02 junho 2007

DIRETOR DA PENITENCIÁRIA DE CATANDUVAS SE DEMITE

Ronaldo Urbano dirigia penitenciária de Catanduvas desde a inauguração; deixou cargo após acusações de irregularidades

Demissão foi anunciada anteontem, mesmo dia em que comissão de deputados foi checar problemas apontados há 45 dias MARI TORTATO

O diretor da penitenciária federal de Catanduvas (PR), Ronaldo Urbano, pediu demissão do cargo anteontem. Mesmo dia em que uma comissão da Câmara dos Deputados visitou a penitenciária para checar os relatos de problemas.

A direção do Depen (Departamento Penitenciário Nacional), do Ministério da Justiça, informou que não há relação entre os fatos. O órgão informou que a saída foi por iniciativa própria, ocorreu há alguns dias, e publicada no "Diário Oficial" somente anteontem.

O afastamento ocorreu 45 dias após a Folha revelar problemas decorrentes de uma queda-de-braço entre o ex-diretor e agentes penitenciários da unidade, inaugurada em junho do ano passado, alardeada como superpresídio na época.

Urbano não foi localizado ontem para comentar sua saída. A reportagem também não conseguiu contato com o Sindicato dos Agentes Penitenciários Federais de Catanduvas.

O delegado aposentado da PF Francisco de Assis assumiu a função interinamente. Destacado para dirigir o terceiro presídio federal de segurança máxima, que o governo deve inaugurar no próximo semestre em Mossoró (RN), Assis ficará na direção de Catanduvas até a escolha do próximo diretor.

Urbano dirigia a penitenciária desde sua inauguração. O traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, foi o primeiro a ocupar a cadeia. Hoje são 164 detentos, com 208 vagas ao todo.

Relatório
Os problemas apontados pela Folha no presídio constam em um relatório interno do serviço de inteligência da PF. O documento apontava a existência de agentes penitenciários com antecedentes criminais e desvios de conduta, falhas graves de segurança, influência de presos - como Beira-Mar- sobre os agentes e a prática de tortura contra presos, entre outros pontos.
A disputa interna na unidade, segundo o relatório, foi motivada pela decisão do Ministério da Justiça de vincular os agentes ao Depen, e colocar homens da PF nos cargos de chefia da cadeia. O Depen disse, na época, que o relatório retratava um cenário do período da inauguração do presídio, sem refletir a realidade da unidade.

A comissão que visitou Catanduvas ainda não apresentou o relatório. O deputado João Campos (PSDB-GO), presidente da comissão, confirmou a investigação sobre tortura, mas não constatou a influência de presos nem a possibilidade de comunicação externa.

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