MELCHIADES FILHO
Não foi à toa que Lula prometeu o despejo de verbas nas grandes cidades e anunciou que o morador das 13 principais capitais "terá o privilégio de ver a quantidade de obras" a partir de agora.
A mais recente pesquisa do Datafolha constatou que as fortalezas de avaliação do primeiro mandato, como o Bolsa Família, não convenceram de todo o eleitorado urbano.
No interior, o governo Lula conta com a aprovação (ótimo + bom) de 54%. Nas regiões metropolitanas, esse índice cai para 49%. Nas capitais, desce ainda mais, para 42%.
Dos entrevistados que moram no interior, 16% apontaram espontaneamente as iniciativas contra miséria/fome como um trunfo do governo federal. Nas capitais, só 9%.
Não foi à toa, também, que Lula resolveu jogar as primeiras fichas da nova estratégia na cidade do Rio.
Há a memória entalada da vaia no estádio do Pan. Há a vontade de dar o troco em Cesar Maia, talvez o político que hoje mais torpedeie o lulismo. Há o desafio de lidar com a curiosa demografia do voto fluminense, espremido entre o neo-evangelismo e o old-brizolismo -e geralmente avesso ao petismo. Há a gratidão pelo apoio decisivo no tira-teima contra Geraldo Alckmin no ano passado. Há -por que não?- o bom gosto do presidente também.
Mas há, sobretudo, o diagnóstico da importância "geopolítica" do Rio: um enclave sem dono em um Sudeste controlado por tucanos.
Por isso o afã do Planalto de lançar o PAC da Rocinha, quando mais sensato teria sido investir nos bairros pobres da Baixada Fluminense.
Por isso, também, a apressada e demagógica decisão de entregar às escolas de samba uma bolada a fundo perdido, sem exigência de contrapartidas e prestação de contas.
Lula abriu o tabuleiro e rolou o dado. A competitividade do War in Rio da política põe no saco a da versão carioca, com favelas e traficantes, que um gaiato criou para o famoso jogo de estratégias de guerra.
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