08 abril 2008

PANDEMÔNIO

ELIANE CANTANHÊDE

Imagine o pandemônio na Casa Civil com o dossiê que o governo apelida de "banco de dados", mas foi iniciado no meio do escândalo da tapioca, sobre o período específico do segundo mandato de FHC, destacando as contas -sigilosas, diga-se de passagem- do ex-presidente e de sua mulher e, finalmente, seguindo uma lógica nada convencional para relatórios oficiais e burocráticos.
O pandemônio não é porque "aloprados" fizeram o dossiê dentro da Presidência da República, mas porque um "clandestino", como disse Lula, vazou o seu conteúdo para a imprensa. A ira não é contra quem errou, mas contra quem condenou e divulgou esse erro.
Dá para imaginar a ministra Dilma Rousseff, com seu decantado mau humor e sua mania de gritar com subordinados e até com ministros e presidentes de estatais, olhando para um, para outro, para um terceiro, cheia de suspeitas, ou de rancor? E um apontando o outro na mesa ao lado?
Mas, para a sociedade brasileira, o que interessa é o contrário: quem divulgou é o de menos, o que se quer saber é quem deu a ordem para reabrir arquivos mortos do governo com o intuito de chantagear adversários? Quem usou a máquina do Estado numa disputa político-partidária? Aliás, quem, como, onde, quando e por quê?
O novo dossiê não envolve dinheirama de origem incerta, como o dos aloprados na eleição, mas balançou Dilma. Ela surgiu diante das câmeras de TV, na sexta-feira, nervosa, gaguejando, confusa, e não deu uma só informação convincente. Não havia vestígio daquela Dilma bem composta, elegante e com todas as respostas na ponta da língua que se apresentou na sabatina da Folha, apenas seis meses atrás.
A ministra pode até ficar, mas a candidata acabou, desmoronou. Sem passar dos 3% nas pesquisas... Agora, qual será o próximo "candidato" que Lula vai tentar inventar? Ou melhor: a próxima vítima?

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