Documento assinado em Damasco, capital da Síria, diz que os objetivos são estreitar "laços de amizade", "incentivar a troca de visitas" e de documentos
IURI DANTAS
 O presidente do PT, Ricardo  Berzoini, assinou, anteontem  em Damasco, acordo de cooperação com o Partido Baath Árabe Socialista. O Baath comanda  um regime autoritário na Síria  desde 1963 e também foi o partido do ex-ditador iraquiano  Saddam Hussein, enforcado  em 2006.
O acordo, que tem validade até 2010, estabelece sete compromissos, como "incentivar a troca de visitas", tentar "coordenar os pontos de vista" quando os partidos estiverem presentes em congressos e fóruns regionais e internacionais, "promover a troca de publicações e de documentos partidários importantes" e "fortalecer" a cooperação entre organizações populares e "representantes da sociedade civil", para "intercâmbio de experiências".
Segundo texto divulgado pelo PT, os objetivos são "estreitar laços de amizade" e "melhor  servir aos interesses comuns  dos dois países e povos".
Para o cientista político Octaciano Nogueira, o acordo representaria um retorno do PT  às origens, quando tinha tendências "stalinistas".
"Isso torna as coisas mais difíceis para Lula e nem tanto para o PT. Aliar-se ao Baath, que é  um partido totalitário, num  país [Síria] onde não há democracia, isso é uma volta à origem radical, ao stalinismo."
Para o professor David Fleischer, da Universidade de Brasília, o PT acompanha o mesmo  movimento com o Baath em  curso nos Estados Unidos e em  Israel. Como o governo brasileiro também possui interesses  na Síria, ele vê o acordo como  "uma jogada esperta".
"O PT sempre teve um setor  de relações internacionais bastante ativo. Essa iniciativa com  o Baath, um partido muito reacionário, é inusitada, diferente.  Pode ser que tenha aproveitado  aproximação feita pelo governo  brasileiro com a Síria. Neste  sentido é uma jogada esperta."
Fundado em 1947 com proposta nacionalista e socialista,  o Baath prega a criação de um  Estado único árabe na região e  reivindica terras ocupadas por  Israel na Guerra dos Seis Dias.
O partido teve seu nome vinculado ao assassinato do ex-primeiro ministro do Líbano,  Rafik Hariri, em 2005. Ele foi  morto na explosão de um carro  bomba, quatro meses depois de  deixar o cargo. O presidente  Lula visitou a Síria no primeiro  ano de seu governo.
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