ELIANE CANTANHÊDE
Desde o final do ano passado, já caíram, pelo menos, um Boeing da Gol, um Airbus da TAM, um tucano da FAB e um Learjet particular, além daqueles três helicópteros num único dia da semana passada em São Paulo. Três! É impressão minha ou tem alguma coisa errada nessa história?
Quando o Boeing se chocou com o Legacy em pleno ar ("acidente impossível", apelidam os especialistas), foram 154 mortos, e o Brasil descobriu que o controle aéreo estava descontrolado, com falhas técnicas e pessoal insatisfeito, à beira da insubordinação.
Quando o Airbus caiu e ardeu em chamas em Congonhas, plena São Paulo, foram mais 199 mortos. E o Brasil descobriu que:
1) as companhias estão enchendo as burras, voam como querem e estão deixando a manutenção em algum outro plano que não o primeiríssimo, como deveria ser;
2) a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) viajava de graça pra lá e pra cá, mas não fiscalizava nada. De quebra, usou norma fajuta para facilitar a vida das companhias em Congonhas, filé do setor;
3) a Infraero (estatal responsável pelos aeroportos) gastou fortunas para embelezar os aeroportos, mas deixou as pistas para lá. O governo esbravejava que era preciso "desafogar" Congonhas. Mas para onde? A pista de Guarulhos também estava irregular e insegura.
Agora, quando caem o Learjet e três helicópteros, um atrás do outro, fica evidente que, além de Congonhas estar saturado e Guarulhos não ser nenhuma Brastemp, o aeroporto Campo de Marte, também no miolo paulista, é um quebra-galho perigoso. E, se ninguém cuida direito dos grandes aeroportos e dos grandes aviões, cuida-se menos ainda dos pequenos e dos helicópteros. Tudo entregue à própria sorte, à nossa sorte.
Enfim, nós estamos num mato sem cachorro e não temos para onde correr. Nem para onde voar.
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