Editorial da Folha de S. Paulo
Saiu mais um Enade, o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes, que  substituiu o Provão. Um olhar  panorâmico não revela novidade. Mais uma vez, as universidades públicas se saíram bem melhor do que as particulares.
De acordo com o Inep (instituto ligado ao Ministério da Educação), responsável pela avaliação,  30,2% dos cursos das particulares receberam os conceitos 1 e 2,  os mais baixos. Entre as públicas,  o número é de 16,9%. Já a nota 5  (a máxima) foi obtida por apenas  1,6% das instituições privadas,  contra 21,2% das públicas.
Esses resultados requerem  cuidados na interpretação. O  Enade foi concebido para comparar cursos, não para avaliar  conteúdos. Assim, uma nota 5  não significa necessariamente  que os alunos da escola que a obteve dominem a matéria. O conceito máximo indica apenas que  o curso está acima da média das  faculdades da área. Na verdade, o  Enade é um exame que identifica  a média e aponta para as instituições que dela se desviam, seja para mais, seja para menos.
Seria oportuno aprimorar ainda mais essa avaliação, de modo  que a nota permitisse também  estimar o grau de competência  dos alunos que concluem o curso, bem como comparações de  uma edição do exame para outra.  Ao que consta, o Inep ainda não  avançou nessa rota por um problema de custos.
Também repetindo edições  anteriores, os resultados globais  ficaram maculados pelo fato de  USP e Unicamp, duas das mais  importantes universidades do  país, terem se furtado a participar do exame. Fazem-no desde  2004, sem jamais explicar suas  razões de forma convincente.  Embora não tenham, como outras instituições, o dever legal de  tomar parte na avaliação, teriam  a obrigação moral de fazê-lo. A  recusa sugere uma aliança do  corporativismo com a arrogância e algumas pinceladas de ressentimento político.
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