21 novembro 2007
DÍVIDAS FESTIVAS
MARIA INÊS DOLCI
Não é demais insistir: antes de gastar, vamos pagar o que já consumimos e negociar redução de juros e multas
As lojas já estão decoradas com motivos natalinos. É inegável que, crenças à parte, as cidades ficam mais bonitas nesse clima temporário de animação e festa. Mas é inevitável ser chata: muita calma nessa hora.
As ofertas são atraentes, principalmente as vinculadas à segunda parcela do 13º. Não é demais insistir nas prioridades: antes de gastar, vamos pagar o que já consumimos. E aproveitar o dinheiro na mão para negociar redução de juros, multas e outros apêndices que tornam as dívidas impagáveis.
Há mais um lembrete: na volta das férias, cairão, no colo dos brasileiros, as contas salgadas de IPVA, o imposto que deveria nos garantir boas estradas, ruas e avenidas; e do IPTU, pago para que tenhamos cidades limpas, bem cuidadas e iluminadas.
Nem preciso dizer que são duas "doações" à maioria dos Estados e das cidades brasileiras, porque o trânsito continua uma carnificina, as estradas e ruas são lamentáveis, e as cidades, em sua maioria, pessimamente conservadas.
Fazer as contas antecipadamente, quando o 13º ainda não foi todo comprometido, é relativamente simples. Basta somar os valores das dívidas com correção, juros e multas e deduzi-las do 13º mais os 33% aplicados sobre o salário das férias.
Nem me refiro à poupança, necessária, indispensável, mas cada vez mais difícil para o brasileiro assalariado, a não ser os que definem seus próprios salários, a casta dos que mandam em nós.
Em que pese certa euforia econômica, pelo reaquecimento dos negócios em 2007, os juros bancários e os dos cartões de crédito, principalmente, continuam impagáveis.
Uma boa prática seria distribuir, ao longo de 2008, aquisições mais importantes e dispendiosas, a fim de limitar seu impacto no salário e outras formas de renda. Se a geladeira está caindo aos pedaços, programe sua troca. Se seu filho necessitar fazer um caro tratamento dentário, planeje a data mais adequada. E guarde dinheiro.
Isso vale, também, na programação das férias. Dê preferência às viagens que não dependam dos aeroportos, pois o próprio ministro da Defesa, Nelson Jobim, refreou sua arrogância costumeira e já fala em dificuldades até março.
Quem compra com dinheiro na mão, pode e deve exigir descontos para pagamento à vista. E o leitor ou leitora que, além de desmancha-prazeres, me considerar digna de crédito, e eliminar ou amortizar suas dívidas, terá mais fôlego em 2008 para adquirir bens sem tanto sofrimento, longe das listas de inadimplentes.
Reunir a família (pai, mãe, filhos, irmãos, tios, sobrinhos, avós etc.) e combinar uma espécie de amigo-secreto (ou amigo-oculto) reduzirá a conta dos presentes, e deixará todos igualmente felizes.
Planejar aluguel conjunto de casas na praia ou no interior e dividir os custos de viagens (inclusive com rodízio de condutores), também será mais barato e divertido.
Pois estamos no final do ano, não no fim do mundo.
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