19 março 2007
O PODEROSO JOSÉ DIRCEU
Reinaldo Azevedo:
Uma resposta ao consultor José Dirceu
A Veja desta semana traz um reportagem, conforme se pode ver num post abaixo, sobre o desempenho de José Dirceu como consultor de empresas privadas. Ele não gostou. Publica um longo texto em seu blog chamado “As calúnias de Veja”. Reproduzo, abaixo, em vermelho, o que ele escreveu, entremeado por observações minhas, em azul. Não falo em nome da revista porque não tenho autoridade pra isso. É o blogueiro Reinaldo Azevedo respondendo ao blogueiro José Dirceu. Acabou ficando um troço um pouco longo. Por isso, destaco alguns trechos da minha resposta nas aspas abaixo.
Sobre suas atividades:“Longe de mim querer dizer como Dirceu deve levar a sua vida privada. Mas seria mais consoante com a mitologia que alimenta de si mesmo se tornar um funcionário remunerado do partido, experimentando uma vida espartana, mais próxima dos revolucionários que antes excitavam a sua imaginação. Certamente ninguém pretende que Dirceu morra de fome. Eis um mal de que petista, a gente sabe, jamais vai padecer. Mas haveria formas mais decorosas de ganhar a vida, acho eu.”
Sobre se enganou a ex-mulher quando clandestino:“Procure o leitor no Houaiss a primeira acepção, primeiríssima, do verbo “enganar”. Está escrito lá: “Acreditar ou fazer acreditar em algo que não é verdadeiro”. Dirceu fez sua então mulher, Clara Becker, acreditar que ele era Carlos Henrique Gouveia de Melo. E ele não era Carlos Henrique Gouveia de Melo. Era José Dirceu. Ele a enganou. Afirma que foi para o seu bem. A revista não entra no mérito. Apenas escolheu o verbo que, segundo o dicionário, consiste em “fazer acreditar em algo que não é verdadeiro”. Ou seja: “enganar”. Dirceu não pode ambicionar que outros vejam a sua vida venturosa com a mesma paixão com que ele a vê. Deveria, mais ele do que os outros, evitar o assunto. Ou me vejo tentado a indagar se ele teria revelado a sua real identidade e desfeito o casamento se não tivesse vindo a anistia. O contexto me autoriza a inferir — apenas uma inferência — que a resposta seria “não”. Sendo assim, e pensando nele como a personagem de um romance, diria que ele fez de sua então mulher uma peça passiva de sua lenda pessoal. Mas isso, de fato, é com eles. Agora, que não há nada de errado com o verbo “enganar”, não há.”
Sobre interesses: "Afirmar, como faz Dirceu, que Veja está num pólo oposto ao seu nos “interesses político-ideológicos e econômicos” faz supor que ele, Dirceu, ocupa um lugar nos interesses “político-ideológicos e econômicos”. Qual seria esse lugar? O ex-deputado poderia aproveitar o seu blog para dizer as duas coisas: quais são os de Veja e quais são os seus. "
Bem, segue a íntegra do “diálogo”.
A revista Veja desta semana publica mais uma de suas matérias caluniosas e ofensivas à minha honra e à minha imagem. Para dar ao leitor a impressão de que a matéria é verdadeira, mistura fatos reais com mentiras. Sonega informações, como as que eu mesmo dei em entrevista à revista na quinta-feira, desqualifica minha vida profissional, imiscui-se em minha vida familiar e privada. O objetivo é claro: combater-me politicamente, destruir minha vida profissional, desconstruir minha história, prejudicar minha vida pessoal. A revista quer manter sua campanha contra mim e mostrar que tinha razão em me transformar do dia para a noite em bandido e chefe de quadrilha.
Dirceu tem o direito de não gostar da reportagem de Veja. Mas daí a acusar a revista de querer combatê-lo politicamente, destruir sua imagem, prejudicar suas vida... “Por quê e para quê?”, é o que eu me pergunto. Li e reli a reportagem da revista, inclusive os trechos que mais irritaram o ex-ministro. Não consegui ver as calúnias e as ofensas à sua imagem e à sua honra.
Para a revista, não basta eu ter sido cassado injustamente e acusado sem provas. Não basta eu ter perdido o mandato e ficado inelegível.
