ELIANE CANTANHÊDE
Chávez deu um ultimato: se o Congresso brasileiro não aprovar a adesão da Venezuela ao Mercosul até setembro, ele cai fora. O que o Congresso fez? Engoliu em seco e já articulou a aprovação.
Questão delicada. O peso da Venezuela nas exportações brasileiras e no PIB do Mercosul é significativo. No ano passado, as empresas daqui venderam US$ 3,6 bi para os venezuelanos, na grande maioria em produtos industrializados, com um superávit de US$ 3 bi. E o PIB do Mercosul, com a Venezuela, pula para US$ 1 trilhão - passando de 54% para 76% da economia da América Latina e mudando o status do bloco num mundo altamente globalizado e competitivo.
Em compensação... a adesão da Venezuela é também a adesão de Chávez, com sua megalomania, sua verborragia, seus ataques aos EUA, suas provocações ao Brasil e sua corrida armamentista de deixar meio mundo de cabelo em pé. Há que equilibrar bônus econômico com ônus político. Um equilíbrio difícil, cheio de interrogações.
Com o presidente do Senado sob suspeição e o Congresso em frangalhos, quem vai decidir é o Executivo, e a melhor aposta é que a inclusão da Venezuela e de Chávez seja enfim aprovada. Depois, Lula, Marco Aurélio Garcia e Celso Amorim que se virem para tourear o novo e imprevisível parceiro.
O Paraguai vai aprovar, e o Brasil não tem saída. Enterrou a Alca, é pivô do impasse na OMC e não fez - nem deixou os parceiros do Cone Sul fazerem - acordos bilaterais com os EUA. Restam duas alternativas para driblar uma derrota acachapante: levar a sério as negociações com a União Européia e reforçar o Mercosul, principalmente com a Venezuela. Ruim com Chávez, pior ainda sem ele. Melhor dizendo, sem a Venezuela. Desculpe o lugar comum, mas é o típico caso de "se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come". Chávez grunhe grosso. E o Brasil afina.
Nosso comentário:
Em questões internacionais, a diplomacia brasileira sempre deixou muito a desejar. Decisões demoram a ser tomadas, defesas e argumentos quase sempre tão frágeis, posições equivocadas, idéias de terceiro mundo, enfim, silêncio quando é preciso brigar, falar.
Neste governo Lula, a diplomacia nas relações internacionais acabaram de vez, o chanceler Celso Amorim é vacilante na maioria das vezes que precisaria ser ebfático, e com isso, o Brasil seja é cada vez menos respeitado. Ou seja, estamos lançados à própria sorte. E espero sinceramente, que ela esteja do nosso lado.
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