26 julho 2007

NELSON JOBIM: MINISTRO DA DEFESA DA IMAGEM DO GOVERNO!

Do Ex-Blog de César Maia

1. A escolha de Nelson Jobim para Ministro da Defesa é um caso clássico na linhagem
dos governos politicamente fragilizados e com flancos insustentáveis. Nesses casos -
chefes de governo fracos- escolhem para ministro ou ministros, num momento de crise
aguda, algum personagem que possa -por sua imagem- dar cobertura ao governo. Isso
permite ainda ganhar tempo, na medida que não vai se cobrar do novo ministro
resultados em curto prazo.



2. Esse é um velho e carcomido recurso dos governos em processo de desintegração.
Collor é um exemplo. No auge da desmoralização do governo, cobriu seu ministério de
nelsons jobins, como Celio Borja, Marcilio Marques Moreira, e por aí foi. O
resultado já sabemos.



3. A escolha nada tem a ver com a crise aérea, mas com a hemorragia política interna:
o presidente precisa de cobertura para fazer transfusão de sangue. O perfil do novo
ministro - perfil técnico - é o antípoda das questões que vai enfrentar. Nada de seu
currículo tem a ver com essa função.



4. E ainda agrega um problema novo e insolúvel que cai exatamente dentro do
aconselhamento de Tancredo Neves: - Nunca nomeie quem você não pode exonerar. Esse é
um caso. Quando levarem a Jobim as informações relativas aos recursos necessários
para reconstruir o sistema aeroportuário e de controles do espaço aéreo brasileiros
e o tempo que isso vai requerer, não haverá Banco Central para dizer não ao novo
ministro. Isso é bom para o setor. Mas só fará acentuar - interna córporis - a
velocidade da hemorragia que vai deixando de ser apenas interna. A velocidade de
resposta exigia outro tratamento operacional.



5. Entre as histórias contadas por políticos, todos conhecem a das três cartas que o
presidente que saía deixou ao que entrava. Na primeira crise a carta aberta dizia: -
Ponha toda a culpa no governo anterior. Na segunda crise a carta aberta dizia: Faça
uma reforma ministerial. A terceira crise e a terceira carta: -Escreva três cartas a
quem vai lhe substituir. A nomeação de um ministro apenas para dar cobertura à
imagem do governo é uma espécie de retardamento da terceira carta. Só que a torna
mais inevitável ainda. Se houvesse uma carta antes da última, se poderia dizer: - Não
há mais presidente.

6. A tempo! E nem se tratou aqui das Forças Armadas, que com um ministro a quem o
frágil presidente não pode dizer não, vão tirar das gavetas todos os programas de
modernização de equipamentos e todo o atraso remuneratório aos quais foram ditos -
nãos - no passado.


*


Alguém tem que fazer alguma coisa.
Não dá é pra continuar assim.

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