05 junho 2007

ALERTA NAS GRADUAÇÕES

Editorial da Folha de S. Paulo

Saiu mais um Enade, o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes, que substituiu o Provão. Um olhar panorâmico não revela novidade. Mais uma vez, as universidades públicas se saíram bem melhor do que as particulares.

De acordo com o Inep (instituto ligado ao Ministério da Educação), responsável pela avaliação, 30,2% dos cursos das particulares receberam os conceitos 1 e 2, os mais baixos. Entre as públicas, o número é de 16,9%. Já a nota 5 (a máxima) foi obtida por apenas 1,6% das instituições privadas, contra 21,2% das públicas.

Esses resultados requerem cuidados na interpretação. O Enade foi concebido para comparar cursos, não para avaliar conteúdos. Assim, uma nota 5 não significa necessariamente que os alunos da escola que a obteve dominem a matéria. O conceito máximo indica apenas que o curso está acima da média das faculdades da área. Na verdade, o Enade é um exame que identifica a média e aponta para as instituições que dela se desviam, seja para mais, seja para menos.

Seria oportuno aprimorar ainda mais essa avaliação, de modo que a nota permitisse também estimar o grau de competência dos alunos que concluem o curso, bem como comparações de uma edição do exame para outra. Ao que consta, o Inep ainda não avançou nessa rota por um problema de custos.

Também repetindo edições anteriores, os resultados globais ficaram maculados pelo fato de USP e Unicamp, duas das mais importantes universidades do país, terem se furtado a participar do exame. Fazem-no desde 2004, sem jamais explicar suas razões de forma convincente. Embora não tenham, como outras instituições, o dever legal de tomar parte na avaliação, teriam a obrigação moral de fazê-lo. A recusa sugere uma aliança do corporativismo com a arrogância e algumas pinceladas de ressentimento político.

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