RUY CASTRO
A jovem sai de casa em São Paulo usando cabelo verde e com um alfinete de fralda espetado na bochecha. Horas depois, junta-se a um grupo que, diante de testemunhas, esfaqueia até a morte o empregado de uma lanchonete por causa de um pedaço de pizza. A moça vai presa e, ao saber disso, sua mãe tem um espanto: "Impossível! Fulaninha só sai uma vez por semana, com as amiguinhas!".
Em Itaboraí, RJ, uma festa rave com a duração de 17 horas provoca a internação hospitalar de 18 garotos e duas mortes, uma delas por típica overdose de ecstasy: hipertermia - a pessoa literalmente ferve por dentro -, desidratação aguda e parada cardiorrespiratória. Os pais do menino morto não sabiam que ele fora à festa.
No Rio, a polícia desbarata uma quadrilha de oito traficantes de ecstasy. Todos, exceto um, de classe média, habitantes da zona sul, entre 20 e 30 anos e ainda morando com os pais. Mas, pelo visto, a vigilância destes andava relaxada, a ponto de um deles não estranhar que o filho passasse o dia falando em três celulares ao mesmo tempo.
Estes foram apenas alguns casos policiais graves envolvendo jovens nas últimas semanas, e só no eixo Rio-São Paulo. Em todos, os pais manifestaram grande surpresa pelo comportamento dos garotos. Alguma coisa aí está errada. Esses pais dão casa, comida e roupa lavada a seus filhos até uma idade tardia, mas isso talvez não seja suficiente.
Talvez fosse também o caso de eles aprenderem a dizer "não" quando for o caso, ao contrário do "sim" amplo, geral e irrestrito com que contemplam os filhos desde o berço - ou desde que se tornou "incorreto" acreditar que a liberdade só dá frutos quando exercida dentro de certos limites. Um destes, quadradamente, o daquela velha e esquecida prova de amor: a autoridade paterna.
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A falta de autoridade paterna (quando digo paterna me refiro aos pais e às mães) tem causado um estrago imenso à toda sociedade.
Filhos sem educação, valores essenciais e conceitos básicos saem por aí e até dentro de casa, sofrendo e fazendo sofrer.
O preço pelo "abandono" e pelo sim permanente é uma geração descompromissada e descomprometida com tudo e com todos.
Falar é preciso. Verbalizar os problemas é mais que necessário.
Não podemos nos calar, porque depois iremos chorar, aos prantos, em alto som.
A dor de ver um filho trilhando um caminho errado destrói muitas famílias.
Portanto, a hora é agora.
Amar é ensinar, corrigir, exercer autoridade.
Só sim não basta. Para ser feliz é necessário muito mais.
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