Só faltava essa...
Depois do vinho, do chá, do chocolate, do sal... (ufa!), já pensou em degustar água?
Por Joana Ricci
Beber água faz bem. Todo mundo sabe. Repare: perto de você deve ter alguém com uma garrafinha na mão. Em tempos de ameaças de escassez, aquecimento global e afins, o líquido tende a ficar cada vez mais importante. No Brasil, o consumo de água engarrafada triplicou nos últimos 10 anos, conforme dados da Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais (Abinam) e do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). As prateleiras do supermercado acomodam 400 marcas diferentes. Das nacionais, como Prata e São Lourenço – consideradas “gourmet” por acompanhar bem refeições regadas a vinho –, às importadas, como a francesa Perrier e a italiana San Pellegrino. Na tentativa de estimular ainda mais o consumo, uma proposta inusitada: degustação de água. A coisa toda é ancorada na onda de provas de quase todo tipo de bebida (vinho, café, chá) e até comida (chocolate, sal).
O portal encarou uma aula que ensina a avaliar o líquido. Foi no curso Universidade dos Sentidos, ministrado pelo consultor Renato Frascino. A idéia é proporcionar experiências sensoriais a partir da degustação de alimentos e bebidas. Diante das outras “disciplinas” oferecidas, como vinho, azeite e cerveja, a aula a princípio parecia bem aguada – com o perdão do trocadilho. Mas funciona assim, como outras análises do gênero: o produto é testado levando-se em conta sabor, aroma e textura. Pode variar em acidez, efervescência – no caso das gasosas – e até mesmo em estrutura e suavidade: que tal uma mais encorpada e aveludada?
“Nenhuma água é igual e seu gosto é alterado em função do clima e do solo”, afirma Frascino. A bioquímica Petra Sanchez Sanchez, da Abinam, explica que, antes de ser extraída, a água mineral passa por diversas rochas e é delas que retira seus nutrientes. “Isso também altera o sabor”, afirma Petra. Pois é. Parece que já não basta decidir entre com e sem gás, gelo e limão. Se a moda pega, logo o garçom vem oferecer uma carta de água....
Água de beber
• Ela pode ser:
- tratada pela rede pública. É a que sai das torneiras
- mineral natural. É envasada direto da fonte
- enriquecida artificialmente em laboratório, onde são adicionados sais à composição original
• As chamadas águas aromatizadas são bebidas com sabor (limão, laranja) e não contém gás. Se tiver bolhinhas, é refrigerante.
• A água que sai da torneira é potável e, em tese, pode ser bebida. “Para que a qualidade seja preservada, a caixa-d’água ou reservatório em que ela é armazenada devem estar sempre em bom estado e serem limpos a cada seis meses”, afirma Ivana Wuo Pereira, gerente do departamento de Controle de Qualidade da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
• Em São Paulo, a água que sai da torneira vem enriquecida com flúor. A medida é parte da política de prevenção de cáries na população.
• Antes de ser envasada, a água entra em contato com rochas, areia, algas e outros elementos que a afetam. Solo e clima também influenciam o sabor e a composição.
• Fique de olho: o rótulo da água engarrafada exibe as variações de componentes. Os mais comuns são sódio, potássio, cálcio e bicarbonato.
- Uma pessoa que tem problemas cardíacos, por exemplo, não deve consumir sódio em excesso
- Quem precisa ingerir mais cálcio, mas não pode beber leite, pode optar por uma água que tenha mais desse elemento em sua composição. “Estudos recentes dizem que o cálcio presente na água é ainda melhor absorvido pelo organismo”, diz a bioquímica Petra Sanchez Sanchez, da Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais (Abinam) .
- o magnésio é indicado para quem controla a hipertensão, o zinco ajuda no processo curativo, o cálcio previne a osteoporose e o bicarbonato reduz a acidez do estômago.
• Em média, o brasileiro bebe 31 litros de água envasada por ano. Os paulistanos consomem 75 litros. Em países da Europa, esse consumo chega a 162 litros no mesmo período
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