11 abril 2007

FALAR É GRÁTIS

CLÓVIS ROSSI

É típica do jeito de ser do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sua reação ao pedido de pôr as Forças Armadas nas ruas do Rio, ainda a ser feito pelo governador Sérgio Cabral. Belo palavrório, mas total desprezo pelos fatos e pela ação efetiva.

As Forças Armadas "estão à disposição" do Rio, disse Lula. Como se fossem uma espécie de supermercado em que o freguês entra e pega os soldados mais vistosos, as armas mais interessantes, passa no caixa e paga. Ridículo.

O fato é que as Forças Armadas não estão à disposição do Rio nem de ninguém. Para que atuem no policiamento, mesmo que seja apenas nas vias expressas, como sugere Cabral, é preciso mais que o gogó do presidente.

É preciso assinar os papéis correspondentes, para não falar da necessidade de superar a resistência histórica dos chefes militares à utilização da tropa para funções de caráter policial (resistência, aliás, que existe também em vários outros setores da sociedade).

Se estivessem "à disposição" do Rio, já estariam no patrulhamento, porque Cabral vem batendo nessa tecla desde os ataques do fim do ano contra policiais e prédios públicos - atos que Lula batizou de "terroristas", mas que, não obstante, não fez rigorosamente nada para ajudar a combater.

Da mesma forma, não "está à disposição" a tal Força Nacional de Segurança, igualmente solicitada por Cabral, na mesma época. Foi enviado um contingente que até agora não passou de cenográfico: posou para fotos ao embarcar em Brasília (parte do pessoal foi de ônibus para o Rio, numa evidência da rapidez com que reage o governo Lula à qualquer crise); posou de novo ao chegar ao Rio. Na vida real, não mudou um milímetro a situação de insegurança, que o governador é o primeiro a admitir.

É típico do poder público: bom de gogó, péssimo na ação.

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