Trata-se de uma ilação de Dirceu. Nunca seria demais lembrar que não foi a revista que cassou o seu mandato, mas a Câmara dos Deputados. Num julgamento, como sempre são os julgamentos num Parlamento, político. Um tribunal de justiça não pode fazer um juízo político, mas uma corte, digamos, política pode concluir que um de seus pares passou dos limites, ainda que não tenha um recibo do crime praticado. Dirceu insiste na tese do martírio desde o minuto seguinte à cassação. Na verdade, ele procurou esse lugar. Ele lhe era confortável. Já escrevi isso. Poderia ter renunciado ao mandato, como alguns de seus pares, e teria sido reeleito pela massa de manobra petista. Preferiu o ato heróico.
Veja não se conforma por eu ter retomado minha atividade política e ter construído uma vida profissional para assegurar o sustento de meus filhos e o meu. Sempre trabalhei na vida. Como disse à revista, que não publicou minhas respostas e negativas diante de mentiras, fui office-boy, almoxarife, arquivista, atendente, auxiliar de contabilidade, coordenador de escritório, assessor jurídico, assessor parlamentar. Na década de 70 tive uma alfaiataria, uma loja de confecções e uma pequena fábrica de confecções. Nunca deixei de trabalhar e de me sustentar, inclusive em Cuba, onde vivi exilado.
Comove, mas não move. Faltaria evidenciar agora que essa lista de atividades no passado está sendo útil para a sua atual ocupação: consultor de empresas privadas. Posso não gostar, e não gosto, do modo como Dirceu faz política. Mas burro ele não é. Ao contrário. A qualquer pessoa que conhece o mercado resta evidente que a sua experiência como chefe da Casa Civil é mais útil ao seu atual ramo de negócio do que tudo o que aprendeu como arquivista, por exemplo. O que escreveu Veja a respeito para ele ficar tão nervoso?
Hoje tenho um escritório de advocacia. Há vinte anos sou advogado, com muito orgulho. Em 1980, quando voltei da clandestinidade, matriculei-me na PUC de São Paulo e, trabalhando e estudando, terminei meu curso de Direito, tendo prestado o Exame da Ordem dos Advogados do Brasil em 1985. Sou também consultor de empresas, como tantos profissionais sérios e respeitados no país. Afinal, me qualifiquei para isso. Disciplinado, ao longo da minha vida profissional e política, estudei muito, li muito, conversei muito, viajei bastante. Conheço bem a realidade do Brasil e seus problemas, assim como sou um estudioso da América Latina, de seus países e relações. Em muitos deles, construí relações políticas e profissionais. Portanto, é natural que seja convidado a dar palestras e consultorias. Mas cita indiscriminadamente empresas e empresários a quem não dei e não dou consultoria, como se fossem meus clientes.
Dirceu está no ramo de consultoria há quanto tempo? Menos de dois anos? Desde a anistia até a cassação do mandato, sua ocupação permanente e única era a política. Quem conhece esse setor a que se dedica agora sabe que as coisas não são nada simples. Ao contrário. A concorrência é feroz. Ainda que o rendimento de Dirceu fosse o que ele sustenta em sua resposta — R$ 22,5 mil, conclui-se —, já seria um feito notável. Em que a sua experiência de contínuo, por exemplo, terá sido útil à sua atual função? Mas suponho que um empresário acharia um ganho e tanto ter a consultoria de um ex-chefe da Casa Civil e, ainda hoje, um dos homens mais poderosos do partido que está no poder.
Além de me combater no campo político e de defender minha injusta cassação, Veja quer inviabilizar minhas atividades profissionais legítimas e legais. Há pouco tempo, a revista publicou matéria de duas páginas para impedir uma palestra minha no Banco Credit Suisse. Falou de problemas desse banco com a justiça só para intimidar empresas que me convidavam para dar palestras - o que conseguiu, pois as empresas têm medo de sofrerem acusações na revista caso me contratem, e todos sabem que, para Veja, acusações não precisam ser baseadas na verdade.
