14 dezembro 2007

PAPAI NOEL EXISTE?


Rosely Sayão


A mãe de uma garota com quase seis anos quer saber quando deve dizer à filha que Papai Noel não existe. Outra leitora, que não comemora o Natal por motivos religiosos, pergunta se os filhos - com menos de cinco anos- sofrem com essa diferença, já que até na escola o assunto do momento é a expectativa com a data. Outra quer saber se deve pedir aos familiares que não dêem brinquedos eletrônicos aos filhos, já que ela não os considera adequados. Pois bem: vamos pensar a respeito de questões que afligem tantos pais nesta época.
O primeiro ponto a se levar em conta é que a primeira infância, que dura aproximadamente seis anos, é um período vivido de modo mágico. A imaginação nessa fase é fantasiosa, o mundo real tem menor peso do que o mundo do faz-de-conta e a relação com a vida é totalmente lúdica. É por isso que as figuras míticas fazem sucesso entre crianças dessa idade.
A passagem de uma fase para a outra não é repentina: é com suavidade que a criança se despede da primeira infância para entrar na vida marcada pelos signos do mundo adulto. Deixar de acreditar em Papai Noel é só um sinal que ela dá de seu crescimento, e ela própria anuncia aos pais a hora certa para ter suas suspeitas confirmadas. A filha de nossa leitora, por exemplo, disse: "Mãe, Papai Noel não existe, mas a fada dos dentes existe, não é?"
O que a criança pede aos pais é simples: o acompanhamento do ritmo em que trilham essa passagem. Para tanto, basta os adultos ouvirem os filhos com atenção. Eles dão as dicas.
O segundo ponto a se considerar é que, para os filhos, as referências que os pais lhes dão com segurança e coerência é que valem. Assim, as crianças cujas famílias não comemoram o Natal até podem enfrentar frustrações, mas essas vivências fazem parte da formação de sua identidade. Aliás, reconhecer as diferenças e vivê-las é um passo importante para a criança aprender a se respeitar como é e a respeitar os outros.
Finalmente, vamos pensar sobre os presentes. Será que os pais devem chegar ao ponto de controlar o que as crianças ganham? Alguns, como nossa leitora, têm a intenção clara de, ao restringir eletrônicos, garantir um estilo de vida infantil aos filhos. Outros, como um que solicitou que não dessem roupas, querem evitar que estes se decepcionem com o que ganham.
O fato é que é no cotidiano de convívio com os filhos que os pais precisam tomar suas providências e passar seus valores. Assim, se os filhos ganham algo que os pais não consideram adequado e não querem que ele use definitiva ou temporariamente, basta comunicar a decisão, que pode ser a de guardar o objeto até o momento em que julguem que o filho possa usar.
Quanto aos brinquedos, temos dado importância exagerada a eles. É preciso considerar que eles servem apenas de suporte para as brincadeiras, e que estas sim é que importam.
As atitudes dos pais frente a tais situações são simples e sensatas, mas costumam gerar protestos dos filhos. Normal: afinal, educar supõe mesmo desagradar aos mais novos, lembram-se disso?

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