ELIANE CANTANHÊDE
Era só o que faltava: a greve dos funcionários da Infraero em Guarulhos a partir de quarta. Agora é que a coisa vai ficar boa. E é assim que, tal como os escândalos de corrupção, os lances da crise aérea vão se sobrepondo numa velocidade e numa complexidade tais que o que era importante ontem não é mais hoje e será esquecido amanhã. O acidente do Gol 1907 foi um fato em si, mas se desmembrou numa novela sem fim.
Logo depois do acidente, em 29 de setembro, houve uma aliança involuntária entre a imprensa americana e controladores brasileiros para jogar toda a culpa no sistema de controle aéreo do Brasil. Ela, para tentar livrar a cara dos pilotos. Eles, para livrarem a própria cara.
Foi assim que a discussão sobre o acidente desacreditou o sistema, descambou para o "buraco negro" (aliás, ninguém mais fala nisso...), acirrou o "patriotismo", deflagrou o movimento decisivo dos controladores, aguçou a voracidade das empresas e virou pandemônio. Só faltava greve na Infraero. Qual é o erro e como corrigir?
Não há mais resposta. Cada hora aparece um erro novo, um puxando o outro, numa guerra de versões. A culpa é do Planalto, antes de mais nada, porque entrou mal na crise e nunca saiu dela. É também da FAB, da Infraero, da Anac, dos controladores, dos nevoeiros e das empresas -que tiraram sua casquinha na pior hora e não admitem algo indispensável: rever a malha aérea.
O descontrole começou com os controladores (desculpe o mau jeito) e não parou mais. Corrige daqui, estoura dali. Falta comando. Cada um faz o que quer. E fala o que quer. Marta mandou "relaxar e gozar". Mantega atribuiu a crise ao sucesso (sic) da economia. Waldir Pires voa.
Palocci fura fila. Marta de jatinho pra lá e pra cá. É de chorar nos aeroportos e de rir fora deles. A tragédia virou uma comédia sem graça e sem final à vista. Ah! E sem Lula. PS - De que tanto Roriz ri, hein?
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Onde o Brasil vai parar?
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