ELIANE CANTANHÊDE
Dilma e Jobim, sim ou não? BRASÍLIA - Lula parece estar adorando ter Jobim no seu governo, mas o mesmo não se pode dizer de alguns ministros. Por exemplo: Dilma Rousseff.
Como é trabalhadora e tem fama de eficiente, ela está acostumada a dar aulas para Paulo Bernardo (Planejamento), a mandar Waldir Pires (ex-Defesa) calar a boca em reuniões e a humilhar o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, a ponto de ele ir correndo reclamar com o bispo, quer dizer, com Lula.
Vai ficar mais difícil, porque Jobim também não é nenhum diplomata. Dilma é uma mineira com carreira e alma gaúchas. Jobim é gauchíssimo. Se um faltar alto, o outro vai gritar. E Lula vai ter que arbitrar -algo que detesta. A disputa entre os dois não é só de forma mas também de conteúdo. O governo anunciou a construção de um novo aeroporto em São Paulo.
Jobim assumiu e já foi logo avisando que não vai ter terceiro aeroporto nenhum. No dia seguinte, Dilma disse que que vai, sim, senhor. E aí, vai ou não vai?
Por trás da disputa, pode estar apenas uma questão de personalidade: dois mandões costumam ter dificuldade de convivência. Alertado para o estilo da chefe da Casa Civil, Jobim deve ter chegado botando banca, por precaução. Mas pode haver muito mais do que isso.
Jobim, do PMDB, é candidato (pelo menos dele mesmo) à Presidência. Dilma, do PT, nunca foi candidata a nada relevante, mas é lembrada como um nome potencial, já que nem Lula nem o seu partido têm opções naturais.
Tudo somado, são duas pessoas fortes, dois ministros fortes e dois nomes fortes com os quais Lula pode jogar agora e num futuro próximo. O que significa que ainda teremos muitas emoções, e não apenas pelas grandes mexidas que se esperam no setor aéreo.
PS - Curioso: na CPI, Bologna, da TAM, só chamou Zuanazzi, da Anac, de "Milton". Mui amigos.
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É uma briga de gigantes.
Quem sairá vencedor?
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