RUY CASTRO
Os jornais britânicos acham que a violência será um dos grandes obstáculos à realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Nossos jornais também. Com sete anos de antecedência, eles já estão em cima do problema e, pelo tom dos editoriais, sem grandes esperanças de que as coisas se resolvam até lá. Talvez fosse o caso de adotarmos o modelo inglês para tentar aliviar a situação.
Somente nas ruas de Londres, há 1,2 milhão de câmeras de televisão de circuito fechado penduradas em postes e marquises. Como são 7,5 milhões de habitantes, temos uma câmera para seis habitantes. Isso não inclui as câmeras em elevadores, portarias, shoppings, bancos, estádios, pubs, casas de apostas e, talvez, dentro dos táxis. É a cidade mais vigiada do mundo. Os londrinos sabem que, não importa onde e o que estejam fazendo, há um olho à espreita. Os indianos, negros, árabes, asiáticos e jovens em geral sabem melhor ainda.
Isso não impede que, segundo a polícia, 52 adolescentes por semana sejam vítimas de crimes com facas, e que os assassinatos por arma branca em Londres sejam três vezes maiores que os por arma de fogo. As lojas vendem coletes à prova de faca e os clientes são pais temerosos de que seus filhos de 10 a 16 anos sejam atacados a caminho da escola. Mas 42% dos infratores são outros garotos dessa idade.
A Scotland Yard calcula que, além desses delinqüentes amadores, haja 175 gangues juvenis atuando neste momento em Londres. E elas não se passam por facas ou canivetes. Corre um florescente comércio de armas de fogo oriundas de contrabando, financiado pelo tráfico de drogas. Em certos bairros, como Brixton, no sul de Londres, a polícia pensa antes de entrar - e não entra.
Não olhe agora, mas estou preocupado com a Copa na Inglaterra em 2018.
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