06 julho 2007

EXCESSO DE FALTA DE DECORO

CLÓVIS ROSSI

Se faltasse motivo para punir o presidente do Senado, Renan Calheiros, ele próprio o forneceu, na forma de excesso de falta de decoro. Essa é a única qualificação publicável para a sua teoria da conspiração da mídia para "vingar-se de Lula", derrubando o próprio Calheiros. Ridículo, grotesco e caricato, como dizia há meio século um velho cronista esportivo.
A tosca teoria do presidente do Senado é esta: "Setores da mídia, que não conseguiram derrubar o presidente Lula, agora querem ir à forra, querem ir ao terceiro turno, derrubando o presidente do Senado Federal".
Primeiro, uma omissão criminosa de parte do senador: se havia uma conspiração da mídia para derrubar Lula, ele deveria tê-la denunciado energicamente. Calou-se, no entanto, e até bajulou mais de um meio de comunicação. Segundo, é um mitômano, o que também desqualifica qualquer político, mais ainda quem ocupa alto posto. Pretender que derrubá-lo é atingir Lula é dar a si próprio uma enorme importância, que sabidamente não tem. É também análise política primária, primitiva, sem o menor valor, o que é insuportável em um político que se pretende de alto coturno. Há uma só pessoa, além de Calheiros, que acredita que Lula será minimamente atingido se o presidente do Senado for afastado?
Se Lula não foi torrado pela incineração de seus dois auxiliares mais próximos (José Dirceu e Antonio Palocci), é arquievidente que nem lhe fará cócegas a desgraça de Calheiros. Ao contrário, talvez até lhe seja benéfica, abrindo a chance para colocar no comando do Senado uma figura menos desgastada e com um mínimo de bom senso na análise política.
Que Calheiros queira salvar a pele chamuscadíssima, é humano. Mas poderia ao menos ter algum decoro ao fazê-lo.

*

O senador Renan Calheiros se supera a cada dia: mentiras, conspirações, hipocrisia,... o que falta mais ele dizer?!
Já passou da hora dele sair de cena, mas falta-lhe dignidade para isso.
Envergonha o Senado Federal, envergonha seus eleitores e envergonha, principalmente, o Brasil.

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