15 abril 2008

NOVIDADE OU ANSIEDADE?

MARIA INÊS DOLCI

Aposto que a maioria das pessoas raramente tira fotos com o celular; então, por que usaria um que transmite TV?

Banda larga , TV no celular, jogos tridimensionais, down-load de músicas e vídeos com mais rapidez. Quem não fica tentado a adquirir um plano 3G de telefonia móvel? Um laptop fino como um caderno, bonito, com design arrojado e múltiplas funções. Confesse, você já pensou em ter um, apesar do preço.
Ou, quem sabe, estava se preparando para adquirir o sistema operacional Vista, quando leu, que Bill Gates, co-fundador da Microsoft, já anunciou para 2009 o lançamento do sucessor desse programa. E a TV digital? Muitos devem ter pensado: "Agora vai!", quando o governo federal escolheu o padrão e assegurou que o conversor custaria R$ 200 ou um pouco mais.
Pois bem, o conversor continua caro, e recente pesquisa da Philips constatou que o sinal digital das TVs abertas falhou em 33% dos 103 pontos da Grande São Paulo medidos pela empresa.
Esses exemplos nos ensinam algo. Antes de correr às lojas, em função de ofertas irresistíveis de novos paradigmas tecnológicos, temos de responder a algumas perguntas. São simples e evitarão que a ânsia por novidade nos leve a comprar e a não usar. Ou, pior, a comprar algo que ainda não funcione efetivamente.
Perguntas: 1. Eu preciso mesmo desse produto ou serviço? 2. Eu usarei essas facilidades, esses avanços? 3. Vale pagar mais caro para ter esse novo produto? 4. O celular, micro ou televisão que tenho deixa a desejar, ou só pretendo comprar outro porque todos falam nisso? 5. Já uso todos os recursos do equipamento que pretendo substituir?
Aposto que a maioria das pessoas raramente fotografa com o celular, pois as câmeras digitais se popularizam. Ou ouve música e rádio nesse aparelho. Então, por que alguém necessitaria de um celular que transmite programas de televisão?
No caso da TV digital, há mais promessas do que realidade. Antes de comprar um conversor, é bom saber que somente televisores digitais usarão todos os recursos desse tipo de TV. Assim como de nada adiantará comprar um laptop se você não precisar levá-lo a reuniões ou a viagens.
Você ouve o velho tocador MP3 que tem em casa? Se não ouve, por que comprar outro mais avançado, com vários gigabytes de memória? Espaço em disco, design avançado, conexões múltiplas, multimídia, tudo isso custa, não é de graça. Então, é importante avaliar, antes de comprar, se serão úteis as funções pelas quais pagaremos.
Se pensarmos bem, isso vale também para roupas, sapatos, acessórios de carro etc. Um sobretudo de pura lã é bonito, veste bem, mas só será útil a um paulistano que visite, com freqüência, cidades serranas no inverno. Ou que viaje para fora do Brasil.
Há formas bem mais interessantes de gastar o dinheiro que destinamos para o consumo. Inclusive, investir em atualização tecnológica que seja adequada ao nosso caso. Não há necessidade de correr às lojas toda vez que os fabricantes anunciam as virtudes de um novo produto ou serviço.

Nenhum comentário: