VALDO CRUZ
Para afastar dúvidas, Lula tem dito a amigos que há pelo menos um bom motivo para não desejar um terceiro mandato consecutivo, apesar das desconfianças até justificáveis da oposição, dada a tendência dos políticos à arte da dissimulação.
Aposta que seu segundo mandato será bem melhor do que o primeiro. Lançar-se numa batalha para aprovar no Congresso o direito a um terceiro mandato desandaria o mingau do governo, tornando, nas palavras de um assessor, o clima político um inferno.
Traria para seu colo, avalia Lula, a mesma maldição que atormentou FHC no segundo mandato. O petista tem a convicção de que a primeira fase do tucano teria sido bem melhor se ele não tivesse se jogado na aventura de aprovar a reeleição.
Re-reeleição, insiste o presidente, seria brincar com a democracia, dar uma de ditadorzinho, algo que afirma não desejar ver escrito em sua biografia. Só que o tema continua na agenda, por obra e graça de seus amigos petistas.
Irritado, um assessor muito próximo de Lula desabafou que gostaria de "dar uma porrada" no deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), aquele que promete apresentar projeto permitindo que seu amigo dispute uma nova reeleição.
Cansado do assunto, assim dizem seus auxiliares, Lula estaria mais preocupado é com o desempenho das áreas de educação, saúde e segurança pública, mal avaliadas em pesquisas. É, pode ser, mas bem que ele poderia chamar sua turma e ordenar o fim da brincadeira.
Independentemente da sinceridade de Lula, a ser testada mais à frente, a oposição crê ter aliados entre governistas para barrar qualquer tentativa de terceiro mandato. Se passar na Câmara dos Deputados, cai no Senado.
Agora, terceiro mandato em 2014, isso, sim, está na cabeça de Lula. Daí que acabar com a reeleição é algo que vê com bons olhos. Daí que fazer seu sucessor é seu objetivo. Nem que seja Ciro Gomes.
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