16 julho 2007

O MONUMENTO

JANIO DE FREITAS

A vaia vem do fundo, explosão de sentimentos à simples aparição de uma imagem ou de um som

Uma vaia olímpica, vaia maracanã, o som gigantesco de dezenas de milhares de vozes soando como uma só, não é vaia. Nem é para qualquer um. Pode ser uma ou várias de muitas intenções. Pode ser desmistificação, ou advertência, arrependimento, pode ser decepção, tristeza, raiva, pode ser muita coisa. Em qualquer delas, é uma das manifestações mais grandiosas do ser humano.
O grande aplauso pode vir, e com maior frequência vem, de um entusiasmo momentâneo, de predisposição, da força das circunstâncias. A vaia, não. A vaia vem do fundo. De tão autêntica, torna-se autônoma e automática, a explosão instantânea de sentimentos intensos à simples aparição de uma imagem ou de um som. É isso que faz de toda vaia política um monumento histórico.
Lula já tem o seu monumento histórico. Foi justo que o recebesse do Rio, cidade e estado discriminados agressivamente, desde o primeiro momento do primeiro mandato de Lula, para prejudicar um possível (depois confirmado) adversário da reeleição.
Mas a vaia não veio de disputa eleitoral, muito ao contrário, porque a cidade também não é território afável com os Garotinho.
A vaia foi a sonoridade do mesmo sentimento que, na eleição passada, recusou a permanência de Lula e deixou o PT praticamente extinto na cidade e no estado. Foi vaia política, mas, sobretudo, vaia ao Lula que nasceu no Poder.
Na linguagem carioca, o Rio não é a praia de Lula.

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Quanta gente gostaria de ter participado desta vaia!...

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