas vendas lá fora. As medidas devem ajudar a puxar um pouco o dólar, que fechou a R$ 1,675.(págs. 1, 34 e 35)
Uma espécie de "puxadinho" do Jacarezinho cresce sob o elevado da Linha 2 do metrô. Perto do futuro canteiro de obras do PAC. (págs. 1. 15 e editorial "Alcance limitado"
Efeito do pacote cambial na cotação do dólar pode ser nulo
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou ontem um pacote com medidas para estimular as exportações. Foi extinto o IOF sobre as vendas externas, o que representará uma renúncia fiscal de R$ 2,2 bilhões. No pacote consta ainda a incidência de 1,5% do IOF nas aplicações estrangeiras em investimento de renda fixa e o fim da cobertura cambial. Agora, os exportadores podem deixar 100% das receitas no exterior. "A nossa intenção é que o Brasil mantenha a posição importante no comércio externo", disse Mantega. O principal objetivo é evitar a forte queda do dólar. Antes de acabar com a cobertura cambial, o governo já havia, em 2006, reduzido para 70% os recursos que o exportador teria de trazer ao País. Não houve qualquer efeito na cotação, que no período caiu 23%. A expectativa em relação ao novo pacote é a mesma. "Não existe estímulo para que o exportador deixe os recursos aplicados lá fora, ele vai trazê-los e aplicar nos juros internos elevados", avalia Roberto Padovani, do banco WestLB. (págs. 1, A4 e B3)
O Congresso aprovou ontem o Orçamento da União 2008, três meses após a extinção da CPMF pelo Senado, o que obrigou deputados, senadores e o Palácio do Planalto a adaptar a proposta orçamentária a uma redução de R$ 39,2 bilhões nas receitas federais. O Congresso ajustou as contas públicas com cortes em pessoal, em projetos e em programas e com uma reestimativa das receitas e, principalmente, em emendas parlamentares. A manobra do governo que garantiu a aprovação, na madrugada de ontem, da MP que criou a TV pública acirrou a ofensiva da oposição contra projetos de interesse do Planalto. Agora, promete impedir a votação de qualquer medida provisória que chegue à Câmara e ao Senado, além de dificultar a atuação dos governistas nas comissões temáticas. (págs. 1 e A9)
O crescimento de 5,4% do Produto Interno Bruto em 2007 confirma que a economia brasileira se encontra em um ciclo sustentável. O conjunto de riquezas do País somou R$ 2,6 trilhões em 2007, com uma taxa inesperada de 6,2% no último trimestre. O consumo das famílias e os investimentos recordes das empresas foram acompanhados pelo incremento da poupança. Os estoques despencaram. Sinalizadores de como seguirá a produção em 2008, encolheram três vezes no último trimestre em comparação com igual período no ano anterior. Esse indicador mostra a necessidade de aumentar a produção e de crescer mais durante o ano. (págs. 1 e A5)
As projeções para o desempenho da Bovespa em 2008 ainda não foram afetadas pela crise de crédito imobiliário americano (subprime), que fez os mercados de capitais entrarem numa montanha russa, neste início de ano. Estudo baseado em 600 relatórios de 21 instituições financeiras realizado pela Firb (Financial Investors Relations) aponta um potencial de valorização de 33,04% para a Bovespa no fechamento de 2008. O setor de mineração será um dos motores da alta. Seu potencial de valorização neste ano é de 44,40%. O estudo considerou as projeções de desempenho de 57 companhias abertas pertencentes a 16 setores da economia integrantes do Ibovespa, o principal índice de preços da Bovespa. Para se concretizar, a projeção precisa de um ambiente favorável ao mercado de capitais, na opinião de Arleu Aloisio Anhalt, principal executivo do Firb. Ontem, o Ibovespa fechou com baixa de 0,3%. (págs. 1, B3 e B4)
Sem existência oficial, o MST não deve obediência nem explicações. Com coordenadores, mas sem responsáveis, sobra a João Pedro Stedile, seu líder mais poderoso, o comando da violência que destrói o ideal agrário em nome do combate ao capitalismo. O MST quer ser as Farc quando crescer. Além da indulgência contemplativa, o governo também ajuda a financiar ação criminosa que ameaça o futuro do Brasil. Grávidas usadas contra a Monsanto e guerra declarada à Vale do Rio Doce compõem o espetáculo insolente e dirigido por delinqüentes. Fora-da-lei, o MST da bandidagem continua sendo tratado como companheiro, mas é comparsa. (págs. 1 e A7)
Sucessão - Ministro Gilmar Mendes é o novo presidente do STF. (págs. 1 e A11)
Moeda - Brasileiros resistem a cheque e cartão. (págs. 1 e B1)
A Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge) vai entrar, na próxima semana, com uma ação na Justiça contra a ampliação do rol de procedimentos que os planos de saúde têm que cumprir. (págs. 1 e A11)
