11 junho 2007

DÓCEIS INIMIGOS

VALDO CRUZ

Análise recente de empresários sobre preferências para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010: apesar de o governo petista ter se revelado uma surpresa agradável, pragmático e conservador, a avaliação é que o ideal seria um tucano vencer a próxima eleição presidencial.

Motivo: o atual governo não vai tocar as reformas que o empresariado julga serem essenciais para o país deslanchar de vez, crescendo a taxas superiores a 5%. São elas: a trabalhista e a previdenciária, podendo entrar nessa lista muito provavelmente a tributária.

Um sucessor bancado pelo presidente Lula também não abraçaria uma agenda rejeitada pelo próprio criador. Pelo menos não teria muito apetite, podendo ser pressionado a caminhar nessa direção, mas não promovendo mudanças reais nessas áreas.

Daí que um tucano é visto como uma boa opção de alternância de poder. Tanto José Serra como Aécio Neves são considerados hoje governantes mais comprometidos com esse tipo de reforma.
Essa preferência tucana por boa parte do empresariado não é novidade. Foi assim em 2002, repetiu-se em 2006, mas não elegeu nem Serra nem Geraldo Alckmin no embate com Lula. Só que, agora, não haverá um Lula. Esse seria o diferencial da próxima eleição, tornando a sucessão mais competitiva.

Esse eterno namoro com os tucanos poderia até ser rompido na hipótese, hoje não mais viável, de que Antonio Palocci fosse o candidato de Lula. Apenas ele, no mundo petista, despertaria no empresariado a confiança de que as reformas seriam uma prioridade.

Lula acalentava o sonho de fazê-lo seu sucessor. Ficou sem nomes fortes. Os apressados, porém, podem se dar mal. Se o país crescer acima de 4% daqui até a eleição, Lula pode ser o grande eleitor de 2010. Não por outra razão Serra e Aécio estão num amor só com o petista. Aliado ele não será, mas se não for inimigo já está bom demais.

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