FERNANDO DE BARROS E SILVA
Como Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do PL (hoje PR), e o próprio Delúbio Soares, figura notória, nomes e personagens menos sugestivos também foram arrancados de sua obscuridade pelo escândalo do mensalão. Eram todos, muitos ainda são, operadores do partido, homens da máquina, gente invisível para o público, mas valorizada internamente pela ficha de serviços prestados à "causa".
É o caso de Henrique Pizolatto, o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil; é também o caso de Rogério Buratti, ex-secretário de Governo de Antônio Palocci, peça manjada da chamada República de Ribeirão. Ambos estão de volta ao noticiário. Pizolatto foi interrogado pela Justiça no processo do mensalão. E descobriu-se agora que Buratti registrou na surdina em cartório um depoimento bastante estranho.
Foram falas independentes sobre coisas distintas, mas que têm em comum o seguinte: Pizolatto e Buratti desdizem o que haviam dito antes, ambos em benefício dos ex-chefes -Luiz Gushiken e Palocci.
Não, diz Pizolatto, não foi Gushiken (então ministro da Secom) quem mandou liberar R$ 23 milhões para a empresa de Marcos Valério. Pizolatto, lembre-se, foi quem recebeu um pacote com R$ 326 mil em espécie de Valério e logo depois comprou um imóvel de R$ 400 mil.
Não, ecoa Buratti, Palocci não recebia propina mensal de R$ 50 mil da máfia do lixo de Ribeirão.
Não, não, não, não e não!!!
É preciso comentar? Melhor aguardar a Justiça. Sim, porque do PT não se espera mais nada -ou então qualquer coisa. Os recuos de Pizolatto e Buratti não são episódios laterais. São a verdadeira refundação do PT - e não aquela conversa mole com que Tarso Genro procurou engambelar por dois anos o público até cair nos braços, na última eleição da direção partidária, do grupo de Berzoini e Zé Dirceu.
Tinha razão Delúbio quando avisou, lá no início, que o mensalão ainda iria virar piada de salão. Este nunca falou à toa. Gênio. Merece uma estátua na sede do partido.
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