10 março 2007

O ETANOL E O BRASIL 4 - AS BARREIRAS

Reinaldo Azevedo

Algumas considerações sobre a taxação do etanol brasileiro nos EUA e as cotas de importação impostas por países europeus.
Vejam só. Nem no Brasil, em que se vive uma virtual ditadura do Executivo, o governo pode decidir olimpicamente sobre barreiras econômicas a produtos vindos de outros países. Tanto menos pode Bush, cuja Presidência é severamente vigiada pelo Congresso, que tem poder de fato. Ainda que ele quisesse suspender o imposto e os subsídios dados aos produtores de etanol de milho, não poderia. Porque isso é matéria do Congresso — ora dominado pelos democratas, queridinhos dos progressistas brasileiros, mas mais protecionistas do que os republicanos, aqui entendidos como “reacionários”. Por isso ele não pode prometer nada. Se prometesse, não cumpriria. O mesmo vale para os países europeus.
Eu entendo que a grande contribuição que Bush pode dar está menos em suspender os impostos do que em pôr a gigante economia americana à disposição da criação de uma nova matriz energética. E isso ele está fazendo. Por enquanto, é uma decisão política apenas. Mas muito importante.
Não custa observar que os países que fizeram acordos bilaterais com os EUA exportam o nosso etanol para eles sem taxas: compram do Brasil e vendem aos americanos. Estivesse o governo brasileiro menos ocupado nas ridicularias Sul-Sul e em manter em estado de vida vegetativa um inexistente Mercosul, talvez fossem outros os termos de troca.
Aproveito, então, para reiterar algo que disse aqui outro dia: vejam o potencial que se abre para o Brasil com esse debate do etanol e agora comparem com o que tem sido a tônica da política externa brasileira no governo Lula. Não deixa de ser uma sorte que o dito “Império”, na hora “h”, seja, antes de tudo, pragmático. Como quer investir na criação de uma nova matriz energética, pouco se importa com o antiamericanismo rombudo exercitado pelo Itamaraty até agora.
A melhor prova disso? Onde anda Celso Amorim? Cadê o homem e suas ridículas perorações sobre a valentia dos caetés (ver texto abaixo)? Sumiu.
Insisto: uma chance extraordinária se abre para o Brasil caso não faça besteira.

Nenhum comentário: