12 novembro 2007

ELA - Esclerose Lateral Amiotrófica


Vítima de doença grave, mulher escreve poesia com o movimento dos olhos
FABIANA REWALD


Falar e escrever exclusivamente a partir do movimento dos olhos. Foi essa a maneira que a paulista nascida em Franca (400 km de São Paulo) Leide Moreira, 59, encontrou para superar um enorme obstáculo: a perda, em apenas um ano, de todos os movimentos de seu corpo - com exceção dos relativos ao globo ocular.
Vítima de ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica), uma grave doença degenerativa que mostrou os seus primeiros sinais no final de 2004, Leide teve de abandonar as corridas no parque Ibirapuera - na zona sul da capital paulista, onde ela vive hoje -, a maioria das brincadeiras com os netos e o trabalho com marketing cultural. No entanto, não deixou de lado sua maior paixão: escrever poesias.
Hoje, comunica-se com o mundo por meio de seus poemas e é um exemplo de mulher guerreira, que luta por uma melhor qualidade de vida e não abre mão de suas vontades.
"Ela falou, a água parou", conta rindo Leide Moreira Jacob, de 36 anos de idade e o mesmo nome da mãe. A filha diz que a família faz questão de respeitar as decisões da matriarca, que manteve a personalidade forte, mas se tornou uma pessoa mais paciente. "Agora ela tem que esperar por tudo."
Escrever as poesias, por exemplo, é um tanto trabalhoso. Leide usa uma tabela visual, que permite formar palavras a partir da composição das letras dispostas em linhas e colunas numeradas. Com os olhos, ela "dita" os versos, em sua maioria marcados por mensagens de esperança.
No ano passado, eles foram reunidos no livro "Letras da Minha Emoção", distribuído principalmente aos amigos.
Às vezes, o poema "ditado" é um tanto melancólico, como o "Dilema": "Minha vida se esvaindo. / Não sei se vou chorando ou sorrindo. / Sorrindo pondo fim a uma agonia que não agüento mais. / Chorando por deixar para trás pessoas que amo demais".
Mas o preferido da autora, "Meu Jardim", é bastante alto-astral: "Plantei flores no meu jardim, / Rosas vermelhas em meio a heras, / Violetas, cravos e jasmim, / Amor-perfeito, dálias, primaveras. / Colhi flores no meu jardim, / Margaridas, costela de Adão, / Lírios, um ramo de alecrim, / Muito cipreste e um coração. / Plantei e colhi flores no meu jardim, / Retirei as ervas daninhas, / Cultivá-lo faz bem para mim, / Nem acredito que as flores são minhas!".
Definido por Leide como "uma campanha pela vida", seu próximo desafio é estrelar um documentário sobre a sua vida. Nas palavras dela, o objetivo do filme é "divulgar a doença para mais investimentos em pesquisa objetivando a busca da cura".
Com 2.500 novos portadores por ano no Brasil, segundo a AbrELA (Associação Brasileira de ELA), a doença de Leide acometeu um dos homens mas inteligentes da atualidade, o físico inglês Stephen Hawking. Segundo a filha de Leide, ele topou dar um depoimento para o documentário.
O filme ainda não foi produzido, pois depende de patrocínio. O diretor Ralph Peticov aguarda a posição de empresas já procuradas.
E para os portadores de ELA, qual é a dica de Leide? "Tenham fé e esperança. Vamos ser criativos."


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Um belo exemplo de superação e amor ao próximo.
Para saber mais sobre a Leide e sobre ELA - Esclerose Lateral Amiotrófica, acesse: www.leidemoreira.com.br

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