19 agosto 2007

ANTES DE NOVO DESASTRE

ELIANE CANTANHÊDE

Os maiores especialistas ainda não conseguem responder com segurança duas questões básicas: 1) a crise é grave e duradoura ou superficial e rápida?;
2) até onde pode atingir o Brasil?
A crise já ocupa as manchetes há uma semana, deixou claro que a expectativa de crescimento dos EUA vai cair e afetou as Bolsas e o dólar no Brasil, como, de resto, em todo o mundo, um mundo "globalizado", para o bem e para o mal.
Esse cenário não parece evoluir para recessão nos EUA e quebra de uma instituição de grande porte, gerando uma crise sistêmica, um castelo de cartas. O momento, porém, não é de tranqüilidade.
Aos trancos e barrancos, o Brasil aprendeu muito com quatro crises internacionais nos governos de FHC, as do México, da Ásia, da Rússia e da Argentina. Hoje, os indicadores macroeconômicos são mais sólidos e as reservas estão em US$ 160 bi. Mas há temor de reflexos no crescimento, nos investimentos e no comércio. Cerca de 30% das exportações são para os EUA. Se a economia americana cresce menos, o Brasil vende menos.
O que mais preocupa é a capacidade do governo Lula de gerir crises. Já imaginou se for com a mesma rapidez e competência do apagão aéreo? Até agora não se viu, ouviu ou leu sobre providências de Lula e da equipe econômica. Aliás, nem mesmo de meras reuniões de avaliação, algo elementar para evitar surpresas e correrias depois.
O Brasil soube todo o tempo da dimensão e dos solavancos da crise aérea, mas, dez meses e os dois maiores acidentes da história depois, o presidente da República declarou candidamente que não tinha noção da gravidade da situação.
Provavelmente, não tem televisão em casa.
Agora, o Brasil e o mundo estão sabendo e sentindo os solavancos da crise econômica. Espera-se que Lula não leve novamente dez meses para ver, ouvir, ler. Ou seja, para saber e agir antes de novo desastre.


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Há desastre maior que a inércia de Lula?

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