20 dezembro 2007

PRONTUÁRIO DO PAPAI NOEL

RUY CASTRO

Um helicóptero com um Papai Noel que levava presentes para as crianças do Complexo da Maré foi atingido por dois tiros de fuzil na tarde de domingo. Ninguém se machucou, e o bravo Papai Noel voltou de carro para distribuir os presentes. Claro que, sendo no Rio, a história foi para o noticiário com o tratamento de "nem o Papai Noel escapa da violência".
Mas, nesse caso, o problema é da época, não do Rio. Dezembro é um mês com alta incidência de Papais Noéis, mais que, digamos, fevereiro ou agosto. No Natal de 2002, por exemplo, um Papai Noel levou um tiro no peito na frente das crianças ao ser atacado por três homens armados quando distribuía doces numa favela de Colombo, na Grande Curitiba. Não que os bandidos estivessem a fim dos doces -só não queriam estranhos por ali. A notícia ficou por lá mesmo e não se sabe nem se o homem morreu.
No mês passado, três bandidos, entre os quais um Papai Noel a bordo de uma pistola semi-automática 765, entraram numa casa do Jardim Claret, em Rio Claro, SP, e agrediram a coronhadas uma senhora de 71 anos para roubar R$ 5.000. Tinham 20, 18 e 17 anos, e até há pouco ainda estavam pondo o sapatinho para Papai Noel.
E, neste fim de semana, outra história do gênero teve, pelo menos, um final feliz. Em 2001, Renata, jovem publicitária paulistana, foi atacada numa rua do Brooklin por um Papai Noel que lhe deu três tiros na boca com balas dundum -aquelas que explodem depois de disparadas. Não morreu, mas teve a arcada dentária destroçada. Agora, seis anos depois, completou-se o doloroso tratamento que recebeu de graça de um dentista amigo. Renata já pode sorrir. Mas como se sente diante de um Papai Noel?
Mais triste que um Papai Noel vítima, só um Papai Noel como sinistro agressor.

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