17 abril 2007

DEPUTADO VAI AO STF PELO DIREITO DE USAR CHAPÉU

Do Blog de Josias de Souza:

DivulgaçãoConforme já noticiado aqui no blog, o STF tornou-se o supremo retrato do caos do Judiciário. Os 11 ministros que integram o tribunal recebem anualmente uma média de 10 mil novos processos para julgar. Em 2007, as estatísticas do Supremo, já obesas, serão engordadas por um processo inusitado.

O deputado Edigar Mão Branca (PV-BA) impetrou no STF um mandado de segurança em que pede, veja você, que lhe seja assegurado o direito de trafegar pelos corredores do Legislativo com a cabeça guarnecida por um chapéu de vaqueiro. Alega que o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), está na bica de baixar um ato proibindo-o de usar o apetrecho.

Mão Branca sustenta no mandado de segurança que, desde o dia em que tomou posse, vem usando o chapéu de couro, inclusive em plenário. Anota que atribui à peça um valor inestimável: “O chapéu”, escreve ele, “é um acessório importante de vestimenta para caracterizar a personalidade de uma determinada pessoa por meio de suas diferentes formas, materiais e cores”.

O deputado completa: “O uso do chapéu de couro está diretamente relacionado com a bravura do vaqueiro nordestino que, para o seu trabalho, utiliza o chapéu como proteção do sol e dos golpes dos espinhos e dos galhos da caatinga e, às vezes, utiliza a sua copa para beber água ou comer”.

Curiosamente, não há vestígio de raios solares no interior do prédio do Congresso. Tampouco há notícia de que a selva do Legislativo sujeite os congressistas a golpes de espinho ou de galhos da caatinga. De resto, há fartura de copos e pratos no Parlamento.

Assim, resta a impressão de que o objetivo do deputado é menos o de assegurar um direito e mais o de aparecer a qualquer custo. Cabe, de resto, uma pergunta singela: às voltas com tantas transgressões à ética e à moral, por que diabos a Câmara perde tempo com o chapéu do deputado Mão Branca? Sob o telhado de vidro em que se encontra, a Mesa diretora da Câmara flerta com o ridículo coletivo ao cogitar a proibição do direito de Mão Branca ao exercício individual do grotesco.

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