Rosely Sayão
Vi uma cena que achei maravilhosa na rua. Um pai estava andando com a filha, de mais ou menos seis anos, bem à minha frente. Ela acabara de sair da escola porque o pai carregava a mochila dela. Por sinal, parecia bem pesada para a idade da garota. Bem, ao passarem em frente de um ambulante que vendia doce, a garota empacou. Queria uma cocada de qualquer maneira.
O pai, bem paciente e tranqüilo, respondeu que não. Aí, a garota armou um pequeno show: fez beicinho, choramingou, bateu os pés e disse que não queria ir para casa andando.
O pai teve uma reação maravilhosa. Perguntou à filha:
- Por que você está fazendo isso?
- Porque eu quero uma cocada.
-Isso eu já sei e você também já sabe que agora não vai dar. Então, por que fazer o que você está fazendo? Você pode muito bem só ficar chateada; na sua idade isso já chega, não? Eu dei um bom motivo para você entender porque você não vai comer doce agora: está perto da hora do jantar. Você acha que esse seu comportamento me dá um bom motivo para você comer o doce?
Falou, pegou na mão da menina e saiu andando com ela com a mesma serenidade de antes. Esse pai aproveitou muito bem a oportunidade que teve e pode até não saber, mas com sua atitude e com o diálogo simples que estabeleceu com a filha passou boas e importantes lições a ela.
Ele ensinou que passar vontade chateia, mas não faz mal; ensinou também que alguns comportamentos não têm relação alguma com o que se busca, por isso são desnecessários; e; finalmente, passou a idéia de que é possível escolher como se comportar.
Está certo que esse pai passará pelo menos mais uns 10 anos ensinando a mesma coisa para a filha, mas ele está num bom caminho para fazer isso. O futuro agradece atitudes como a desse pai.
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