11 outubro 2007

DIRETORES INDICADOS


Editorial da Folha de S. Paulo

O Brasil cumpre à risca a receita do fracasso escolar. Professores mal preparados, estruturas esclerosadas, alunos desmotivados. Para piorar, permite-se que políticos indiquem diretores de escolas.
Estudo feito com base em dados do Saeb 2003 (exame do governo federal), realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná, mostra que 45% dos diretores de escola chegam a seus cargos por meio de indicações de deputados, vereadores, prefeitos, secretários etc.
Não faz sentido levar para o comando de uma escola alguém cujo vínculo com o sistema educacional é incerto. Mais grave ainda é trocar essa pessoa em razão de contingências da política partidária ou do calendário eleitoral. Tudo conspira contra as idéias de competência e continuidade, fundamentais para o bom desempenho de um colégio.
Não é, pois, surpresa que alunos de instituições dirigidas por apadrinhados políticos se saiam significativamente pior em exames que avaliam a qualidade do ensino. As más notícias, contudo, não param por aí. Outros 43% dos diretores são escolhidos por eleições, que podem incluir alunos, pais, funcionários. Sabe-se lá o que prometem na "campanha" para conquistar o posto. O rol dos males do democratismo ainda está por ser escrito.
Apenas 6,3% são definidos por instrumentos mais razoáveis de seleção como concursos públicos. O destaque positivo é a rede estadual paulista, na qual todos os diretores são escolhidos com base em sistema de mérito.
Decerto a forma de escolha do diretor não é garantia absoluta de qualidade. Mas é mais provável conseguir bons profissionais recorrendo a avaliações de competência técnica e gerencial. É preciso que o Congresso aprove uma lei que determine a realização de concurso na escolha de diretores de escolas públicas.

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