Há duas medidas urgentes que o Brasil precisa adotar.- Incentivar a entrada de capital estrangeiro na produção do álcool;- Investir pesadamente em pesquisa, sobretudo naquelas que dizem respeito ao álcool de celulose.Vamos ver. Os R$ 17,4 bilhões de que fala o PAC — já contando com capital privado, como disse abaixo — são modestos quando se pensa no potencial. É preciso ser mais agressivo na atração desse dinheiro. Em artigo publicado hoje na Folha (veja link nesta página), o governador de São Paulo, José Serra, trata do assunto e defende que o investimento estrangeiro esteja voltado especificamente para a produção do álcool — os produtores nativos poderiam continuar a migrar, segundo a demanda do mercado, do álcool para o açúcar (e vice-versa), segundo o que fosse mais vantajoso.
Os Estados Unidos investem hoje pesadamente no álcool de celulose, que pode ser obtido até da grama — e, também, do bagaço da cana, que já temos em abundância. Segundo estudiosos da área, mesmo que o Brasil não ampliasse a área plantada de cana — estimados 7 milhões de hectares —, ganhos de produtividade e o desenvolvimento do álcool de celulose poderiam mais do que dobrar a produção brasileira de etanol. Mas, para tanto, é preciso haver investimento em pesquisa.O PAC trata apenas de 77 novas usinas de etanol — a grande maioria em São Paulo — e da construção de um alcoolduto. Ambições, reitero, modestas perto da demanda que se anuncia se o etanol passar a ser mesmo uma matriz energética de importância mundial (ver post seguinte).Qual é o risco que o Brasil não pode correr? Perder a vantagem estrutural (terra, mão-de-obra e clima) e técnica (tecnologia própria na produção de etanol e desenvolvimento dos carros flex). A terra, o homem e o sol continuarão por aí. Mas não são nada sem dinheiro. No que respeita ao álcool de celulose, estamos no começo das pesquisas, a exemplo dos EUA. Mas eles têm muito mais dinheiro.
São Paulo investe no setor, mas ainda é insuficiente. Lembra Serra em seu artigo: “A tecnologia nacional teve papel importante para a afirmação do biocombustível verde-amarelo. Por exemplo, graças às melhorias genéticas do IAC (Instituto Agronômico de Campinas, do governo de São Paulo), a produção física de cana por hectare aumentou 40% em 20 anos. Hoje há pesquisadores do IAC em Goiás, Tocantins, Alagoas e Minas Gerais tratando de inovações nas áreas da cana. Em São Paulo, tomou-se iniciativa essencial ao futuro do etanol no Brasil: a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa), que recebe 1% do ICMS estadual, está preparada para coordenar um grande programa de pesquisas sobre o etanol, com iniciativa privada e agências federais, em várias frentes, da tecnologia de máquinas e equipamentos ao desenvolvimento da alcoolquímica, do melhoramento das plantas (mais energia, menos sacarose) à fermentação do bagaço de cana e outros resíduos.”
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