10 março 2007

O ETANOL E O BRASIL 1 - O FATOR BUSH

Reinaldo Azevedo

Vamos tentar organizar um pouquinho — um pouquinho só — esse debate sobre o etanol. Para que o texto não fique muito longo, divido em posts. Vamos lá.A primeira questão a destacar é que a dimensão internacional que ganhou o etanol está, sim, relacionada à defesa que o presidente americano, George W. Bush, passou a fazer do combustível. Brasil e Estados Unidos produzem mais ou menos a mesma quantidade de etanol por ano — 18 bilhões de litros. O deles, mais caro, é feito de milho; o nosso, muito mais barato, de cana-de-açúcar. Outros países, juntos, devem pôr no mercado, por ano, outros 15 bilhões.Bush pretende que seu país corte 20% do petróleo consumido na próxima década — o que implicaria um consumo adicional de etanol da ordem de 130 bilhões de litros/ano. Perceberam a defasagem? Hoje, o mundo produz, estima-se, apenas 51 bilhões de litros. Quem tem condições de entrar no mercado para suprir essa demanda? O Brasil tem, mais do que qualquer outro país: conta com terra disponível, mão-de-obra e clima. O que o mundo ganhou com a adesão de Bush?Ora, já se tem um comitê internacional encarregado de estabelecer critérios de qualidade para o produto e de definir qual é volume necessário de etanol — inclusive em estoque — para que se possa falar do álcool como uma matriz energética.O “reacionário Jorgibúchi”, contra quem os dinossauros petistas promovem arruaças, abre para o Brasil, assim, uma janela extraordinária.Mas já não existia?Mas o Brasil já não havia se preparado para essa nova realidade? Não. No máximo, estavam previstos investimentos para suprir a demanda doméstica e um avanço inercial das exportações, como provam os números do PAC — tornado público no começo deste ano. O investimento em biocombustíveis (incluindo o biodiesel) é da ordem de R$ 17 bilhões, com a meta de se atingir, em 2010, 23,3 bilhões de litros de etanol. Vejam os números acima. Está na cara que a ambição era bastante modesta a se considerar a demanda projetada apenas para os Estados Unidos. Então, o que fazer? Para o post seguinte.

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