Volto à pergunta que fiz ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quinta-feira: queria saber se o comportamento dele, ao afagar os envolvimentos no escândalo dos mensaleiros, não criava a sensação de que o presidente não se incomoda com os casos de corrupção.
 Lula respondeu com a tese de que  a corrupção só aparece porque há  um processo supostamente inédito  de investigação. O raciocínio foi o  de que corrupção brota com investigação como petróleo brota com  prospecção. E ainda terminou dizendo que não tem que fazer pregação contra a corrupção, "mas ação".
 Engano seu, presidente. Basta ler  o seguinte trecho do relatório da  Polícia Federal sobre o caso de Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão  de Lula: "A análise da conversa indica que Vavá está usando o nome  de seu irmão, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para  conseguir dinheiro junto a Nilton  Cezar Servo, contraventor que tem  como principal fonte de renda a exploração do jogo de azar através de  máquinas caça-níqueis em diversos  Estados da Federação, tais como  Mato Grosso do Sul, Paraná, São  Paulo e Rondônia". 
Ou, posto de outra forma: fica claro que nem o próprio irmão nem  contraventores sentiram firmeza  na ação do presidente da República  contra a corrupção. Tampouco inibiram-se ante um ambiente de investigação, pela Polícia Federal, supostamente inédito.
 Claro que, mesmo que as investigações tenham de fato profundidade e rigor inéditos e que o presidente pregue diariamente contra a corrupção, ela continuará existindo, como existe em todo o mundo.
Mas a leniência com que Lula tratou "mensaleiros" e "aloprados", a facilidade com que abraça políticos que ele próprio antes acusara de trambicagens variadas só ajuda a manter um ambiente cavernoso, turvo, em cujas águas pescam corruptos e corruptores.
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