A Cemig construirá 20 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) em Minas Gerais, que demandarão investimentos de R$ 1 bilhão. A idéia é aproveitar a força dos rios que cortam o estado. (págs. 1 e C5)
O preço do barril de petróleo WTI atingiu, mais uma vez, cotação histórica ao fechar a sessão de ontem da Bolsa de Nova York a US$ 109,92 o barril, superando o recorde do dia anterior, de US$ 108,75. (págs. 1 e C5)
Antoninho Marmo Trevisan - A nova Lei das S/A, ao prever a contabilização dos ativos e passivos pelo valor de mercado, no caso de cisão, fusão e incorporação de empresas, dá mais transparência aos balanços. (págs. 1 e A3)
Durval Guimarães - Com a queda da natalidade, faltam alunos e sobram escolas no ensino fundamental de Minas. Mesmo com a alfabetização começando aos seis anos, escolas têm de ser fechadas. (págs. 1 e A2)
Consumo e investimento aceleram PIB
A soma de todas as riquezas produzidas pelo país em 2007 surpreendeu até os mais otimistas. Segundo o IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) registrou crescimento de 5,4% no ano passado. O consumo das famílias, com um aumento recorde de 6,5%, e a alta de 13,4% no volume de investimentos foram determinantes para acelerar a expansão da economia brasileira. Em compensação, a carga tributária subiu 12,8%. Em 2007, cada brasileiro pagou em média R$ 5 mil de impostos à União. (págs. 1 e Tema do Dia,páginas 20 a 23)
Em uma demonstração de força no Congresso, governistas aprovam em menos de 24 horas o Orçamento de 2008 e a MP que institui a TV pública, apesar dos gritos da oposição. (págs. 1 e 2 a 6)
Chanceler espanhol pede trégua - Miguel Moratinos propõe a Celso Amorim a criação de um clima propício para debater atritos na imigração. (págs. 1 e 32)
Lei seca nas estradas pode mudar - Governo estuda liberar a venda de bebida alcoólica em rodovias urbanas. Especialistas consideram retrocesso. (págs. 1 e 19)
Mantega diz que não vai permitir déficit externo
Ao anunciar, ontem, as medidas para estimular as exportações, desestimular o ingresso de investimentos estrangeiros em renda fixa e frear a valorização do real frente ao dólar, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, deixou duas mensagens importantes. Ao mercado, ele avisou: "A introdução do IOF de 1,5% sobre as aplicações de renda fixa é um sinal de alerta. É uma mudança de atitude do governo, que poderá, agora, aumentar a alíquota do tributo se isso for necessário". O ministro comunicou, também, a "decisão estratégica" do governo Lula de não permitir déficits nas contas externas como uma política deliberada. "Podemos ter déficit em transações correntes de forma transitória, mas não como uma política de longo prazo", disse em conversa com o Valor. E exemplificou: "Nosso modelo é o asiático e não o mexicano", que privilegia as contas correntes do balanço de pagamentos e não a conta de capitais. Diante dessa opção, a nova política industrial do governo, que estava sendo elaborada pelo BNDES para ser anunciada em alguns dias, terá que ser redesenhada para "colocar as exportações como prioridade e nela, o aumento das exportações de manufaturados", disse Mantega. Ela trará novos instrumentos de crédito e incentivos fiscais para bens de capital. As medidas divulgadas ontem para entrar em vigor na segunda-feira são: isenção do IOF de 0,38% sobre as exportações; fim da exigência de cobertura cambial para as exportações; e tributação das aplicações em renda fixa com um IOF de 1,5% que incidirá, assim, sobre todas as aplicações de estrangeiros em títulos da dívida pública. A combinação de um crescimento exuberante, de 5,4% em 2007, com uma taxa de câmbio sobrevalorizada, pode produzir déficits indesejáveis no balanço de pagamentos do país não agora, mas em dois ou três anos. "A economia vai continuar crescendo, mas isso não nos impede de jogar um pouco de água na fervura, mantendo o fogo aceso". Ou seja, o governo, assegurou o ministro, não vai permitir uma "explosão" da demanda interna. "Não podemos ir com muita sede ao pote. Temos que conquistar novos patamares de produtividade e de competitividade, fincar pé, e não deixar o pote quebrar", disse. (págs. 1 e A3)
A expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2007, de 5,4%, foi sustentada pela demanda interna, que contribuiu com 6,9 pontos percentuais no resultado. Já a demanda externa pesou negativamente na economia no ano passado, tirando 1,4% do PIB. A demanda interna foi puxada pelo consumo das famílias e pelo investimento, que cresceram 6,5% e 13,4% respectivamente. Segundo dados divulgados ontem pelo IBGE, o PIB brasileiro somou R$ 2,6 trilhões em 2007. O PIB per capita subiu 4% em termos reais, para R$ 13,515 mil. A gerente de Contas Trimestrais do IBGE, Rebeca Palis, pondera que embora a renda per capita esteja em patamares positivos, persiste o problema da má distribuição.(págs. 1 e A9)
Sob críticas da iniciativa privada, a Eletrobrás ganhou poderes para atuar em outros países e ter participação majoritária em usinas no Brasil. O objetivo do governo é transformá-la numa super estatal, à semelhança da Petrobras, com investimentos nos países vizinhos. "Temos que promover a integração energética na América do Sul", disse ao Valor o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, satisfeito com a aprovação da medida provisória que permitiu as mudanças, no fim da noite de terça-feira, pelo Senado. presidente do Instituto Acende Brasil, Cláudio Sales, que representa os investidores privados no setor, criticou a falta de discussões sobre as mudanças. Lobão procurou afastar os temores de que as novas regras possam significar, na prática, uma reestatização do setor. A MP permite que a participação da estatal e de suas subsidiárias, hoje limitada a 49% nos empreendimentos energéticos, seja majoritária ou até de 100%. Mas isso é apenas uma hipótese, segundo o ministro, para licitações em que não houver interessados pelo setor privado. (págs. 1 e B1)
O almoço é na fazenda do influente presidente da Associação dos Produtores Rurais da Irlanda, Padraig Walshe, o homem que deflagrou na Europa a mais virulenta campanha contra a carne bovina brasileira. O prato principal é quase provocação: um suculento bife, com gorduras nas laterais, como as picanhas brasileiras. A carne é macia e a conversa, amena e cheia de ironias. Agora que conseguiu esvaziar a concorrência brasileira, Walshe quer elevar em 20% a produção irlandesa e ampliar sua fatia no mercado europeu. Ele aposta que o Brasil vai demorar para retomar o nível anterior de exportações para a UE. "É mais fácil combater os brasileiros do que Peter Mandelson", diz, referindo-se ao comissário europeu de Comércio, a quem acusa de querer reduzir em 70% as tarifas de importação de carne bovina de Brasil e Argentina para fechar o acordo da Rodada Doha. À mesa está Kevin Kinsella, assessor de Pradaig e autor do relatório sobre a carne brasileira que amplificou a pressão sobre a Comissão Européia para agir contra o Brasil. Kinsella lembra que, nas visitas a fazendas no Brasil comeu muito churrasco. Mas provoca: "Não sei se era carne brasileira, porque não tem rastreamento lá, pode ter sido do Paraguai" - e ambos riem. A bronca contra a carne do Brasil é grande. "Mas gosto do futebol brasileiro", diz Kinsella.(págs.1 e A22)
A questão regional será debatida por Condoleezza Rice e Lula hoje. (págs. 1 e A19)
O Ministério da Cultura está finalizando um projeto que garante a maior acesso dos deficientes visuais a livros, nos formatos braille e em áudio. As editoras terão um prazo de três anos para se adaptar à nova regulamentação. (págs. 1 e B4)
Ao contrário de outros períodos, o crédito avançou em 2007 sem aumento da inadimplência . Nos últimos doze meses até janeiro, a taxa de crédito em atraso há mais de 90 dias ficou em 3,2%. (págs. 1 e C1)
O dinheiro continua sendo o principal meio de pagamento no Brasil - 55% da população recebe o salário em dinheiro e, no Nordeste, esse percentual chega a 70%. (págs. 1 e C2)
As empresas privadas cobraram ontem do governo a retomada da 8ª Rodada de concessões de áreas para exploração do petróleo, que foi interrompida em 2006, e também pediram pressa na definição do novo marco regulatório do setor. (págs. 1 e A2)
A Cia. Operadora do Mercado Energético está organizando uma série de leilões de energia tendo como matéria-prima os megawatts gerados a partir do processo produtivo do açúcar e do álcool. (págs. 1 e B11)
O índice de preços recebidos pelos produtores agropecuários de São Paulo pesquisado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) reverteu a tendência de queda e encerrou a primeira quadrissemana de março em alta de 0,68%. (págs. 1 e B15)
Cláudio Haddad: propostas do Fed são discutíveis e é estranho que seu próprio presidente as faça. (págs. 1 e A2)
Maria Clara R.M. do Prado: a difícil tarefa de enfraquecer o real. (págs. 1 e A21)
JORNAL DO COMMERCIO
Economia do país cresce 5,4%
Governo federal anuncia mudanças no Bolsa-Família. (Página 1)
Congresso aprova Orçamento no valor de 1,4 trilhão. (Página 1)
Espanha promete trégua em relação às exigências para a entrada de brasileiros. (Página 1)
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