Uma escultura em madeira  de cinco metros de altura que  decorava o Palácio da Alvorada,  em Brasília, chegou a SP nesta  semana -podre e quebrada. 
Encomenda de dona Ruth Cardoso à artista plástica Elisa  Bracher para o jardim da casa  presidencial, a escultura, diz a  autora, "incomodou" a primeira-dama Marisa Letícia. "A  gente recebeu um telefonema  da secretária dela, dizendo que  a dona Marisa não suportava a  obra e que era pra retirar imediatamente", diz Elisa, que tem  esculturas na Alemanha e no  jardim da universidade de Essex, na Inglaterra. 

O palácio diz que recebeu o trabalho em 2001, com um contrato de comodato, sem pagamento, que venceu em 2002. Dois anos depois, "a presidência informou não ter interesse em permanecer com a obra". Dona Marisa não gostava dela? "Não vamos detalhar o motivo", diz a assessoria. Ainda segundo o palácio, a obra teria sido guardada em almoxarifado desde então. "Inúmeros contatos telefônicos" foram feitos à galeria de Raquel Arnaud, que representa a artista, pedindo a retirada -e nada. Apenas na semana passada, um guincho foi enviado para retirar o trabalho, que voltou para SP. Pouco antes de serrar o resto da escultura, Elisa Bracher falou à coluna:

FOLHA - O que aconteceu?
ELISA BRACHER - A escultura chegou a SP na quinta-feira. A idéia era instalar no parque do Trote. Mas, quando ela chegou, a gente viu que estava dividida em duas. Os parafusos estavam estourados de uma maneira super violenta. Na sexta, a gente tentou pôr de pé e não parou. A madeira tá podre, toda fofa.
FOLHA - A senhora está chateada? 
ELISA - É óbvio que você fica  chateado quando alguém diz:  "Não quero seu trabalho". Agora, esse direito de destruir uma  obra, não tem, não existe isso!  Ela não tem esse direito! Eles  feriram meu direito.  
FOLHA - A obra foi bem cuidada? 
ELISA - Não. Só ficou no almoxarifado durante um tempo.  Depois, eles falaram que a gente tinha que pagar o aluguel do  almoxarifado. Eu falei com Raquel [Arnaud]: "Não vamos pagar aluguel, pelo amor de Deus!  Já chega o jeito que a gente tá  sendo tratado". Tá certo que a  gente tá um pouco lento, mas...  Aí eles abandonaram. Um amigo meu passou em Brasília e  avisou que estava tudo largado  lá: no chão de terra, nos fundos  do palácio, no tempo.  
FOLHA - Por que rejeitaram a obra? 
ELISA - Eu não quero esse negócio de caça às bruxas. Mas eu tô  louca da vida! Não é assim que  se trata um artista. A dona Ruth  veio pessoalmente ao meu ateliê e me pediu que fizesse uma  obra para o palácio. Eu fiz, fui lá  colocar e fui muito bem tratada  pela gestão FHC. Depois, a galeria recebeu um telefonema da  secretária da dona Marisa, dizendo que ela não suportava a  obra e que era pra retirar imediatamente. A galeria foi lenta  no processo. Agora, imediatamente, não dá pra retirar uma  obra de dez toneladas.  
ELISA - Ela gosta e não gosta do que ela quiser, sei lá, não conheço. Eu não queria criar picuinha. Mas aposto que se fosse um general em cima de um cavalo não teria problema, sabe?
Um comentário:
Finalmente alguém com bom gosto naquele Palácio!!
Aquela obra estragava o jardim!
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