12 abril 2007

DEGUSTAÇÃO DE ÁGUA?

Só faltava essa...

Depois do vinho, do chá, do chocolate, do sal... (ufa!), já pensou em degustar água?
Por Joana Ricci

Beber água faz bem. Todo mundo sabe. Repare: perto de você deve ter alguém com uma garrafinha na mão. Em tempos de ameaças de escassez, aquecimento global e afins, o líquido tende a ficar cada vez mais importante. No Brasil, o consumo de água engarrafada triplicou nos últimos 10 anos, conforme dados da Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais (Abinam) e do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). As prateleiras do supermercado acomodam 400 marcas diferentes. Das nacionais, como Prata e São Lourenço – consideradas “gourmet” por acompanhar bem refeições regadas a vinho –, às importadas, como a francesa Perrier e a italiana San Pellegrino. Na tentativa de estimular ainda mais o consumo, uma proposta inusitada: degustação de água. A coisa toda é ancorada na onda de provas de quase todo tipo de bebida (vinho, café, chá) e até comida (chocolate, sal).

O portal encarou uma aula que ensina a avaliar o líquido. Foi no curso Universidade dos Sentidos, ministrado pelo consultor Renato Frascino. A idéia é proporcionar experiências sensoriais a partir da degustação de alimentos e bebidas. Diante das outras “disciplinas” oferecidas, como vinho, azeite e cerveja, a aula a princípio parecia bem aguada – com o perdão do trocadilho. Mas funciona assim, como outras análises do gênero: o produto é testado levando-se em conta sabor, aroma e textura. Pode variar em acidez, efervescência – no caso das gasosas – e até mesmo em estrutura e suavidade: que tal uma mais encorpada e aveludada?

“Nenhuma água é igual e seu gosto é alterado em função do clima e do solo”, afirma Frascino. A bioquímica Petra Sanchez Sanchez, da Abinam, explica que, antes de ser extraída, a água mineral passa por diversas rochas e é delas que retira seus nutrientes. “Isso também altera o sabor”, afirma Petra. Pois é. Parece que já não basta decidir entre com e sem gás, gelo e limão. Se a moda pega, logo o garçom vem oferecer uma carta de água....

Água de beber
• Ela pode ser:
- tratada pela rede pública. É a que sai das torneiras
- mineral natural. É envasada direto da fonte
- enriquecida artificialmente em laboratório, onde são adicionados sais à composição original

• As chamadas águas aromatizadas são bebidas com sabor (limão, laranja) e não contém gás. Se tiver bolhinhas, é refrigerante.

• A água que sai da torneira é potável e, em tese, pode ser bebida. “Para que a qualidade seja preservada, a caixa-d’água ou reservatório em que ela é armazenada devem estar sempre em bom estado e serem limpos a cada seis meses”, afirma Ivana Wuo Pereira, gerente do departamento de Controle de Qualidade da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).

• Em São Paulo, a água que sai da torneira vem enriquecida com flúor. A medida é parte da política de prevenção de cáries na população.

• Antes de ser envasada, a água entra em contato com rochas, areia, algas e outros elementos que a afetam. Solo e clima também influenciam o sabor e a composição.

Fique de olho: o rótulo da água engarrafada exibe as variações de componentes. Os mais comuns são sódio, potássio, cálcio e bicarbonato.
- Uma pessoa que tem problemas cardíacos, por exemplo, não deve consumir sódio em excesso
- Quem precisa ingerir mais cálcio, mas não pode beber leite, pode optar por uma água que tenha mais desse elemento em sua composição. “Estudos recentes dizem que o cálcio presente na água é ainda melhor absorvido pelo organismo”, diz a bioquímica Petra Sanchez Sanchez, da Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais (Abinam) .
- o magnésio é indicado para quem controla a hipertensão, o zinco ajuda no processo curativo, o cálcio previne a osteoporose e o bicarbonato reduz a acidez do estômago.

• Em média, o brasileiro bebe 31 litros de água envasada por ano. Os paulistanos consomem 75 litros. Em países da Europa, esse consumo chega a 162 litros no mesmo período

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