O artigo de Pedro Simon (senador, PMDB-RS), publicado abaixo, expressa exatamente a minha opinião.
E mais uma vez cito a (triste) frase de Lima Barreto: "O Brasil não tem povo, tem platéia."
Enquanto o povo brasileiro assistir pacificamente a tudo, nada mudará.
Eu, você, nós, temos o direito e o dever de lutar por um Brasil melhor, mais forte e mais justo. Comecemos agora mesmo. Saiamos às ruas; conscientizemos nossos filhos, parentes, amigos e vizinhos; busquemos informação sobre nossa política, economia, educação e saúde; consultemos nossos direitos na Constituição, enfim, exerçamos nosso direito à democracia (ela ainda existe, não?).
Mais um pensamento para sua reflexão: "Nada muda se eu não mudar."
Vamos lá. Reage, Brasil!
P.S. - Preste atenção na última frase do artigo.
REAGE, BRASIL!
PEDRO SIMON
Não creio que as mudanças venham de dentro para fora. Daí a conclamação. Que o povo brasileiro ocupe as ruas e exija mudanças de atitude
Eu tive o cuidado, nesses dias, de reler os meus pronunciamentos, nos últimos 15 anos, sobre corrupção e desvios de recursos públicos. Fiquei, primeiramente, impressionado com a quantidade. Mas o que mais me impressionou nessa minha volta a um passado não tão recente é a atualidade de todos os meus discursos. Eu poderia escolher, aleatoriamente, qualquer um deles e repeti-lo, hoje. Mudaria o nome da operação da Polícia Federal ou o da CPI. O dos atores envolvidos, nem sempre.
Imagine a implantação, como eu  defendi, já em 1995, da chamada CPI  dos Corruptores. Na verdade, ela se  confundia com uma CPI das Empreiteiras, tão reclamada agora. A comissão morreu no nascedouro, pela falta  de vontade dos partidos e dos líderes  partidários de investigar os desvios  que, já então, povoavam a imprensa. 
Se ela se concretizasse, não haveria  hoje, quem sabe, necessidade da Operação Navalha, nem da Xeque-Mate,  nem das outras operações e CPIs anteriores, como a dos Sanguessugas, a  das Ambulâncias, a do Mensalão, a  dos Correios, a Furacão, a Gafanhoto,  a Matusalém, a Anaconda e tantas outras, com suas respectivas e criativas  nomenclaturas. 
Não sei quantas operações ainda virão. Nem como se chamarão. Nem  quantas CPIs ainda se instalarão.  Nem como se comportarão. Espero  que não se esgote a criatividade da PF.  Nem as minhas esperanças. 
Não tenho nenhuma expectativa de que as mudanças que a população tanto reclama, em termos de valores e referências, venha a ser concretizada de dentro para fora. As últimas pesquisas de opinião pública dão conta de que essa mesma população também não acredita mais nas suas instituições públicas. É que nunca, em nenhum momento da nossa história política, os três Poderes da República estiveram tão contaminados pela corrupção. Há um poder paralelo, que se entranha no Congresso, no Executivo e no Judiciário, que faz com que as instituições públicas percam a legitimidade diante da sociedade civil.
É por isso que, apesar das nossas melhores intenções, não há que esperar, a partir do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, pelo menos no curto prazo, as mudanças políticas, obviamente no espaço democrático, que a sociedade tanto reclama.
Ocorre que a realidade brasileira,  hoje, tamanha a barbárie, não pode  esperar mudanças além do curto prazo. E, aí, há que ter uma imensa mobilização de fora para dentro. 
É preciso que o povo seja, de fato,  senhor da história. Sujeito, e não objeto. É preciso que a sociedade brasileira volte a exercitar a força das ruas. 
Um movimento, que poderia orientar-se sob o lema "Reage, Brasil".  Ora, um país com tantas e tamanhas riquezas como o nosso não pode  permanecer mergulhado na barbárie. 
Não pode conviver com a corrupção,  com a miséria e a pobreza, com a violência, com o analfabetismo e com tão  precárias condições de vida. 
Por isso, a conclamação. Que a população brasileira ocupe, de novo, de  maneira pacífica e democrática, as  ruas e exija mudanças de atitude dos  gestores da coisa pública, em todos os  níveis. Que reclame por uma reforma  política que legitime, verdadeiramente, as suas instituições democráticas. 
Que imponha o término da corrupção. Que obrigue o fim da impunidade, principalmente para quem se locupleta com o sagrado dinheiro público. Que reconstrua um Estado em novas bases, verdadeiramente voltado para a democracia, a soberania e a cidadania. E que as leis busquem, de fato, o interesse coletivo, e não a sanha perversa de alguns. E que todos sejam iguais perante a lei, como determina a nossa Constituição Federal.
Ainda está presente na nossa memória o movimento das Diretas-Já,  que marcou um dos momentos mais  sublimes da nossa história e deu suporte para a abertura política e o resgate das liberdades democráticas. 
Quem não se lembra dos jovens caras-pintadas, movimento que também ocupou as ruas de todo o país na  luta contra a corrupção? Quem não se  lembra de tantos outros momentos  em que a sociedade ditou, verdadeiramente, os melhores rumos para a  construção da história do país? 
É hora de a sociedade organizada reagir. A partir dos movimentos das igrejas, das escolas, das famílias, dos sindicatos, das organizações de classe. Reagir, em todos os sentidos da palavra e da ação: de demonstrar reação, de protestar, de se opor, de lutar, de resistir. De agir, de novo.
A decência vai aonde o povo está.
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