Longe de mim querer dizer como Dirceu deve levar a sua vida privada. Mas seria mais consoante com a mitologia que alimenta de si mesmo tornar-se um funcionário remunerado do partido, experimentando uma vida espartana, mais próxima dos revolucionários que antes excitavam a sua imaginação. Certamente ninguém pretende que Dirceu morra de fome. Eis um mal de que petista, a gente sabe, jamais vai padecer. Mas haveria formas mais decorosas de ganhar a vida, acho eu.Eu nem sabia dessa história do Credit Suisse. Aliás, eu nem sabia que tal banco se interessasse pelas opiniões de um ex-“office-boy, almoxarife, arquivista, atendente, auxiliar de contabilidade, coordenador de escritório, assessor jurídico, assessor parlamentar”. Será que o banco não quer mesmo é ouvir o ex-ministro da Casa Civil e medalhão do PT? Reitero: fosse ele um funcionário assalariado do PT, acho que estaria dando sua contribuição ao estoicismo nativo. Mas não é esse o caso, certo, camarada?
Veja não se conforma porque, apesar de tudo que fez comigo, eu reconstruí minha vida profissional e retomei minha vida política, recebendo o reconhecimento de pessoas que não aceitam as injustiças. Veja calunia e ofende porque é impossível apagar meus quarenta anos de vida pública e o fato de que nada foi provado contra mim até hoje.
Não falo em nome de Veja, é claro. Escrevo como blogueiro. Acho um exagero da generosidade consigo mesmo Dirceu dizer que “reconstruiu” sua vida. Ela nunca foi destruída. Que eu saiba, desde que foi cassado, não passou aperto. Nem ele nem os demais petistas acusados de irregularidades. O resto é opção preferencial pela linguagem dramática.
Veja e outras publicações escondem de seus leitores que houve a retratação em juízo do irmão de Celso Daniel, que não fui citado judicialmente no caso Waldomiro Diniz, que nada provaram contra mim em nenhuma investigação, apesar da quebra de meus sigilos telefônico, fiscal e bancário.
Ninguém esconde nada. Tudo foi amplamente noticiados. Eu poderia dizer que Dirceu esconde o fato de que a família Daniel partiu para uma espécie de exílio, tangida por ameaças. Trata-se de lembrar fatos quando eles são pertinentes. A lembrança do caso Celso Daniel é extemporânea. Não está na origem da cassação de Dirceu. O que o derrubou foi o mensalão.
Veja também esconde que em toda minha vida nunca fui processado por qualquer crime, a não ser – o que me honra - na época da ditadura militar, quando fui preso, banido do país e tive a nacionalidade brasileira cassada, sendo obrigado por duas vezes a entrar clandestinamente na minha pátria.
O trecho não faz sentido. Não se tratava de uma matéria acusatória. Faz-se o elenco de circunstâncias vividas pelo agora consultor. Poder-se-ia dizer, então, que Dirceu omite a acusação do procurador-geral da República, em que ele aparece como quadrilheiro.
Segundo a matéria, freqüento o restaurante Massimo. Poderia freqüentá-lo, mas é mentira. A ultima vez em que estive lá, das poucas que fui e como convidado, foi há anos, com Marco Aurélio Garcia, para uma conversa com Elio Gaspari. Veja quer insinuar que levo um nível de vida elevado, diz que tenho ganhos pessoais de 150 mil reais, querendo enganar deliberadamente seus leitores, ao confundir faturamento com rendimento. Meus escritórios de advocacia e de consultoria podem até faturar isso, mas têm que cobrir suas despesas, como os salários dos funcionários, aluguel, impostos, etc. Logo, meu pró-labore e minha participação nos lucros não serão nunca maior do que 15% desse valor.
Já falei sobre o caso. Quanto ao Massimo, ainda que Dirceu jamais tivesse pisado no restaurante — o que a revista apurou é outra coisa, ou não teria publicado a informação —, convenha-se, não se trata de uma calúnia ou difamação. Até porque o próprio Dirceu diz: “Poderia freqüentá-lo”.
Mas fica a idéia caluniosa que estou me enriquecendo ilicitamente, fazendo lobby. Não é verdade.
Aí Dirceu exagera, com a sua vocação de sempre para o vitimismo triunfante. Não há a mais remota referência a enriquecimento ilícito. Quanto à palavra “lobby”, reproduzo trecho da reportagem da Veja: “O ex-ministro nega que seu atual negócio envolva tráfico de influência: ‘Não faço lobby, faço consultoria’.”
