CLÓVIS ROSSI
Há mais semelhanças entre Brasil e Rússia do que o fato de estarem no Bric, acrônimo para Brasil, Rússia, Índia e China inventado por uma firma financeira para fantasiar sobre as potências mundiais lá por 2020.
Pelo menos é o que se percebe lendo o texto do notável repórter Igor Gielow na Folha de ontem. Comecemos pela bovina mansidão da sociedade, tema inúmeras vezes tratado neste espaço. Na Rússia, é assim, segundo Roman Schleinov, editor do jornal "Novaya Gazeta": "Não existe uma sociedade civil na Rússia ainda. Existem espasmos, aqui e ali, mas o que temos é isso: um monte de gente indo de um lugar para o outro".
Passemos agora ao tema mídia, sempre segundo Schleinov: "Existe, sim, liberdade de imprensa na Rússia. Há dificuldades fora de Moscou e São Petersburgo, nas regiões afastadas. O problema real é outro, é que ninguém dá importância às críticas. Se 10%, 15% da população dos grandes centros se preocupa, é muito".
Acrescenta o analista Sergei Markov, conselheiro informal do presidente Putin: "A imprensa é livre, pode criticar o quanto quiser. O que importa é que o governo tenha as maiores TVs sob controle, porque elas são instrumentos de propaganda, e é o que interessa". No Brasil, como o governo não tem as maiores TVs sob controle, cria a sua própria TV, porque, cá como lá, o público se informa é pela televisão, que jornais são para os 10% ou 15% mencionados pelo jornalista russo.
Parêntesis: é cedo para decretar que a TV pública brasileira será "chapa-branca". Mas que foi criada porque o noticiário da Globo não agradou ao poder, é inegável.
Até na sede pela perpetuação no poder há semelhanças entre Putin e setores do PT. Não há modelos melhores do que a Rússia no supermercado global?
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