FERNANDO DE BARROS E SILVA
Como explicar a derrota histórica na madrugada de ontem? E como dimensioná-la? É o maior revés para Lula? Depende. Muita gente ainda faz contas, mas até Papai Noel já percebeu que o governo terá de sacrificar investimentos em infra-estrutura, ainda que isso não impacte o crescimento do país em 2008. Uma coisa é certa: o PAC levou uma canelada.
Em termos políticos, porém, a derrubada da CPMF parece bem menos nociva ao Planalto do que foi, por exemplo, a eleição de Severino Cavalcanti, em fevereiro de 2005. E isso apesar do engajamento do governo pela renovação do tributo, em contraste com a desídia de quase três anos atrás.
Tratava-se, então, de uma causa e de um sintoma do completo desarranjo da base parlamentar lulista, processo que desembocou logo adiante na crise do mensalão, colocando em risco o próprio mandato.
Não há nada disso no horizonte. O governo decerto perde -e muito-, mas desta vez cai de pé. Fica sem o dinheiro, mas ganha um discurso. Verdade ou não, vai transferir para a oposição a culpa pelo sumiço de R$ 40 bilhões da saúde. E saberá se segurar sem eles.
Os "demos" do PFL só podem estar como pintos no lixo -chafurdando em felicidade. São os pequeninos grandes vitoriosos da madrugada. Jogaram seu papel. O fato é que o governo perdeu para si mesmo, derrotado pela incapacidade do Executivo de operar a própria base, balofa demais, eficaz de menos.
E o PSDB? Venceu contra si mesmo. Serra e Aécio, os governadores presidenciáveis, ficaram sem dinheiro e sem discurso. Queriam a CPMF e foram derrotados com Lula. Não é algo fácil de entender.
Mas Arthur Virgílio, o Jim Jones do tucanato, só liderou a bancada na ponta da faca porque tinha respaldo e retaguarda de Fernando Henrique. Visão estratégica? Vitória da democracia? Parece só inveja histórica. Seria melhor se não fosse. Como FHC bem sabe, quem paga o pato não é a turma do Paulo Skaf.
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