02 agosto 2007

LULA NÃO É INIMPUTÁVEL

CLÓVIS ROSSI

Se vaiar o presidente e promover manifestação contra o governo é "brincar com a democracia", Luiz Inácio Lula da Silva e o PT brincaram com a democracia durante toda a vida deles. Até, claro, chegar ao poder federal, no qual se consideram inimputáveis.
Brincar com a democracia e, pior, desmoralizá-la, é passar a vida criticando os governos que governavam para os ricos e, ao assumir, fazer rigorosamente a mesma coisa e ainda gabar-se de estar dando muito mais para os ricos do que para os pobres.
Gabolice, aliás, desnecessária para quem acompanha os números, como os ricos o fazem. Só no primeiro semestre deste ano, os ricos entre os ricos, que são os detentores de títulos da dívida pública, receberam do governo Lula uma doação equivalente a 6,5% do PIB, toda a riqueza que um país produz em dado período.
Trata-se muito provavelmente da maior transferência de renda para os ricos em todo o planeta, constatação, aliás, já feita por Carlos Lessa, que foi presidente do BNDES no início do governo Lula e "cansou" faz tempo deste governo.
Também desmoraliza a democracia tolerar que prospere à sombra do governo uma "organização criminosa", como a batizou, no episódio do mensalão, ninguém menos que o procurador-geral da República, nomeado por Lula.
Ou seria conspirador e de direita Frei Betto, confessor do presidente e seu assessor especial durante dois anos, quando classifica a "crise ética de 2005" como "tumor fétido de alianças nefastas que reduziram o contrato programático a um balcão de negócios com moeda suspeita"?
O próprio PT, apesar de também usar a descerebrada teoria da conspiração, admite que "os ataques estão concentrados (...) nos flancos que deixamos abertos e nos erros cometidos". Queriam o quê? Aplausos e flores pelos que chamam de erros (mas foram crimes)?


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Lula e seu PT passaram 20 anos criticando e organizando os mais diversos tipos de manifestações.
Promoveram uma oposição burra e cega, que por muitas vezes prejudicou o Brasil.
Agora, no poder, não querem receber críticas.
Como as coisas mudam...

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