RUY CASTRO
Um dos argumentos usados pelo cantor Roberto Carlos para proibir sua biografia por Paulo Cesar de Araújo é o de que só a pessoa tem direito a escrever sobre sua própria vida. E que ele, Roberto Carlos, estaria escrevendo (ou pensando em escrever) esse livro.
Significa que, no reino do compositor de "Rei da Brotolândia" e "A Festa do Bolinha", estão banidas as biografias e só valem as autobiografias. Com isso, James Boswell, Heitor Lyra, Richard Ellmann e outros que fizeram da biografia uma arte, que se evaporem das prateleiras.
A idéia de que só a pessoa pode escrever sobre sua própria vida leva a pensar que esta pessoa vive numa ilha deserta ou no lado escuro da Lua -porque terá de encher 300 ou 400 páginas falando apenas de si mesma. Roberto Carlos, numa suposta autobiografia, não poderia contar suas peripécias com Erasmo Carlos e Vanderléa, já que, segundo ele, só Erasmo e Vanderléa teriam direito de escrever sobre si próprios. Donde -e salve o paradoxo!- as autobiografias seriam também impossíveis.
Por outro lado, se "a pessoa tem direito de escrever sobre sua própria vida", e esta envolve a vida dos outros, conclui-se que a ressalva acima não pode valer, já que nem Robinson Crusoé vivia sozinho em sua ilha. Donde Roberto Carlos não poderá reclamar da autobiografia da ex-modelo Maria Stella Splendore, em breve nas bancas, em que ela conta um suposto romance que teria tido com o "Rei" durante seu casamento com o costureiro Denner (ela seria a "Namoradinha de um Amigo Meu") e do qual, suspeita Maria Stella, pode ter resultado sua filha Leopoldina.
O bonito na história é que Leopoldina, hoje perto dos 40, estaria prestes a ser avó. O que, a se confirmar a suspeita da autora, tornaria o "Rei" da Jovem Guarda bisavô.
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