31 julho 2007

CARTA ABERTA AO MINISTRO DA DEFESA


MARIA INÊS DOLCI

O sr. não pode aceitar que a Anac seja um apêndice das empresas aéreas, permitindo todo o tipo de abuso

Prezado Senhor Ministro Nelson Jobim:
Em primeiro lugar, peço licença para dispensar as formalidades e ir direto ao assunto. Não suportamos mais o caos aéreo, nem o temor, quando entramos em qualquer avião nos aeroportos brasileiros, de que estejamos arriscando nossas vidas além do normal nesse tipo de transporte.
Como o governo federal nada fez, de efetivo, entre as quedas do vôo 1907, da Gol, no dia 29 de setembro de 2006, e do vôo 3054, da TAM, no último dia 17 de julho, esperamos que o senhor:
1. Fique de olho nas companhias aéreas, que demonstraram, até agora, total desprezo pelos passageiros, seja em terra, nos aeroportos, enquanto esperam alguma notícia sobre vôos atrasados, cancelados, transferidos etc. Ou no ar, quando lotam, por exemplo, uma aeronave que deveria sofrer reparos no reverso, como foi o caso do fatídico vôo 3054 da TAM;
2. O senhor não pode aceitar que a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) seja um apêndice das companhias aéreas, permitindo todo o tipo de abuso, como o overbooking, com um sorriso nos lábios;
3. Cancele, por favor, imediatamente, qualquer majoração nos preços das passagens aéreas, pois isso parece gozação (não a sugerida pela ministra do Turismo, Marta Suplicy), e até outras palavras que não seria educado dizer ao senhor;
4. Cobre, do Ministério dos Transportes, dos governos estaduais e municipais, providências imediatas (já, hein, ministro!) com relação aos trens-bala, para ligação entre São Paulo-Rio, São Paulo-Belo Horizonte, São Paulo-Curitiba, dentre outras rotas;
5. Planeje, com o governador de São Paulo e com os prefeitos, ações emergenciais para reduzir o tempo nas viagens do centro da cidade até os aeroportos de Guarulhos, de Jundiaí e de Campinas;
6. Com o Ministério da Justiça e os secretários estaduais dessa pasta, estabeleça um acordo para abertura imediata (já, ministro) de postos de entidades de defesa do consumidor nos aeroportos. E, de inhapa, com o Judiciário (afinal, o senhor já esteve lá, no Supremo Tribunal Federal), a instalação de plantões judiciais nos principais aeroportos brasileiros, para julgamento, imediato, de abusos das companhias aéreas, da Infraero etc;
7. Não caia na tentação do marketing político -aquele que anuncia pacotes o tempo todo, mas nada soluciona. Decida, faça, cobre, demita (dispensar incompetentes e malandros não é crime, é obrigação);
8. Não use a surrada expressão "terceiro turno eleitoral" ou coisa que o valha para responder a críticas objetivas, justas e coerentes. Cobrar governos é obrigação da oposição, da mídia, das organizações da sociedade civil;
9. Faça isso tudo rapidamente, para mostrar que, agora, há comando na aviação civil;
10. Peça para seus colegas trabalharem mais, falarem menos e esquecerem suas medalhas em casa.
Boa sorte para todos nós!


*

As coisas parecem tão fáceis... e são fáceis. Falta apenas boa vontade.
Torcemos para que Jobim faça um bom trabalho. O Brasil merece.

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