Para isso a matéria fala, sem publicar o que contei ao repórter, de um almoço meu com Guilherme Lacerda, meu amigo e companheiro há mais de 25 anos, e um empresário do setor de transporte ferroviário. Disse ao repórter que não trabalho para concessionárias de serviços públicos, mas ele desconheceu e publicou o contrário.
É preciso recuperar o que escreveu a revista. Vamos lá, entre aspas: “Só no dia 8 deste mês, ele tinha encontros marcados com um executivo da área financeira da Telemar e um diretor da companhia aérea TAM. No outro lado do balcão, estavam previstas reuniões com petistas ocupantes de altos postos no governo federal, como Guilherme Lacerda, presidente da Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal. Freqüentemente, o consultor Dirceu trata de juntar esses dois mundos. Há três semanas, ele foi visto almoçando com Lacerda e um empresário do setor de transportes ferroviários em um restaurante em São Paulo”. As informações não poderiam ser mais objetivas. Deveria ocorrer a Zé Dirceu que algo pode estar errado quando uma narrativa seca, a exemplo dessa que vai acima, relatando apenas uma seqüência de fatos, provoca a suspeita de ilação de ilegalidade. Ora, Dirceu pode jantar com o presidente da Funcef quando quiser. Não pode é ambicionar que a imprensa não se interesse por isso.
A matéria invade criminosamente minha privacidade, com mentiras, falsidades e querendo induzir o leitor a fazer juízos contrários a mim. Faz, por exemplo, uma referência sobre minha vida clandestina no Paraná de forma a levar o leitor à idéia de que enganei minha esposa ao não revelar a ela minha real identidade. Na verdade, eu protegi sua vida e, ainda hoje, a tenho como amiga e conselheira. Com ela tenho uma relação afetiva e humana, apesar dos mais de 25 anos de separação. Tanto que passei o final do ano em sua companhia, de nosso filho, minha filha e nossa neta.
Escreveu Veja: “Na clandestinidade, viveu por quatro anos no Paraná sob identidade falsa, conseguindo enganar a própria mulher.” Procure o leitor no Houaiss a primeira acepção, primeiríssima, do verbo “enganar”. Está escrito lá: “Acreditar ou fazer acreditar em algo que não é verdadeiro”. Dirceu fez sua então mulher, Clara Becker, acreditar que ele era Carlos Henrique Gouveia de Melo. E ele não era Carlos Henrique Gouveia de Melo. Era José Dirceu. Ele a enganou. Afirma que foi para o seu bem. A revista não entra no mérito. Apenas escolheu o verbo que, segundo o dicionário, consiste em “fazer acreditar em algo que não é verdadeiro”. Ou seja: “enganar”. Dirceu não pode ambicionar que outros vejam a sua vida venturosa com a mesma paixão com que ele a vê. Deveria, mais ele do que os outros, evitar o assunto. Ou me vejo tentado a indagar se ele teria revelado a sua real identidade e desfeito o casamento se não tivesse vindo a anistia. O contexto me autoriza a inferir — apenas uma inferência — que a resposta seria “não”. Sendo assim, e pensando nele como a personagem de um romance, diria que ele fez de sua então mulher uma peça passiva de sua lenda pessoal. Mas isso, de fato, é com eles. Agora, que não há nada de errado com o verbo “enganar”, não há.
Mas o objetivo da revista é atingir minha imagem e destruir o que tenho de mais sagrado, minha vida e minha luta, mostrar-me como um monstro que trai sua própria mulher.
Não se falou em traição em nenhum momento. É ilação de Dirceu.
Veja mente sobre vários fatos e insiste na mentira mesmo quando ouve a verdade de entrevistados. Desconhece o que é dito para fortalecer suas versões interesseiras. Há muito tempo o que se diz nos meios jornalísticos é que se os fatos não confirmam as teses dos editores de Veja, azar dos fatos.
Bem, é uma catilinária conhecida essa quando se quer atacar algum veículo. A agressão não é nova.
É inominável o que Veja fez com minha vida privada e não tenho palavras para descrever minha indignação e revolta, mas acredito que fica o alerta para o perigo que representa esta revista para a democracia e para a liberdade de imprensa, por ela violadas semanalmente ao não reconhecer e a negar os direitos individuais daqueles que procura atacar e destruir.
