Especialista em comunicação diz que a globalização aumentou o número de habilidades necessárias para um executivo falar bem em público.
Autor de 15 livros sobre comunicação e responsável por um dos cursos de oratória mais procurados do Brasil, o economista Reinaldo Polito passou a receber nos últimos anos uma grande demanda de executivos preocupados com apresentações para grupos e platéias de estrangeiros. Na entrevista a seguir, ele fala sobre os novos desafios trazidos pela globalização nesse campo.
Polito: "Só a antipatia não tem solução."
1 - Que novos desafios a globalização trouxe ao campo da comunicação empresarial?
A globalização exige novos talentos, como a capacidade de adaptar seu discurso a diferentes culturas. O idioma dos negócios é o inglês, mas existem sutilezas que precisam ser observadas, de acordo com cada audiência. Diante de uma platéia de executivos orientais, por exemplo, não fica bem exagerar na gesticulação.
É preciso também usar um tom de voz mais brando.
2 - Em que grau o acirramento da competitividade no mundo empresarial aumenta a importância do talento de se expressar em público?
Há 30 anos, apenas padres e políticos precisavam falar em público. Hoje, mais do que nunca, nos mais diferentes estágios da carreira, precisamos demonstrar habilidades de comunicação. Quem não souber fazer isso está fora da competição.
3 - Videoconferências e outras formas de reuniões virtuais são cada vez mais comuns. Essas tecnologias mudaram as regras de como fazer um bom discurso?
Não. Um palestrante precisa saber projetar bem sua voz, ter vocabulário, conteúdo, organização das idéias e expressão corporal. Esse tipo de coisa independe da mídia utilizada.
4 - Os executivos brasileiros hoje se expressam melhor em público do que os de antigamente?
Antes da abertura do mercado, muitos executivos achavam frescura fazer qualquer tipo de treinamento e preparação para falar em público. Com a concorrência dos estrangeiros, perceberam algo que hoje parece óbvio: nos negócios, leva vantagem quem sabe vender melhor uma idéia.
5 - Quais os problemas mais comuns entre os executivos que precisam se expressar em público?
O maior problema é o medo. É muito comum um executivo ficar nervoso diante de uma platéia, acelerando a fala, atropelando a dicção. Outra falha muito comum é a falta de organização das idéias. Por incrível que pareça, muitas pessoas têm dificuldade em criar um discurso com início, meio e fim.
6 - Que outros talentos são indispensáveis a um bom orador?
O segredo é aprender a usar suas características naturais de comunicação de maneira mais eficiente. Ele deve explorar sempre o que tem de melhor. Se o sujeito for mais reservado, não deve se violentar, tentando agir como um showman em público. Será um desastre na certa.
7 - Em qual grau é possível transformar uma pessoa tímida e insegura num bom orador?
Só a antipatia não tem solução. O resto é treinamento, treinamento, treinamento. Faço isso há mais de 30 anos, todos os dias, de manhã, à tarde e à noite, sábados, domingos e feriados. Nunca
encontrei uma pessoa com boa vontade e dedicação que não superasse suas limitações.
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É preciso se preparar bem para falar bem.
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