RUY CASTRO
Graças à CBF, o Congresso arquivou a CPI das mazelas envolvendo o Corinthians, que ameaçava destampar o pântano do futebol brasileiro, cujo miasma começa na própria CBF. Assim, daqui a 15 anos, a desmemória nacional falará de Kia, Berezovsky e Dualib como homens que levaram o clube paulista a grandes triunfos. Vale o escrito.
Como vale o escrito, Fernando Collor de Mello nunca fez nada de errado, porque foi absolvido pelo STF. Os aloprados do PT também são tão limpos quanto água de chuva, já que não foram condenados. E o senador Renan Calheiros nunca sustentou ilegalmente sua amante-gestante e nunca superfaturou uma vaca, porque seus colegas do Senado decidiram que ele não fez isso. Vale o escrito.
Por valer o escrito -na forma de uma emenda fajuta, de virada de mesa, tirada da manga pela CBF-, o Flamengo "não é" o campeão brasileiro de 1987, mas o simpático Sport. Essa emenda sempre foi repudiada pela liga dos 13 clubes, um deles o São Paulo, que efetivamente dirigiam o futebol naquele ano. Mas a CBF sabe botar banca no tapetão.
É bom lembrar que o Flamengo que conquistou aquele título no campo era o de Zé Carlos, Jorginho, Leandro, Edinho (ou Aldair) e Leonardo; Andrade, Ailton e Zico; Renato Gaúcho, Bebeto e Zinho. Desses 12 jogadores, 11 foram ou seriam da seleção brasileira e cinco deles -Jorginho, Aldair, Leonardo, Bebeto e Zinho-, tetracampeões do mundo em 1994.
O São Paulo é o pentacampeão brasileiro de 2007. Parabéns, parabéns. Mas não é o primeiro, nem o único, e não será a pantanosa CBF, de repente cheirando a Chanel, que decretará isso. O CND, o STJD, a Fifa e os quase 40 milhões de torcedores do Flamengo em todo o país sabem muito bem, desde 1992, quem foi o primeiro penta.
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