08 dezembro 2007

BRASIL É O 2º MAIOR INVESTIDOR EXTERNO DOS EMERGENTES

Folha de S. Paulo

Vale é a maior multinacional brasileira em ativos; Gerdau, a mais internacionalizada

Coordenador de pesquisa destaca a valorização do real no processo de crescimento da presença de empresas brasileiras no exterior

O Brasil foi o segundo maior investidor externo entre países em desenvolvimento em 2006, conforme estudo a ser publicado hoje pela Fundação Dom Cabral e pela Universidade Columbia (EUA). Hong Kong ficou em primeiro lugar no estudo, que considera fluxos de investimento direto estrangeiro.
Embora a Companhia Vale do Rio Doce e a Petrobras liderem o ranking das maiores multinacionais brasileiras em termos de ativos, a Gerdau é a primeira no ranking de internacionalização das empresas. Essa lista é feita a partir de um índice principal calculado pela média de ativos, pelo número de funcionários e pela receita no exterior como um percentual de seus respectivos totais. Não foram consideradas empresas de serviços financeiros.
A necessidade de buscar acesso a recursos naturais, a mercados mais amplos e a proximidade com consumidores está por trás do aumento da internacionalização de empresas domésticas, diz Luiz Carlos Ferreira de Carvalho, coordenador da pesquisa e do Núcleo de Negócios Internacionais da Fundação Dom Cabral.
A Petrobras teve de se internacionalizar para buscar mais recursos naturais, a Gerdau precisou de mercados, enquanto a Vale foi atrás dos dois fatores, explica o coordenador do estudo. "Para se tornar uma das maiores do mundo, o mercado brasileiro não é suficiente, é preciso exportar. A Vale terá de fazer novas aquisições para oferecer minério de ferro."
A baixa classificação de algumas companhias no ranking de internacionalização, como a Petrobras, que ficou no 18º lugar, se deve, no caso da petrolífera, ao fato de ela possuir a maior parte de seu faturamento e de seus ativos no Brasil.
"A maior internacionalização das companhias brasileiras contribui para a balança de pagamentos do país e para a relevância econômica do Brasil, que tem grandes "players" em vários setores, como Vale, Petrobras e Gerdau, maior produtora de aço nos Estados Unidos e nas Américas", diz Carvalho.
A internacionalização das empresas brasileiras cresceu rapidamente nos últimos anos, incrementada por mudanças nas regras que dificultavam o investimento externo e por empresas como a Vale e a Petrobras, cujos ativos representam hoje cerca de dois terços do total que possuem no exterior as 20 maiores companhias multinacionais de capital majoritariamente brasileiro.
O grupo de empresas que fornecem insumos para outras indústrias representa 19%. As multinacionais que produzem bens acabados e empresas de serviços totalizam cerca de 6% dos ativos fora do país. Sobra menos de 1% para a única empresa multinacional brasileira de bens de consumo no exterior, a Natura.
Carvalho destaca a valorização do real no processo de crescimento da presença de empresas nacionais no exterior. "Com o real forte, podemos comprar mais facilmente ativos lá fora e importar bens de capital mais baratos, para aumentar a capacidade produtiva."
Quanto ao risco de transferência de empregos para o exterior, Carvalho diz que, se o investimento em outros países fosse ruim, "países como a Alemanha e os Estados Unidos, que têm filiais no Brasil, teriam encontrado formas de se proteger. Ao investir lá fora, as empresas repassam o lucro".
Cada vez mais as empresas, incluindo pequenas e médias, estão se tornando multinacionais. As afiliadas no exterior das 20 maiores empresas com ativos físicos lá fora estão em 51 países. Votorantim, Camargo Corrêa, Odebrecht e WEG, cada uma delas presente em outros 12 países, lideram a lista por abrangência geográfica.
A Universidade Columbia também prepara estudos semelhantes na Rússia, China, Hong Kong e África do Sul.

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