Ops! “Risco para a democracia e para a liberdade de imprensa”? Quer dizer que ambas estariam mais robustas sem a Veja? É uma ameaça?
O desrespeito de Veja pelos princípios democráticos, pela liberdade de imprensa e pela ética do jornalismo é tão forte que a revista sequer dá aos agredidos e ofendidos o direito de resposta. Não publica suas cartas ou corta trechos arbitrariamente, suprimindo o que não convêm a seus propósitos.
Respondo assim: a edição desta semana de Veja é de nº 2000. Há um caderno especial com as duas mil capas. O leitor tem elementos para confrontar, digamos, duas trajetórias:a) O respeito de Dirceu “pelos princípios democráticos, pela liberdade de imprensa e pela ética”;b) O respeito da Veja ““pelos princípios democráticos, pela liberdade de imprensa e pela ética”.
Para mim só há o caminho da justiça, ao qual já recorri - tenho uma audiência no dia 19 num processo que movo contra um de seus jornalistas - e ao qual recorrerei quantas vezes for necessário.
Nada a comentar. Justiça existe para que as pessoas a ela recorram quando julgam ser necessário.
Por fim, Veja fala de minha anistia, sobre os apoios que tenho no PT e, pasmem, sobre uma candidatura minha à Presidência da República em 2010. É verdade que tenho o apoio e o apreço da imensa maioria dos petistas em todo nosso Brasil. Também é verdade que a campanha em apoio à minha anistia ainda não começou, mas não pelas razões elencadas por Veja; simplesmente, porque ainda não é hora de deflagrá-la. E não será Veja que determinará esse momento e muito menos minhas decisões políticas e dos que me apóiam em todo país.
Não há contestação nenhuma acima. Quanto a 2010, qualquer brasileiro que obedeça aos critérios constitucionais pode ter tal ambição. Por que não Dirceu, que não é um brasileiro qualquer?A absurda referência a uma pretensa intenção minha de disputar a Presidência da República desmascara e desmoraliza toda a matéria da Veja.Por quê? Melhor teria sido escrever algo como “Dirceu não pode ser candidato à Presidência”? Tá bom, então escrevo eu: "Dirceu não pode ser candidato à Presidência. De jeito nenhum! Se candidato, não pode ser eleito. Se eleito, não pode tomar posse. Se tomar posse, devemos recorrer à revolução para derrubá-lo. Ficou bom assim, Dirceu?". Acionem a tecla SAP.
A matéria caluniosa e desrespeitosa com a minha honra e a de todos os citados mostra o caráter policial e repressivo que assumiu esse tipo de jornalismo pretensamente investigativo, mas que, na verdade, é instrumento de posições político-ideológicas e de interesses econômicos. Não fui julgado, sequer fui processado, mas a revista Veja já me condena. Citando Ivan Lessa, diz que o Brasil esquece tudo a cada quinze anos. Ou seja, já fui condenado pela Veja e, agora, aposto no esquecimento.
Eu insisto que a reportagem tem uma abordagem absolutamente objetiva. Mesmo quando trata de aspectos superficiais de sua vida privada, a revista se limita a narrar episódios. Afirmar, como faz Dirceu, que Veja está num pólo oposto ao seu nos “interesses político-ideológicos e econômicos” faz supor que ele, Dirceu, ocupa um lugar nos interesses “político-ideológicos e econômicos”. Qual seria esse lugar? O ex-deputado poderia aproveitar o seu blog para dizer as duas coisas: quais são os de Veja e quais são os seus.
Não é o meu caso. Quero ser julgado pelos tribunais, não quero impunidade ou prescrição. Já disse e repito: tenho direito a lutar pela anistia, fui cassado sem provas e, depois de quase dois anos, nada foi provado contra mim. Ao contrário, a cada investigação sou inocentado.
Nunca li, nem em Veja nem em lugar nenhum, um texto afirmando que Dirceu não tem o direito de tentar a anistia. A revista se limitou a noticiar que a população brasileira é contra o perdão.
Quero justiça, e rápida. Não aceito prescrição ou impunidade, vou ser absolvido e recuperar meus direitos.
Eu torço para que Dirceu não consiga. Eu torço para que Dirceu continue a ter o direito de tentar. Eu torço para que a imprensa continue a ter o direito de informar.
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